Faço parte de um clube do disco chamado Disclubinho. Todo mês um disco é sorteado, entre os sugeridos pelos membros do grupo, e no fim do mês nos reunimos para falar sobre esse disco. A pessoa teve a sugestão sorteada tem que apresentar o disco e artista. Já teve Clube da Esquina, Black Parade do My Chemical Romance, Trench do Twenty One Pilots, Ave Sangria do Ave Sangria e o mais recente foi Ray of Light da Madonna.
Na segunda parte do encontro cada um indica uma música (as vezes duas) que está escutando e é feita uma playlist.
É uma maneira de conhecer artistas, bandas e discos que eu talvez nunca fosse descobrir. E também ficar por dentro do que os jovens estão escutando.
No último encontro alguém sugeriu essa música da Raye e disse "Apenas escutem, não é nada do que o título sugere". Fiquei curiosa.
Raye é uma cantora e compositora britânica de 28 anos. Ela já compos músicas para Beyonce, Charlie XCX e John Legend. Raye lançou se primeiro disco em 2023 e já foi indicada para o Grammy de Best New Artist (em 2025). Não conhecia mas já escutei outras músicas dela e gostei muito, ela tem várias que são mais para um R&B e tem até rap.
Where Is My Husband é o primeiro single do próximo album da Raye que vai sair em algum momento do ano que vem (a Raye disse que o album ainda não está pronto). Ela cantou em Glastonbury e lançou oficialmente em 19 de setembro 2025. Já é um hit.
Vi um video dela cantando Where Is My Husband no Graham Norton com uma banda para lá de completa. Me lembrou muito as Supremes porque nessa música a Raye canta com outras duas moças com harmonias precisas e coreografias. Essa é uma música que gruda na sua cabeça instantaneamente.
Ela canta Where is My Husband numa velocidade intensa que só consigo entender bem o refrão, então decidi analisar a música para saber porque a Raye quer tanto saber onde está esse marido.
E se alguém mora em Fortaleza, ou estiver passeando por aqui, e quer participar do Disclubinho é só aparecer no dia do encontro.
Baby, where the hell is my husband? What is taking him so long to find me? Baby, where the hell is my lover? Getting down with another? Tell him, if you see him, baby He should holler
A música já começa com esse ótimo refrão que gruda na sua cabeça e na segunda vez que aparece você já canta junto. Não sei quem é Baby mas ela está perguntando "Onde diabos está o meu marido? Por que ele está demorando tanto para me encontrar?" É o que também queremos saber!
Baby pode ser um genérico querido. "Querido, onde está o meu amante? Está de chamego com outra (ou outro)?? Se você o ver manda ele dar um grito."
Então ela não sabe onde está o marido e não sabe se ele esta com outra pessoa. Sendo esse o refrão nós vamos seguir com esse mistério.
Why is this beautiful man waiting for me to get old? Why is he already testing my patience?
I only fear he's taking time with another woman that ain't me
While I've been reviewing applications
Wait til I get my hands on him, Imma tell him off too
For how long he kept me waiting, anticipating
Parying to the Lord to get him to my loving arms
And despite my frustrations
Então sabemos que esse é um homem bonito (por dentro e por fora?), mas porque ele está esperando ela envelhecer? Ou ela acha que vai envelhecer antes de encontrá-lo?
"Ele já está testando minha paciência." Como assim já está testando? Testando antes do que? E ela tem medo que ele está aproveitando o tempo com outra mulher que não é ela.
Pera aí. Então ele ainda não é o marido dela? Ela está procurando um marido? Plot twist!!
Por isso que ela fala que está analisando os apps, e diz que quando colocar as mãos nele vai dar uma bronca daquelas pelo tempo que a deixou esperando e na expectativa.
Calma amiga, para que tanta expectativa e ansiedade?
E ainda pede aos céus para colocar esse homem em seus braços e apesar das suas frustações....
He must need me, completely
How my heart yearns for him
Is he far away?
Is he okay?
