Vou começar o ano com um analisando a música que é a categoria mais popular do blog e não fiz nenhuma vez em 2024 (a última vez foi em julho de 2023). Então, talvez uma resolução de ano novo para 2025 seja fazer mais analisando a música.
Decidi começar com essa música da Billie Eilish porque foi a mais tocada no Spotify em 2024 e está concorrendo a uma penca de Grammys: música do ano, gravação do ano (não me perguntem a diferença), melhor performance solo pop, melhor album do ano e melhor album vocal pop.
E também porque foi a primeira música da Billie Eilish que não me deu sono e até coloquei na playlist do ano.
A Billie Eilish tem uma voz muito bonita. Fato. E tem músicas muito boas que ela compõe com o irmão Finneas.
Porém acho tudo muito sonolento.
Bad Guy acho ok tem uma batida boa. Happier Than Ever é puro sonífero. Ocean EyeZzzzzzz.
A música do 007 No Time to Die é meio qualquer coisa. A música dela no filme da Barbie, What Was I Made For, é para emocionar mas não é a melhor do filme (vamos que combinar que é I'm Just Ken). Billie Eilish ganhou Oscar, Globo de Ouro e Grammy com essas duas músicas.
O estilo dela pra mim é mellow pop mas colocam ela até na categoria rock de vez em quando.
Quando ela lançou esse último album, Hit Me Hard And Soft, meu amigo disse para escutar que eu ia gostar, que estava cheio de músicas animadas. Fui para caminhada pronta para andar rapidinho com as músicas da Billie Eilish. Me senti enganada. Sim, tem músicas muito boas, algumas com mais batida, mas, pra mim, a maioria é música de fundo de cafeteria instagramável.
Acontece que gostei muito de Birds Of A Feather, que ficou dividindo espaço na minha cabeça com APT da Rosé com Bruno Mars por um bom tempo.
Billie Eilish diz que a música que ela faz é para quem escuta, que não importa sobre o que ela escreveu, quem escuta é que decide o que significa.
Então vamos saber o que Billie Eilish quer dizer com essa música que tem um título que vem da expressão "Birds of a feather flock together" que posso traduzir popularmente como: farinha do mesmo saco, mas assim me adianto na análise.
A música tem uma batida soft e a voz aveludada da Billie Eilish deixa tudo leve, mas o que será que esses pássaros da mesma pena estão aprontando?
I want you to stay
'Til I'm in the grave
'Til I rot away, dead and buried
'Til I'm in the casket you carry
If you go I'm going too
'Cause it was always you
And if I'm turning blue, please don't save me
Nothing left to lose without my baby
Acho que temos uma música fim de relacionamento, ou um relacionamento tóxico porque na segunda linha já tem a palavra túmulo.
Começa dizendo que ela quer que a pessoa amada fique com ela até ela estar no túmulo, apodrecida, morta e enterrada no caixão que a pessoa vai carregar. OU seja "Quero que você fique comigo até depois do fim". Era para ser romântico ou um até que a morte nos separe? Senti um pouco de rancor aí hein?
"Se você for eu vou também". Medo. Acho que ela está sendo abandonada mas não quer que a pessoa amada vá embora. E aqui temos uma frase com dois sentidos: And if I'm turning blue. Blue aqui pode ser de tristeza ou de estar ficando azul de sufocada. Nenhum dos sentidos termina bem porque ela não quer ser salva. Ela não tem mais nada a perder.
Depois de fazer vários desses posts sempre acho interessante ver que tem músicas que são compostas em minutos, horas, dias, meses e até anos.
Birds of a feather, we should stick together, I know
I said that I'd never think that I wasn't better alone
Can't change the weather
Might not be forever
But if it's forever, it's even better
"Nós somos farinha do mesmo saco e devemos ficar juntos". Falei que era um relacionamento tóxico.
Ela não pode mudar o tempo, ou prever o futuro, e pode não ser que o relacionamento seja para sempre mas se for, melhor.
And I don't know what I'm crying for
I don't think I could love you more
It might not be long, but baby I
Ela esta triste, chorando. "Não acho que poderia te amar mais. Pode não demorar muito mas, baby, eu...."
I'll love you 'til the day that I die
'Til the day that I die
'Til the light leaves my eyes
'Til the day that I die
"Te amarei até o dia em que eu morrer, até a luz abandonar meus olhos". PAH!
Billie diz no video do youtube que inicialmente odiou a música (ou essa parte) e cantou "'Til the day that I die" de forma bem dramática, gutural. Ainda bem que ela resolveu deixar mais leve, solta e cheia de harmonias sincronizadas.
I want you to see
How you look to me
You wouldn't believe if I told ya
You would keep the compliments I throw ya
But you're so full of shit
Tell me it's a bit
Say you don't see it, your mind is polluted
Say you wanna quit, don't be stupid
Aqui Billie fica fofa e diz para a pessoa amada:
Quero que você veja como eu te vejo. Você não iria acreditar se eu só te contasse, e você ficaria com os elogios que eu te faço (e não descartá-los).
