19.2.16

Analisando a música: Don't Wanna Fight (Alabama Shakes)

O Grammy desse ano foi bem sem graça. Na verdade nem assisti inteiro, mas cheguei a ver a homenagem da Lady Gaga para o David Bowie - que, tirando uns dançarinos, foi muito boa. (Se alguém bebeu direto da fonte do Bowie essa foi a Lady Gaga)

A gravação do ano foi a divertida e super dançante Uptown Funk. A Taylor SwiftZzzzzzz levou melhor album do ano com seu 1989, do qual só conheço Bad Blood. A música do ano (ainda não sei qual a diferença de categoria entre gravação e música) foi Thinking Out Loud do Ed Sheeran. The Weekend foi o queridinho de Contemporary Urban (nunca entendi essa categoria). O Kendrick Lamar varreu a categoria Rap e levou um bocado de Grammys para casa. Até o Justin Bieber ganhou um e nem foi com Sorry, foi com Where Are Ü Now junto com os DJs Skrillex e Diplo (categoria Dance).

Na categoria Rock a banda Alabama Shakes levou melhor performance e melhor música com Don't Wanna Fight; e na categoria Alternativa levou melhor album com o ótimo The Sound and Color, segundo album da banda.

Conheço o Alabama Shakes desde 2013 quando vieram para o Lollapalooza e gostei demais do show deles (que vi na tv). O primeiro album deles é o Boys and Girls e tem uma música que gosto muito e foi o primeiro hit deles - Hold On, tem também On Your Way e Be Mine.

O som deles é um rock cru com blues e a voz da Brittany Howard é rasgada (ela dá uns gritos ótimos), meio Janis Joplin.

Há algum tempo estava com Hold On na lista de músicas para analisar mas vamos saber o que tem Don't Wanna Fight que deu a banda dois Grammys.

Essa música tem uma batida deliciosa, é um blues com funk americano, soul music. É uma música sobre esse estado de guerra que vivemos hoje, não só guerra de fato em alguns lugares mas também diferença de opiniões, luta para sobreviver, ou como disse a cantora da banda: "Uns matando os outros por causa de suposições ridículas."

My lines, your lines
Don't cross the lines
What you like, what I like
Why can't we both be right?
Attacking, defending
Until there's nothing left worth winning
Your pride, my pride
Don't waste my time

A música começa com a guitarra, aí entra a bateria, o baixo e com 40 segundos de música a Brittany dá um grito que começa contido, agudo, mas abre para começar a cantar a letra da música. É como se fosse um grito de: basta!
Então temos duas linhas, as minha se a sua e não devemos cruzá-las (o tal do o direito de um termina onde começa o do outro) Cada um no seu quadrado e porque não pode estar todo mundo certo? Let's agree to disagree.
Ataque, defesa, polarização, briga até não ter nada que vale a pena a vitória. "Cada um com seu orgulho então não me faça perder tempo."
#FicaDica para o pessoal que gosta de discutir no feissy.

I don't wanna fight no more

"Eu não quero mais brigar." E cansa mesmo toda essa discussão sem fim, essa guerra por coisas que poderiam ser resolvidas com bom senso.

Take from my hand
Put in your hands
The fruit of all my grief
Lying down ain't easy when
Everyone is pleasing
I can't get no relief

"Então passo das minhas mãos para as suas o fruto de toda minha aflição." Acho que aqui a letra muda um pouco para o conflito diário, então o fruto da aflição pode ser ela passando a culpa para outra pessoa. Colocar a cabeça no travesseiro não é fácil quando todos querem agradar. E pelo jeito passar a culpa para outro não alivia ninguém.

Living ain't no fun
The constant dedication
Keeping the water and power on
There ain't no money left
Why can't I catch my breath
I'm gonna work myself to death

"Viver não é divertido." A dedicação constante cansa. Uma estrofe com o copo meio vazio. Essa parte da música é sobre a peleja para sobreviver com um salário que não chega no fim do mês, que só dá para o básico e a pessoa se sente sufocada. "Vou trabalhar até morrer."

I don't wanna fight no more

E por isso ela não quer brigar mais. Chega de resistência e conflito. Enough. Cansou.

Mas Alabama Shakes não cansa de tocar não, please.

Tinha vontade de ver essa banda ao vivo e como Brittany e cia vão se apresentar no Circo Voador terei a chance. Alabama Shakes, nos vemos no Rio.



3 comentários:

  1. Engraçado que vi muitos sites populares (Letras.com, Vagalume) que transcreveram a letra da música como "my life / your life" mas ela canta "line" não é mesmo? Eu escuto a Brittany dizer line rsrs (Inclusive, Brittany <3 que molier)

    ResponderExcluir
  2. Oi Renata!

    Também vi que alguns sites colocavam my life/your life, mas escuto lines mesmo. E acho que faz mais sentido com o resto da música porque my life/your life é muito separatista e my lines/your lines ela está aberta ao convívio contanto que não passe certas linhas, afinal ela só não quer mais brigar.

    bjos!

    ResponderExcluir
  3. Com ctza, Kaká, e é menos clichê tbm. É algo sutil, mas muito importante: pedir que o outro respeite as "nossas linhas" não o expulsa de nossas vidas, apenas admite-se que vivamos bem, todos juntos, mas respeitando cada um os seus limites, seus espaços. Acho que traduzir "my life/your life" não respeita essa sutileza rsrs

    *Aguardando sua análise de Hold on (e pedindo pra vc fazer Future People tbm, se tiver de bobeira hehehe)

    ResponderExcluir