This man is testing me
Help me, help me, help me, Lord
I need you to tell me
..."Ele tem que precisar de mim, completamente" Como assim? Você quer um cara dependente? Ela está muito ansiosa, o coração anseia por ele. Ela quer saber se ele está muito longe, se ele está bem. São muitas perguntas.
"Esse homem está me testando." Amiga, talvez ele esteja dando um recado, just saying. E aí ela apela para os céus e pede ajuda ao senhor, ela quer saber....
Baby, where the hell is my husband? What is taking him so long to find me? Baby, where the hell is my lover? Getting down with another? Tell him, if you see him, baby He should holler
"Onde diabos está o meu marido???" Ela está perguntando para qualquer pessoa/ser onde está esse homem e o que ele esta fazendo? Por que ainda não a encontrou? Ansiedade nível hard. Se alguém encontrar esse homem vai dizer para ele fugir e não gritar.
I'm doing lonely acrobatics, unzipping my dress at 2 AM and I'm tired of living like this He must be busy getting ready, tryingto fix up his tie Helllo? This is where your wife is Wait till I get your heart going, Imma turn it up too for how much I'm about to love ya, no one above ya Praying to the Lord to hurry hurry you along Baby I intend to rush ya
Então ela está sozinha fazendo acrobacias para tirar o vestido as 2 da madrugada e está cansada de viver assim (esticando o braço para tentar alcançar o ziper). Ela acha que esse homem imaginário está ocupado se arrumando, colocando a gravata, "Oi? É aqui que está sua esposa!". E ela faz algumas promessas ou ameaças, depende do ponto de vista: vai acelerar o coração dele, vai amar tanto esse homem que não vai ter ninguém acima dele. Apenas o desespero falando. E aí reza para o Senhor agilizar esse encontro e ela tem intenção de apressar tudo.
He must need me, completely
How my heart yearns for him
Is he far away?
Is he okay?
This man is testing me
Help me, help me, help me, Lord
I need you to tell me
Baby, where the hell is my husband? What is taking him so long to find me? Baby, where the hell is my lover? Getting down with another? Tell him, if you see him, baby He should holler
O refrão com as duas partes. A parte possessiva (ele tem que precisar dela, completamente) e a parte desesperada (onde diabos está o meu marido??).
Tell him I'm mmm, tell him I'm with the mmm
Tell him I'm kind
Tell him I'm 5'5
Tell him I've got brown eyes and a growing fear that, if he doesn't find me now, I'm gonna die alone, so can he?
I want it, I want it, I want it
"Fala pra ele que eu mmmmmmm (18+), que sou gentil, que tenho 1,67m e olhos castanhos". Porém o mais importante é ele saber que se ele não a encontrar agora ela vai morrer sozinha.
Ela quer quer quer. O que ela quer tanto? Um marido? Não é amor que ela procura.
I would like a ring, I would like a ring
I would like a diamond ring on my wedding finger
I would like a big and shiny diamond that I could wave around and talk about it
And when the day is here, forgive me God, that I could ever doubt it
Until death, I do, I do, I do
Nesse ponto da música foi que entendi o porque dela cantar tão rápido com tanta urgência, e é GENIAL!
É uma tradução da ansiedade que as mulheres sentem, pressionadas pela sociedade, de ter que encontrar um marido, casar, ter filhos, etc, ainda mais quando chega numa certa idade. A busca de um marido a qualquer preço. Ela fala que quer o anel de diamantes para mostrar e falar sobre, é isso que importa. "Migas, olha aqui o anel, vou casar!'. Se esse vai ser um bom casamento não importa. 2025 e as mulheres ainda estão se sentindo pressionadas pela sociedade para achar um marido.
This mas is testing me
Helpme, help me, help me Lord
I need you to tell me
Então ela joga a frustração que sente por não conseguir uma coisa imposta pela sociedade nesse homem fictício.
No video oficial ela fica buscando esse homem que nunca alcança e quando ela canta essa parte aparece um homem segurando um cartaz que diz: Find yourself and love will find you. Ou seja: se encontre que o amor chega até você.