Mas você só fala merda. (OU é um mentiroso, ou não leva a sério)
Me diz que isso é uma brincadeira (que você não sabe o quanto você é especial)
Você diz que você não vê, que sua mente está poluída
Você diz que quer desistir, não seja burro.
And I don't know what I'm crying for
I don't think I could love you more
It might not be long, but baby I
Don't wanna say goodbye
Aqui ela repete o refrão mas termina dizendo que não quer dizer adeus.
Birds of a feather, we should stick together, I know
I said that I'd never think that I wasn't better alone
Can't change the weather
Might not be forever
But if it's forever, it's even better
Birds of a feather flock together é uma expressão que significa que pessoas iguais andam juntas. Os pássaros vem da mesma pena. Na música muda um pouco dizendo que Birds of a feather SHOULD stick together, ou seja deveriam ficar juntos.
Em umas das traduções que vi para Birds Of A Feather estava: Metades De Uma Laranja. Já estou prevendo uma versão em forró com esse título.
I knew you in another life
You had that same look in your eyes
I love you, don't act so surprised
E a música termina com ela dizendo que conhecia a pessoa amada de outra vida, e que tinha o mesmo olhar. "Eu te amo, não finja tanta surpresa.".
No video a Billie Eilish parece estar sendo puxada e arrastada por um fantasma.
Talvez teria sido melhor começar o ano analisando APT.
Semana passada terminei de ler Crying in H Mart (em portugês saiu como: Aos Prantos No Mercado) da Michelle Zauner. Esse livro estava na minha lista fazia tempo mas foi só quando escutei uma entrevista da Michelle Zauner em um podcast que fiquei mais interessada. A Michelle Zauner é vocalista e guitarrista da banda indie pop americana Japanese Breakfast que conheci pelo terceiro disco, Jubilee, lançado em 2021 com a música analisada da vez Be Sweet.
A Michelle Zauner é filha de mãe coreana e pai americano e nasceu em Seoul. No livro ela conta boa parte da sua vida, como ela se sentia deslocada na escola nos EUA, como ela foi morar na Filadélfia e formou a primeira banda depois da faculdade e como ela conheceu o namorado (depois marido) Peter. Mas o livro é mesmo sobre a relação da Michelle com sua mãe e principalmente com comida. Os coreanos falam a linguagem do amor através da comida, cada ocasião tem um prato especial e a primeira coisa que um amigo coreano vai te perguntar é se você já comeu. Tem muita descrição das comidas coreanas nesse livro, me deu até fome. Quando a Michelle Zauner tinha 25 anos sua mãe ficou doente e depois faleceu.
Foi depois da morte da mãe que Michelle Zauner juntou uns amigos e resolveu gravar umas músicas. Daí saiu o primeiro disco da Japanese Breakfast: Psychopomp (de 2016). A capa desse disco é uma foto da mãe dela e em uma das músicas tem uma introdução que é a voz da mãe dela falando uma mensagem meio em coreano meio em inglês. Foi uma boa estréia que a levou a fazer shows pelos USA, Europa e Asia. O livro termina com ela fazendo um show em Seoul.
Só fui escutar esse primeiro disco depois que li o livro e dá para sentir o peso do luto apesar das músicas terem uma vibe pop. O segundo disco, Soft Sounds From Another Planet (2018), tem um som mais experimental. Mas eu gosto mesmo é do Jubilee, é um disco mais leve, e por isso escolhi analisar o que acho que é o maior hit da banda até agora.
A banda usa muitos elementos que poderiam estar em músicas dos anos 1980 e acho que por isso Be Sweet me pareceu uma música conhecida. A Michelle Zauner disse que já tinha trabalhado o seu luto com os discos anteriores e estava pronta para celebrar apenas sentir. Ela disse que mirou em Kate Bush e Björk para fazer um disco "Teatral, ambicioso, musical e surreal". Michelle Zauner diz que tenta se manter "extremely weird" (extremamente esquisita? excentrica?) conciliando com sua persona pop star.
Mas vamos saber o que diz Be Sweet com sua batida pop e refrão que gruda na cabeça.
Essa é uma música que a Michelle Zauner compôs em conjunto com Jack Tatum da banda Wild Nothing. Os dois decidiram compor uma música pop sem ter ninguém em mente e não era para nenhum dos dois. Mas Michelle Zauner disse que assim que a música tomou forma ela amou e decidiu gravar. Segundo ela: "Acho que a distância de compor para 'outra pessoa' me permitiu essa persona de uma mulher da noite irreverente dos anos 1980, parece um pouco Madonna.". Então aqui temos uma música com uma batida pop interessante que remete aos anos 1980 mas ao mesmo tempo é contemporânea.