Baby, where the hell is my husband? What is taking him so long to find me? Baby, where the hell is my lover? Getting down with another? Tell him that my Grandma said it
Tell him grandma said it
'Your husband is coming"
É interessante ela pedir para dizer para ele que a Vózinha disse que "Seu marido está vindo", porque se a vó disse é porque tem que acontecer. (Curiosidade: é a própria avó da Raye que fala essa frase)
I would like a ring, I would like a diamond ring on my wedding finger, I would like a big and shiny diamond
Where is my husband?
Se você quer tanto um anel de diamante, compra um. Vai ser mais fácil (e melhor) do que achar esse marido.
Caught Stealing- Ladrões - O novo filme do Darren Aronovsky é uma galhofa divertida e muito diferente dos filmes que ele fez anteriormente (Requiem para um Sonho, Cisne Negro, Mother). Hank é um cara bacana, trabalha de barman, tem uma namorada que é enfermeira e vive tranquilo em NYC. Acontece que ele tem um vizinho maluco, um punk inglês, que precisa viajar para Londres e deixa Hank responsável pelo seu gato. O que Hank não sabe é que tem uns mafiosos atrás do punk por conta de uma grana. O Hank apanha muito, perde um rim e se mete em muitas confusões (e tragédias) para entender o que está acontecendo.
Highest 2 Lowest - Luta de Classes - Spike Lee está de volta com essa adaptação do filme High Low do Kurosawa. Aqui o Denzel Washington é David King, o dono de um selo de discos que está passando por um período difícil e ele precisa de uma grana para investir nos negócios. Seu filho é sequestrado e o sequestrador ameaça matá-lo mas a gente logo descobre que quem foi sequestrado foi o filho do motorista do David. E aí o que o David tem que fazer? Salvar o filho do motorista? E a grana dos negócios? O filme do Kurozawa ainda é melhor, mas a adaptação ficou muito boa. Denzel Washington excelente, como sempre. APPLE TV+
Weapons - A Hora do Mal - um filme para ficar tenso e pular da cadeira. Em uma noite 17 crianças saem correndo de casa de madrugada e somem. Todas estudavam na mesma turma e só um menino não sumiu. A comunidade logo acusa a professora mas será que ela é culpada? O que aconteceu com essas crianças?
All Of You - Por Inteiro - Simon e Laura são amigos desde a faculdade, muito amigos. Um dia ela resolve fazer o teste para descobrir quem é sua alma gêmea e ela descobre que é um rapaz chamado Lukas. Laura e Lukas se casam e Simon sempre está ali por perto e eles sempre se veem. Até que um dia eles ultrapassam a linha da amizade. É um filme cheio de intimidade. APPLE TV+
Love Me - A humanidade kaput e a única coisa que resta são dados e videos do que um dia viveu na terra. Um satélite (I am) e uma bóia (Me) começam a se comunicar e a viver uma vida virtual como um casal. Essa foi a premissa mais loka de filme que vi esse ano e até que funciona. As IAs vão aprendendo com o tempo e assimilando comportamentos baseados em uma séries de videos que encontraram online.
Thunderbolts - Estou com uma preguiça de filmes da Marvel e acho que já deu mas acabei vendo esse que pega os anti-heróis e formam um time para liar com um vilão que domina as mentes e se aproveita da depressão alheia. Disney+
Apocalipse nos Trópicos - Petra Costa passou um bom tempo com o Silas Malafaia e mostra o crescimento (e o perigo) dessa vertente politico-religiosa no Brasil. O assunto é bom, importante, mas não gosto da narração blasé dela. NETFLIX
Leave One Day - Filme francês sobre uma chef de cozinha que está prestes a abrir seu restaurante em Paris e tem que voltar sua cidade natal porque o pai está doente. Lá ela reencontra alguns amigos e o crush da adolescência e começa rever alguns conceitos. E é um musical. Daqueles que as pessoas cantam do nada, na verdade falam cantando já que falta ritmo e melodia as músicas. Quando não cantam o filme é melhor.
In The Nguyen Kitchen - outro filme francês que também é um musical (o que aconteceu com os franceses para fazer tantos musicais??), mas aqui a parte musical faz sentido porque Yvonne é uma atriz de musicais, ou pelo menos ela quer ser uma atriz de musicais. Yvonne é filha de imigrantes vietnamitas, sua mãe tem um restaurante e quer que Yvonne trabalhe com ela e arranje um marido. Yvonne está na luta para conseguir um papel num musical de um diretor conhecido. Achei divertido.
The Penguin Lessons - filme baseado na história real de um professor de inglês britânico de uma escola interna para garotos na Argentina durante o período da ditadura. O pinguim do título é um que o professor encontrou sujo de óleo numa praia do Uruguai, o salvou e levou de volta para a escola. Duvidei dessa história até que no fim mostraram pedaços de um filme que fizeram do pinguim nadando na piscina da escola.
Séries
K-Poped - um reality onde artistas ocidentais levam seus hits para virarem versões de k-pop. Basicamente é colocar uma batida mais acelerada e meter um bando de dançarinos e coreografias nas apresentações. Tem uma batalha entre as músicas e o público escolhe a melhor. Achei que "Can't Get You out Of My Head" da Kylie Minogue ficou ótima, inclusive a Kylie arrasou no palco. Duas das Spice Girls foram e apresentaram duas músicas. Fiquei surpresa com o Vanilla Ice que levou tudo muito a sério e o Boy George até cantou em coreano. APPLE TV+
The Girlfriend - Cherry e Daniel se conhecem, se apaixonam e ele a leva para conhecer sua mãe Laura. Desde o início a gente já sabe que Laura e Daniel tem aquela relação bem próxima, basicamente Daniel é filhinho da mamãe. Daniel é de uma família muito rica e Cherry se vira nos 30 como corretora de imóveis. Desde o início Laura trata Cherry com desdém e Cherry reage como pode e talvez como não deveria. Essa relação vai de mal a pior e a gente fica sem saber se torce pela Cherry ou pela Laura ou que as duas se matem. PRIME VIDEO
AKA Charlie Sheen - O Charlie Sheen é bem honesto nessa série de dois episódios que conta a sua história. A produção usa pedaços dos filmes e séries que ele fez para ilustrar muito do que ele conta. Charlie usou MUITAS drogas, é inacreditável que ele esteja vivo porque as quantidades deixaram até o traficante dele impressionado. Ao mesmo tempo ele é um cara de muita sorte, não deixou de ter trabalho nem quando estava por baixo e sua persona o manteve por muitos anos em Two and a Half Men. NETFLIX
Love Con Revenge - Uma das mulheres enganadas pelo Golpista do Tinder resolveu se juntar com uma detetive particular e resolver os problemas de outras mulheres (e um homem) enganadas por golpistas. A policia nunca faz nada então elas juntam provas e outras mulheres enganadas e fazem com que a coisa ande e o golpistas paguem pelo que fizeram. NETFLIX
The Paper - o pessoal que filmou de The Office resolveu fazer outro "documentário" e dessa vez estão em um jornal local bem pequeno na cidade de Toledo. Já vi 4 episódios e dei zero risadas. Tem muito atores bons mas ainda não engatou. Mas darei mais uma chance porque tanto The Office quando Parks and Rec, duas séries que adorei, só engataram na segunda temporada. HBO
Novela Coreana
Bon Appetit Vossa Majestade - Ji Yeong é uma chef premiada e ela está voltando da França com um livro da era Joseon que seu pai pediu para ela trazer. No voo ela abre na primeira página e lê o que está escrito ao mesmo tempo que tem uma eclipse lunar e PAH! ela volta no tempo uns 500 anos e cai bem no meio da era Joseon. JiYeong dá de cara com o Rei que joga longe sua bolsa com o celular e o tal livro.
Algumas brigas e um bibimpap depois o Rei decide fazer JiYeong a cozinheira real e ela não decepciona fazendo pratos coreanos com técnicas modernas e francesas ou pratos franceses adaptados para cozinha coreana. Cada vez que o Rei coloca a comida na boca é uma explosão de sabores e JiYeong literalmente conquista o Rei pela barriga.