Tell the men I'm coming
Tell them to count the days
I can feel the night passing by
Like a mistake waiting for me
Caught up in my feelings, overthink the truth
Fantasize you've left me behind
And I'm turned back running to you
Com essa persona da mulher da noite irreverente em mente, ela começa dizendo que "Avisa aos homens que estou chegando." Eles podem começar a fazer a contagem regressiva. (aqui ja imaginei a Madonna no video de Material Girl que ela imita a Marylin Monroe).
Mas ela diz que sente que a noite está passando por ela como um erro que a está esperando.
Talvez ela tenha brigado/terminado com o namorado e decidiu sair na noite mas se arrependeu.
Aí ela diz que está apegada a seus sentimentos e está pensando demais na verdade.
E fantasia que ele a deixou para trás e que ela voltou correndo para ele.
Make it up to me, you know it's better
Make it up to me, you know it's better
Não sei o que ele fez mas ela não está correndo de volta a toa, ela diz que "é melhor você fazer as pazes comigo". Acertar as contas.
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe (be sweet)
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe in something
O refrão que gruda na sua cabeça.
Não só fazer as pazes mas também ser doce, ser um cara legal. Ela quer acreditar nele, ela quer acreditar em alguma coisa.
So come and get you woman
Pacify her rage
Take the time to undo your lies
Make it up once more with feeling
Recognize your mistakes and I'll let you back in
Realize not too late, love you always
"Então venha e pegue sua mulher", pelo jeito ela relevou o que ele tenha feito. Só que ele vai ter que acalmar a raiva dela. Eita. Mas ela diz que ele pode ter calma para desfazer as mentiras e acertar as contas mais uma vez, com sentimento (acho que aqui tem um duplo sentido hein?).
"Reconheça seus erros e te recebo de volta. Mas não demore para perceber que te amo sempre".
Make it up to me, you know it's better
Make it up to me, you know it's better
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe (be sweet)
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe in something
Ou seja, brigaram, acabaram, não sei o que ele fez, ela o quer de volta mas ele vai ter que reconhecer seus erros. Acho justo. Seja doce.
O video é divertido, parece um CSI meio anos 1980.
E claro que a banda gravou a versão em coreano dessa música com a So!YoOn!. É ótima.
Essa semana terminei de ler o livro This Bird Has Flown que foi escrito pela Susanna Hoffs que é uma das vocalistas da The Bangles, uma banda que teve alguns hits na década de 1980.
Só conheço três musicas e acho que foram os maiores hits da banda: Walk Like An Egyptian é divertida e dançante (e tem um video ótimo), gosto muito de Manic Monday e acho Eternal Flame chatérrima.
O livro é um romance beira de piscina que conta a história de Jane, uma cantora/compositora, que aos 33 anos, depois de um fim de relacionamento, está morando com os pais e aceita cantar seu maior hit, de 10 anos atras, com playback de karaokê, numa festa de solteiro em Las Vegas. Aí a sua agente resolve mandá-la para Londres para ver se a criatividade volta e no voo para Inglaterra ela conhece um professor bonitão de literatura que dá aulas em Oxford, mas isso fica para o post sobre livros.
No meio da história ela faz muitas referências a filmes, a Jane Eyre da Charlotte Brönte, e a muitas músicas. São tantas músicas que as vezes dava impressão que ela escreveu uma passagem no livro só para poder colocar um trecho ou nome da música. A playlist que saiu desse livro é muito boa e já me deu idéia para outros analisando a música.
MAS o que me levou a esse analisando a música é que, no livro, o maior hit da Jane é o cover de uma música de um cantor chamado Jonesy. Claro que Jonesy é fictício e no mundo do livro ele é um gênio da música adorado por todos. Então lembrei que Manic Monday é uma música do Prince gravada pelas meninas da Bangles. A arte imita a vida.
Prince, que gostou muito da banda, ofereceu duas musicas para elas escolherem uma para gravar em seu segundo album: Manic Monday ou Jelous Girl. A banda escolheu Manic Monday e o resto é história. (A versão que o Prince gravou só apareceu em 2019). Em abril de 1986 a musica #1 das paradas era Kiss do Prince a #2 Manic Monday que ele compôs.
Inclusive fiquei sabendo que era uma composição do Prince muitos anos depois (assim como Nothing Compares 2 U). Só para constar, o Billie Joe Armstrong da Green Day também gravou essa música (o video tem a Susanna Hoffs tocando guitarra).
Muitas coisas da vida da Susanna Hoffs estão no livro, é só dar uma olhada rápida pela internet. Uma dessas coisas é quando Jane diz que aprendeu o sotaque cockney assistindo muito Austin Powers. Susanna Hoffs compôs musicas para o filme e apareceu como parte de uma banda do agente britânico mais sem vergonha das telas.
Mas vamos saber o que acontece na segunda-feira da música.