Tem todo um plot de pessoas que querem derrubar o Rei e até uns cozinheiros chineses que aparecem. Essa novela tinha tudo para eu não gostar: nunca vejo as novelas que passa na era Joseon porque não gosto da estética e gosto menos ainda de séries sobre cozinheiros que ficam mostrando a tensão da cozinha MAS achei essa série fofa, o casal tem uma boa química, e me deu vontade de comer várias coisas (principalmente os macarons psicodélicos). NETFLIX
Ia colocar esse filme na lista de coisas que assisti no mês mas acho que merece um post próprio.
Paul Thomas Anderson, PTA para os íntimos, é um dos melhores diretores em atividade. Ele surgiu nos anos 1996 com Jogada de Risco (Hard Eight) mas ficou conhecido mesmo com Boogie Nights de 1997. Em 1999 ele reuniu um baita elenco e fez o ótimo Magnólia.
Gosto de todos os filme dele. Sangue Negro é uma obra prima, Punch Drunk Love traz um Adam Sandler dramático, Trama Fantasma é chique, O Mestre desenha como seitas funcionam, Licorice Pizza tem a urgência da juventude e Vício Inerente é o que menos gosto, não entendi muito bem esse filme.
Fui para o cinema ver Uma Batalha Após a Outra sem nem ter visto o trailer. Não sabia do que se tratava, só sabia que tinha Leo DiCaprio e pensei que essa dupla Leo e PTA não podia dar errado.
Deu certíssimo. O filme é excelente e surpreendentemente atual. Tão atual que aprece que filmaram semana passada.
A história é sobre um grupo revolucionário (que ajuda imigrantes) que é pego e separado. O Bob (Leo DiCaprio) tem que fugir com sua filha Willa (Chase Infiniti) ainda bebê. O tempo passa e o Coronel Lockjaw (Sean Penn) os encontra e os persegue.
Mais não conto. É um filme com mais de 2 horas que passa rápido com muitas referências. Tem a melhor perseguição de carro do ano e uma trilha sonora arrasadora do Johnny Greenwood.
Os atores estão todos excelentes. Leo DiCaprio fazendo um tipo The Dude paranóico, Sean Penn até lambe o cabelo, a Chase Infiniti tem uma atuação minimalista que fala com os olhos, Teyana Taylor já diz tudo nos primeiros segundos de filme, e Benicio Del Toro faz um dos meus personagens favoritos do ano: o Sensei, um cara para lá de cool que é professor de caratê da Willa.
É um filme sobre pais e filhas, como as coisas na vida são cíclicas, a herança genética, o ambiente, as amizades e como, apesar de tudo, a esperança resiste e uma nova batalha começa. Viva la revolucion! (solta o tapete)
A Tia Helô ficaria muito tensa com esse filme mas tem freiras (mesmo que algumas sejam fakes): 624 "Ai, Jesus!" para Uma Batalha Após a Outra.
É a primeira vez que Paris aparece aqui no blog em viagens. Não foi a primeira vez que fui a cidade luz mas a última vez que estive lá foi na era pré-blog, há mais de 20 anos, literalmente no século passado.
Nas duas últimas viagens a Ásia (Coréia do Sul e Japão) fui via Paris (que tem voo direto de Fortaleza) mas não saí do aeroporto. Dessa vez decidi passar uns dias antes de depois de viajar pela Islândia.
Paris é uma cidade muito bonita. Fato. Habita o inconsciente (e consciente) coletivo como cidade romântica, de casais, do amor, do glamour, do luxo. A uniformidade dos prédios da área central de Paris, que foi copiado por várias outras cidades no início do século 20, é agradável aos olhos e familiar. A noite Paris fica ainda mais bonita, a iluminação indireta e amarelada fazem com que você queira passear mais pela cidade.
Peguei dias bons, com temperaturas agradáveis mas com muita chuva no fim do dia. Depois peguei um dia de muito calor seguido de muita chuva e a volta das temperaturas agradáveis.
Como fazia muito tempo que não ia a Paris decidi ficar em duas partes da cidade.
Na ida fiquei perto da Sorbonne, do lado esquerdo do Rio Sena, perto do Quartier Latin e do Jardim de Luxemburgo. É uma área boa para quem gosta de andar por perto dos ícones da cidade.
Para fazer um roteiro por Paris usei cenas de dois filmes que me fizeram ter vontade de voltar a cidade: Missão Impossível Fallout e John Wick 4. Também passei por alguns lugares de Antes do Por do Sol.
Na área central fui dar uma alô para Torre Eiffeil (de dia e de noite), que acho impressionante, e fui a alguns lugares que ainda não conhecia como a Fundação Louis Vitton, o maravilhoso museu D'Orsay, a Ópera de Paris o Petit e Grand Palais, as árvores simétricas do jardim do Palais Royal e o Palais de Tokyo.
fundação louis vitton
opera por dentro
Subi as intermináveis escadas da estação de metrô Abesses, andei por Monmattre só para depois subir mais escadas até a Sacre Coeur para ver Paris do alto.
Passei pelo Jardim Tuileries com a pira olímpica e pelas pirâmides do Louvre a noite. Andei muito na beira do Rio Sena e fiscalizei a obra da Notre Dame.
Conheci Bercy, um bairro mais a leste que era o principal ponto de comércio de vinho e hoje tem muitos restaurantes e lojinhas nos lugares onde eram os armazéns. Ali também fica a impressionante Biblioteca Nacional da França e também onde tem as piscinas para os corajosos nadarem no Rio Sena.
biblioteca nacional da frança
bercy
você nadaria nas águas do sena?
Em Bercy, dentro do parque, fica a Cinemateca que tem uma exposição muito boa sobre o Georges Mélies, o pai dos efeitos especiais cinematográficos e precursor de videos do tik tok.
O apartamento da Emily in Paris ficava bem perto do hotel e passei lá para ver que existem vários tours das locações da série e muita gente tirando foto na frente do restaurante do Gabriel.
Na volta da Islândia fiquei no 11º Arrondissement, do lado direito do Rio Sena. Escolhi essa área por ser onde os jovens parisienses estão andando, é um pouco hipster. É entre o Canal San Martin e Belleville e nunca tinha andado nessa área de Paris. Tem muitos restaurantes variados, bares bacanas, festinhas alternativas. É uma outra face de Paris que não conhecia.
Belleville era um bairro de operários e hoje é um bairro de imigrantes com muita arte de rua. Foi onde Edith Piaf nasceu. No alto do bairro tem um parque com vistas boas de Paris e da Torre Eiffel.
belleville com chuva
Andei de lá para outro parque, o Buttes Chaumont que estava com cores lindas do outono. Esse parque tem uma parte que foi construída pelo Haussmann (mesmo responsável pela Paris uniforme) que tem um penhasco fake para parecer os penhascos da Normandia. Tem até uma cachoeira e estava muito florido.
Andei no Canal Saint Martin com suas eclusas e pontes fofas.
O 11º Arrondissement é bem perto do Marais, um bairro que contém boa parte do burburinho da cidade e lojinhas. Lá fui no museu Carnavalet que é sobre a cidade de Paris e fica num palácio pequeno mas muito bonito.
vai fechar por 5 anos para reforma
Saindo do museu peguei uma festa de ciclistas com DJ e tudo passando pelas ruas do bairro. Aliás, gostei de ver que Paris fechou algumas ruas para carros e tem muitas bicicletas circulando. Mas MUITA atenção quando for atravessar a rua porque os carros param no sinal mas as bicicletas são vida loka.
Me entupi de croissants e moelleux au chocolat, algumas baguetes, chocolate quente, quiches, crepes e tudo que a culinária francesa oferece de melhor e com manteiga. Comi comida vietnamita, que adoro, e em Paris tem muito.