Six o'clock already I was just in the middle of a dream I was kissing Valentino by a crystal blue Italian stream But I can't be late 'Cause then I guess I just won't get paid These are the days When you wish your bed was already made
A música começa com ela dizendo "Seis da manhã já?" provavelmente com o alarme tocando. Ela estava sonhando que beijava o Valentino (Rudolph Valentino um ator de filmes de hollywood dos anos 1920) ao lado de um riozionho límpido na Itália. Já entendo a revolta dela em acordar tão cedo.
Ela não pode se atrasar ou então não vai receber o salário.
E diz que esses são os dias que ela gostaria que a cama já estivesse feita para não ter o trabalho, ou ter muito dinheiro para alguém fazer a sua cama.
It's just another manic Monday I wish it was Sunday 'Cause that's my fun day My "I don't have to run" day It's just another manic Monday
A segunda-feira não é um dia popular, as pessoas adoram odiar. O gato Garfield odeia segunda-feira. Em inglês, Monday vem de moon day, o dia da lua que vem depois do dia do sol, sun day. Tem muitas músicas que falam desse dia que é o menos querido da semana: I Don't Like Mondays (Boomtwon Rats), Rainy Days and Mondays (The Carpenters), e Monday Monday (Mamas and the Papas).
Eu gosto da segunda-feira. Just saying.
Mas a moça da música já acordou no susto e não pode chegar atrasada então ela chama o dia de segunda feira maniaca porque já sabe que vai ter pressa, agitação e frenesi. Ela gostaria que fosse domingo e aí vem umas rimas ótimas de Sunday com "fun day" e "run day". Domingo é o dia dela de diversão e o dia que ela não tem correria. Mas a segunda feira é maniaca.
Have to catch an early train
Got to be to work by nine
And if I had an aeroplane
I still couldn't make it on time
'Cause it takes me so long
Just to figure out what I'm gonna wear
Blame it on the train
But the boss is already there
Ela tem que pegar o trem cedo porque o trabalho começa as nove, e mesmo se tivesse um avião não chegaria a tempo. E explica o porque do atraso: demora para escolher o que vestir. Quem nunca? Ela nem pode dizer que o trem que atrasou porque o chefe já está lá. Lá onde? No trem ou no escritório? Será que o chefe pega o mesmo trem que ela e sabe se atrasou ou não? De todo jeito o trem não leva a culpa.
It's just another manic Monday I wish it was Sunday 'Cause that's my fun day My "I don't have to run" day It's just another manic Monday
Of all my nights Why did my lover have to pick last night To get down? Doesn't it matter That I have to feed both of us Employment's down He tells me in his bedroom voice C'mon honey let's go make some noise Time it goes so fast (When you're having fun)
Aí vem essa parte da música onde ficamos sabendo o motivo dela ter sonhado com beijo e ter acordado no susto com o despertador.
Que de todas as noites (sexta, sábado) o namorado/amante, aparentemente desempregado e que não tem que acordar cedo no dia seguinte, escolheu a noite de domingo para chamá-la para fazer um barulhinho bom. O boy até usou a bedroom voice, ou seja sensualizou a voz no convite. E ela gostou porque nem viu o tempo passar. Essa foi a parte fun do "fun day" do domingo dela. Acho justo.
It's just another manic Monday I wish it was Sunday 'Cause that's my fun day My "I don't have to run" day It's just another manic Monday
Mas a segunda-feira está aí, maníaca.
Minha dica é deixar a roupa do trabalho na segunda-feira já escolhida na sexta-feira em caso do namorado usar a voz do quarto no domingo a noite, assim talvez a segunda-feira também seja o "I don't have to run day".
Essa semana foi a vez dessa música tocar em vários lugares: no trailer da próxima série de suspense da Netflix, no episódio de Ted Lasso e em um filme que assisti.
Gosto muito dessa música. Gosto da introdução, do piano, do crescente, da voz do cantor (Tom Chaplin), mas nunca reparei na letra (só na parte do "somewhere only we know"). Pela melodia parece uma música sobre amantes, só não sei se início ou fim de relacionamento, mas isso deixo para a análise mais abaixo.
Keane é uma banda inglesa que surgiu no início dos anos 2000 junto com outras bandas com a letra K: Killers, Kasabian, Kings of Leon e Kaiser Chiefs.
Comprei o primeiro disco da Keane, Hopes and Fears (2004), que tem seu maior hit Somewhere Only We Know - a música analisada da vez, Everybody's Changing (primeiro hit), This is The Last Time e Bend and Break. É uma banda onde os dois instrumentos principais são: piano e bateria. É tudo muito melódico.
O album seguinte, Under The Iron Sea de 2006 (tem Is It Any Wonder? com mais guitarra e menos piano) também é bom e tem uma capa muito bonita. Depois veio Perfect Symmetry de 2008 que tem Spiralling e The Lovers Are Losing. Aí deixei o Keane de lado e só fui pegar outro disco deles para escutar em 2012, Strangeland, e achei ok, tem You Are Young. A banda se separou em 2013 (problemas do vocalista com drogas) e só voltaram 2018, lançaram um disco em 2019 mas esse ainda não escutei.
Vamos saber o que diz Somewhere Only We Know, música versátil que serve tanto para série de terror como para filmes e séries de comédia, teens e romance, e até propaganda de natal de loja inglesa.
I walked across an empty land I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete
Temos uma introdução com um piano e bateria cheio de emoção para logo depois deixar só o piano e voz.
O início da letra parece eu contando um sonho: andei por um lugar vazio num caminho que conhecia de cor, senti a terra sob meus pés, sentei na beira do rio e me senti completo.
Mas acho que é só a forma de dizer que chegou num lugar muito conhecido, onde esteve várias vezes e que é aconchegante.
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
(entra um pandeiro bem leve)
Ele quer saber onde foram as coisas simples? Está ficando velho e precisa de algo em que possa confiar porque geralmente com a idade cai o índice de aventura. E quer saber quando vai poder entrar.
Entrar onde? No lugar onde só eles conhecem? Ou é uma metáfora para que a outra pessoa diga logo o que tem para dizer.
Porque ele está cansado e precisa começar em algum lugar. Como diria outra música que analisei: cada começo vem do fim de outro começo. É preciso começar para terminar para começar.
I came across a fallen tree I felt the branches of it looking at me Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?
(entra bateria com um piano mais marcante)
No caminho ele encontrou uma árvore caída e sentiu que os galhos o encaravam. Acho que ele encontrou foi uns cogumelos nessa floresta.
E pergunta: "É esse o lugar que adorávamos? É esse o lugar com o que eu tenho sonhado?" Parece um pouco perdido mas acho que chegou no ponto de encontro.
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
Coisas simples, onde se esconderam? Estou envelhecendo a cada minuto que passa, estou cansado e a fila precisa andar.
And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know
This could be the end of everything
So why don't we go?
So why don't we go?
Somewhere only we know
A música cresce lindamente nessa parte, para cantar com todo ar do pulmão. É uma súplica que termina suavizada se transformando num pedido.
E chega de enrolação. "Se você tem um minuto vamos conversar num lugar onde só nós conhecemos." Já que pode ser o fim de tudo, pelo menos vamos estar num lugar agradável e confortável para ambos.
Do Tim Rice-Oxley, pianista da banda e compositor da música: "It's about being able to draw strength from a place or experience you've shared with someone."
No fim dessa segunda parte logo depois do "Somewhere only we know", a música fica quieta antes de voltar com tudo para repetir as duas estrofes mais uma vez.
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know
Somewhere only we know
A estrofe final começa forte mas termina delicada, um pedido suave para ir até aquele lugar especial, mesmo que seja para acabar tudo.
É uma música melancólica mas que de alguma forma deixa o coração quentinho. É boa para correr, ou para uma viagem de carro ou até um karaokê.
Esse clássico de 1984, que estava na trilha sonora de Footloose, já foi usada em várias séries, filmes, propagandas, realities, mas ultimamente está pipocando por aí outra vez. Fazia alguns anos que não escutava essa música aí só essa semana escutei no trailer do desenho novo do He-Man, em um episódio da série do Loki e até no trailer do jogo dos Guardiões das Galáxias. (coisas que aparecem no grupo dos geeks)
A minha confusão faz sentido porque todas foram compostas e produzidas pelo mesmo cara: Jim Steinman. Ele também compôs Total Eclipse of The Heart que já analisei aqui. Jim Steinman compôs várias músicas conhecidas da década de 1980 (e depois), além dessas tem algumas do Meatloaf, do Air Supply, e Celine Dion.
Holding Out For a Hero é daquelas músicas que toca e eu canto a letra inteira, até sei as partes da bateria imaginária mesmo depois de anos sem escutar. Quando Footloose saiu comprei o LP da trilha sonora e escutei direto. Essa música toca na parte do filme que o Ren vai numa disputa boba de tratores com o bully da cidade. Se vocês nunca viram Footloose, vejam. A versão original, de 1984, por favor. (A versão mais recente não é ruim, mas Kevin Bacon é Kevin Bacon e a trilha sonora original é bem melhor).
Ainda tenho LP mas não tenho mais um toca discos então fui no spotify e escutei Holding Out For A Hero com mais atenção e fones de ouvido muito bons. Porque mesmo escutando essa música quase que uma vida inteira, e saber a letra, nunca reparei o que a Bonnie Tyler estava dizendo de verdade. Para isso eu criei esse analisando a música, então vamos descobrir que herói é esse que ela tanto espera.
Essa é uma música deliciosamente exagerada, dramática, over the top.
Já peço desculpas pelos trocadilhos e duplos sentidos.
Where have all the good men gone
And where are all the gods?
Where's the streetwise Hercules to fight the rising odds?