Para não dizer que não falei do transporte público, usei o trem e metrô. Paris é uma cidade para andar a pé, mas para encurtar algumas distâncias o transporte público ajuda muito. Peguei o cartão Navigo no iPhone que facilita muito comprar os passes. Usei o app da RATP para saber o que estava funcionando (nas duas vezes que tinha que ir para o aeroporto o trem não estava funcionando por causa de reformas nos trilhos). No app da RATP também dá para comprar os passes.
Diferente dos outros cartões de transporte público (Suica no Japão, T-Money na Coreia e o Oyster de Londres) que você carrega com dinheiro e vai gastando, o Navigo você compra os passes individualmente. Exemplo; vai pegar o metrô? Compra o passe metrô-trem. Mas se você vai pegar o ônibus é outro passe. Se você vem ou vai para o aeroporto é outro passe. Os franceses não facilitam mas já é bem melhor do que era antigamente, no século passado.
Existem os passes diários e semanais mas não compensa para quem, como eu, vai passar pouco tempo na cidade e anda MUITO a pé.
O parisiense é muito "sem tempo irmão". Não são grossos, mas também não são um poço de simpatia. Conversei com alguns locais e sempre que precisava de alguma ajuda eram solicitos.
Os franceses estão falando bem mais inglês do que da última vez que estive em Paris. Eu entendo bem francês e falo o suficiente para me virar mas muitas vezes recebi respostas diretas em inglês. O importante é sempre dar bonjour, já é meio caminho andado para o parisiense ser mais tolerante.
E essa foi minha passagem por Paris. Não é uma das minhas cidades favoritas da Europa (unpopular opinion) mas da próxima vez que for fazer outra viagem que tenha que pegar esse voo posso pensar em ficar mais alguns dias em Paris.
Ver a aurora boreal não era uma coisa que estava na minha lista, nunca tive grandes vontades de ver, mas já que estava na Islândia e a aurora apareceu, eu vi.
No dia que fiz o passeio da Golden Circle tinha todo um burburinho no grupo sobre a aurora boreal aparecendo naquela noite. O guia disse que era quase certeza e que os tours para caçar a aurora iriam funcionar naquele dia. Então cheguei no hotel e decidi fazer o tour da caça a aurora boreal.
Sobre ver a aurora boreal: não é sempre que aparece, a aurora tem intensidades e as vezes as mais fracas são mais difíceis de ver, o céu tem que estar limpo e tem que estar escuro para ver melhor.
Nesse dia que fiz do tour para caçar a aurora boreal o céu na cidade estava meio nublado mas rodamos 45 minutos norte da cidade e estava mais limpo. O guia tem um aplicativo no celular que indica a atividade da aurora e ele fica se comunicando com os outros para saber onde dá pra ver. Aí ele para o carro no escuro, desce, tira uma foto do céu (porque a máquina vê melhor que o olho) e diz: "aqui tem aurora, vamos tirar umas fotos.".
Desci do carro e olhei pra cima. Só vi umas rajadas brancas que pra mim poderiam ser nuvens mas era a aurora boreal. Eu já sabia que não veria que aparece nas fotos mas foi meio sem graça.
Na terceira parada o olho já estava mais treinado e conseguia ver melhor mas ainda assim eram só rajadas brancas (o verde é a lente do celular que vê mais cor).
Mas as fotos tiradas com a máquina profissional do guia ficaram incríveis.
Dois dias depois estava na cidade e como tinha sido um dia de céu azul bem limpo fui até a beira mar de Reykjavik, na escultura do barco viking, para ver se a aurora ia aparecer. E ela apareceu. Bem mais forte do que tinha visto no primeiro dia. Ainda só uma rajada branca mas dava para ver melhor.
dá pra ver um pouquinho de verde atrás
Teve um momento que deu para ver um pouco do verde e um pouco de roxo mas é menos intenso do que nas fotos.
essa deu para ver melhor a olho nu
A experiência de ver a aurora boreal foi interessante, é um fenômeno diferente e acredito que mais ao norte e com menos luzes em volta dê para ver com mais intensidade e mais cores. Vi tá visto, mas se ela aparecer em algum outro lugar em que estiver darei um oi. :)