Isn't there a white knight upon a fiery steed?
Late at night I toss and I turn
And I dream of what I need
Para começar, essa música tem um coro feminino que funciona como um coro grego reforçando os pedidos da Bonnie Tyler.
Ela quer saber onde estão os homens bons e onde estão os deuses? Já tenho uma dúvida: ela quer homem bom que também seja um deus OU ela quer saber onde estão os deuses que sumiram com os homens bons? Ou ela quer apenas um deus grego?
KD Hercules espertão (e fortão), que fez todos aqueles 12 trabalhos, para combater os desafios crescentes? Herói grego né?
"Onde está o cavaleiro branco montado em seu cavalo de fogo?" Conhecido como cavaleiro em seu cavalo branco. Por que o cavalo do herói é sempre branco? Anyway, ela canta fiery que é fogoso. Sei que ela se refere ao cavalo, mas quem sabe ela quer um cavaleiro fogoso, ou ela está fogosa, são muitas possibilidades nesse tom urgente da música.
A noite ela fica se revirando na cama e sonha com o que ela precisa. Quem nunca?
E do que ela precisa?
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
He's gotta be strong
And he's gotta be fast
And he's gotta be fresh from the fight
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the morning light
He's gotta be sure
And it's gotta be soon
And he's gotta be larger than life
Larger than life
(momento bateria imaginária!)
Ela precisa de um herói.
E ela vai esperar por um herói até o fim da noite. Por que noite? Herói de dia também resolve.
Temos uma checklist exigente do que ela quer nesse herói: força, rapidez, certeza, agilidade e que ele seja "larger than life", maior que a vida, que pode ser: extravagante, de uma importância descomunal ou extremamente carismático. Ou seja: difícil hein? Mas ela vai esperar até o amanhecer.
Ah, e ela quer que ele venha fresco da luta/batalha. Suando, cheiro de testosterona, disposto a lutar. (inserir emojis de foguinho)
Somewhere after midnight In my wildest fantasy
Somewhere just beyond my reach
There's someone reaching back for me
Racing on the thunder and rising with the heat
It's gonna take a Superman to sweep off my feet
Ali pela meia noite, em sua fantasia mais louca e selvagem, tem alguém a buscando que ela não consegue alcançar.
"Correndo no trovão e ascendendo com o calor." É o THOR. Acho mais do justa essa escolha de herói. Herói AND deus. Não tenho emojis com coração nos olhos (nem de foguinho) suficientes para o Thor.
E ela diz que tem que ser um Superman para conquistá-la. Te entendo Bonnie Tyler. Pode escolher, todas querem ser Lois Lane.
superman vintage
superman why so serious?
superman reloaded
superteen
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
He's gotta be strong
And he's gotta be fast
And he's gotta be fresh from the fight
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the morning light
He's gotta be sure
And it's gotta be soon
And he's gotta be larger than life
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
E continua esperando a noite toda, até o amanhecer por esse herói, com essa checklist impossível para um humano comum. Será que ele vai aparecer?
No início desse segundo refrão tem um teclado de fundo fazendo um som de mágica, ou de quem está sendo hipnotizado, é sutil mas está lá. E no fim tem mais momento bateria imaginária, preparem os braços.
Up where the mountains meet the heavens above
Out where the lightning splits the sea
I could swear there is someone, somewhere
Watching me
Through the wind, and the chill, and the rain
And the storm, and the flood
I can feel his approach like a fire in my blood
(like a fire in my blood, like a fire in my blood)
Mas aí onde as montanhas encontram os céus (Monte Olimpo? Asgard? Afinal temos deuses nessa história) e onde o relâmpago parte o mar ela tem certeza que tem alguém a observando. Relâmpago? É o Thor.
Através do vento, do frio, da chuva, da TEMPESTADE (Oi Thor, tudo bem?), e da enchente ela consegue sentir ele se aproximando como fogo em seu sangue. Fogo Em Seu Sangue. Ui. Ui. Ui. É tanto fogo no sangue que o coro repete várias vezes.
(voltando ao fogoso da primeira estrofe, acho que temos uma resposta: é ela, e com razão.)
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
He's gotta be strong
And he's gotta be fast
And he's gotta be fresh from the fight
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the morning light
He's gotta be sure
And it's gotta be soon
And he's gotta be larger than life
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
Ela continua precisando de um herói, é urgente mas vai esperar a noite toda até o amanhecer. Eu também esperaria pelo Thor.
Não tem superpoderes na checklist, e se ela aliviar essas exigências um pouquinho ela consegue um herói humano que vai dar conta do recado, e nem vai precisar esperar até o amanhecer.
Vamos tirar as polainas do armário e aquecer para dançar essa música que estava presente em todas as aulas de aeróbica, quando existiam. E é uma música ótima para correr.
No video Bonnie Tyler super dramática, quer um herói para apagar o fogo (da casa), vai ate o Grand Canyon gritar sua checklist e no fim é salva por um cowboy, humano.
Essa semana assisti o terceiro filme da série teen Para Todos os Garotos, é ok, mas o primeiro continua sendo o melhor. Nesse terceiro filme a Lara Jean e o Peter Kavinsky estão tentando achar uma música para o casal e em um momento ele diz que compartilhou com ela um album no Spotify de uma banda chamada Oasis.
Fiquei velha escrevendo essa frase: compartilhou um album no spotify. Ainda sou da época das mix tapes (e mix CDs).
Lara Jean decide escutar o disco que é o (What's the story) Morning Glory?, de 1995. Ela escuta Don't Look Back In Anger, mas se eu fosse escolher uma música desse disco para ser de casal seria Champagne Supernova (pela melodia) ou o mega hit Wonderwall (pela letra e por aquele violoncelo com bateria). Esse é o disco mais conhecido da banda, e é ótimo. Além dessas que mencionei, tem Morning Glory, Cast No Shadow e Some Might Say.
Que bom que os jovens vão conhecer o Oasis, essa banda de Manchester formada, em 1991 que tem irmãos Noel e Liam Gallagher. Os irmãos são conhecidos por fazerem confusão e brigarem muito entre si mas nem vou falar disso porque sou filha única e as vezes não entendo essa relações fraternais.
Bem no meio da onda grunge que vinha de Seattle, o Oasis conseguiu fazer seu rock melódico se destacar. Gosto muito dessa banda, ocupava um espaço grande no meu iPod (quando ainda se usava um) e tenho uma música deles em todas as playlists de corrida.
(What's the story) Morning Glory? é o segundo disco da banda. O primeiro é Definitely Maybe de 1994, o terceiro é Be Here Now de 1997, depois veio Standing on The Shoulder Of Giants (2000), Heathen Chemistry (2002), Don't Believe The Truth (2005) e Dig Out Your Soul (2008). A banda acabou em 2009.
Entendo a escolha de Don't Look Back In Anger para tocar no filme, é o segundo maior hit da banda até hoje e tem a ver com o momento do filme. Essa música tem uma frase final ótima (At least not today) e tem uma guitarra que conversa com a letra que o Liam Gallagher está cantando. Aí eu pensei em outra música que tem essa mesma característica e que gosto um pouco mais.
E assim vou analisar o que diz Stand By Me, do Be Here Now, disco que tem uma capa cheia de referências aos Beatles (banda da cidade vizinha, Liverpool).
Stand By Me já começa com um riff de guitarra maravilhoso. E essa guitarra segue conversando com a melodia e letra, um beijo para o Noel Gallagher. Coloca uns fones de ouvido para escutar com mais detalhes, tem outros elementos e tudo combina. O Liam Gallagher tem uma voz boa, mais para o grave, com aquele arranhado rock n' roll. Ele canta sempre levantando a cabeça, com o microfone mais alto.
Isso da guitarra conversar com o que está sendo cantado me lembra o clássico Sultans of Swing do Dire Straits. Nessa música o Mark Knopfler canta o que acontece com os Sultans of Swing, mas quem conta mesmo a história é a guitarra.
Made a meal and threw it up on Sunday I've got a lot of things to learn Said I would and I'll be leaving one day Before my heart stars to burn.
Depois de uma introdução com um solo da guitarra, a música já vem com um "Fiz comida e vomitei no domingo." PAH! ou melhor, ECA. Nada pior do que comer e chamar o Raul, não foi um bom domingo. (Noel Gallagher disse que compôs essa música depois de passar mal com uma comida que ele fez. Exemplos da vida real.)
Aí ele diz que tem muitas coisas a aprender. Sim. Uma delas é cozinhar.
E já avisa que um dia vai embora, antes que seu coração comece a queimar. Que pode ser uma etapa antes do coração partir (heartbreak). Talvez ele acha melhor ir embora antes de sofrer mais. Filosofei.
Heartburn também é azia, melhor parar de comer se sentir a azia chegando. Mas não acho que essa é uma música sobre gastrite.
Notem que a guitarra só aparece depois que ele fala "my heart starts to burn".
So what's the matter with you?
Sing me something new
Don't you know
The cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
"E aí, o que está acontecendo com você?" Porque ele já contou que o domingo dele não foi nada bom. E pede para cantar (contar) uma coisa nova. E vem com "Você não sabe? O frio, o vento e a chuva também não sabem, eles só vem e vão."
Quem sabe de tudo é o SOL. Coisa que, pelo jeito, falta nessa parte da Inglaterra já que até os Beatles comemoram quando Here Comes The Sun.
Times are hard when things have got no meaning
I've found a key upon the floor
Maybe you and I will not believe in
The things we find behind the door
"Os tempos são difíceis quando nada faz sentido.". Fato. Mas ele achou uma chave no chão e temos uma porta. O que tem atrás da porta?
(quando ele fala floor a guitarra dá uma animada)
De um início desanimado para uma ponta de esperança. "Talvez não acreditaremos no que tem atrás da porta". Só vai saber se abrir. Momento Schrodinger da música.
So what's the matter with you?
Sing me something new
Don't you know the cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
E aí, qual o seu problema? Me canta algo novo enquanto o vento, a chuva e o frio vão e vem.
Talvez ele seja uma pessoa entediada procurando novidades, precisa de algo para mudar esse ritmo constante da chuva do vento e do frio.
Stand by me, nobody knows the way it's gonna be
Stand by me, nobody knows
Yeah, nobody knows the way it's gonna be
E temos o refrão: Fica comigo, ninguém sabe como vai ser. Ninguém mesmo.
If you're leaving will you take me with you
I'm tired of talking on my phone
There is one thing I can never give you
My heart will never be your home
Se você estiver indo embora, me leva? Acho fofa essa parte.
"Estou cansado de falar ao telefone.". Frase que denuncia a idade da música. Então eles estão só se falando ao telefone e ele quer se encontrar, quer ficar junto.
MAS ele avisa que tem uma coisa que ele nunca vai poder dar: "Meu coração nunca será sua casa." (e a guitarra confirma)
Ele está com medo de ter o coração partido, afinal já disse que ia embora antes do coração queimar.
So what's the matter with you?
Sing me something new
Don't you know the cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
Então, meu coração nunca vai ser sua casa, mas me conta o que está acontecendo com você? Me canta uma coisa nova, chega desse vai e vem da chuva, do vento e do frio.
Stand by me, nobody knows the way it's gonna be
Stand by me, nobody knows
Yeah, nobody knows the way it's gonna be
Temos um narrador que quer ficar junto e se previnir de um coração partido quando ele mesmo diz que ninguém sabe como vai ser.
The way it's gonna be
Maybe I can see, yeah
Don't you know the cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
Aqui ele já mudou um pouco e diz que talvez possa ver sim. E pode ser simples como o vai e vem da chuva, do vento e do frio que não precisam saber de nada. (o riff da guitarra nessa parte tem sentimento)
Stand by me, nobody knows the way it's gonna be
Stand by me, nobody knows
Yeah, God only knows, the way it's gonna be
Fica comigo, ninguém sabe como vai ser. Mas no fim só deus sabe como vai ser. Ou nem ele.
A guitarra só para quando ele para de cantar e tem aquele finalzinho esticado pé no pedal.
O video é bem anos 1990 com uma historinha de um motoqueiro desgovernado pela cidade e duas mulheres discutindo.
O Ewan McGregor e seu amigo Charley Boorman, em 2019, fizeram uma viagem que foi de Ushuaia até Los Angeles em motos elétricas que virou uma série chamada Long Way Up na Apple Tv+.
Existe a Long Way Round de 2004 que deram a volta de Londres a NYC e Long Way Down de 2007 que foram da Escócia para Cidade do Cabo.
Todas as 3 séries são ótimas, as aventuras dos motoqueiros tem perrengues diferentes e vale a pena ver os avanços tecnológicos de filmagens entre 2007 e 2019. E as motos também que foram de pesadas BMWs as leves e elétricas (e muito silenciosas) Harley Davidson.
Assistam as séries. Fica a dica.
No episódio que Ewan McGregor e Charley passam por La Paz eles vão numa loja de violões e Ewan McGregor compra um violão pequeno. Depois, no quarto do hotel, ele senta, toca e canta Endlessly da Muse.
Muse é uma banda britânica de rock alternativo formada em 1994. Endlessly está no terceiro album da banda, que deve ser o mais conhecido e é o que mais gosto: Absolution de 2003. Mesmo disco que tem Hysteria (uma das melhores linhas de baixo ever) e Stockholm Syndrome, duas músicas que habitam na minha playlist de corrida.
Antes de aparecer na série, não lembrava a última vez que tinha escutado Endlessly e foi uma boa surpresa.
Mas sobre o que é Endlessly? Só reparei na letra quando Ewan McGregor cantou. Parece uma música romântica mas será mesmo?
É uma música com uma letra curtinha mas cheia de significado. Tem um ritmo mais lento que o resto das músicas do disco e tem uma batida eletrônica leve com um sintetizador (mas tem bateria também). A voz do Matthew Bellamy (com altos e baixos) vem cheia de sentimento.
There's a part in me you'll never know
The only thing I'll never show
Ele começa dizendo que tem uma dele que a outra pessoa nunca conhecerá, e que é a única coisa que ele nunca vai mostrar. O que será que ele está escondendo? Será um sentimento que ele sabe que não é correspondido e prefere deixar oculto?
O próprio Matthew Bellamy disse que " é uma música sobre amor, acho que tem esperança ali mesmo que esteja tratando de assuntos sombrios".
Hopelessly I'll love you endlessly
Hopelessly I'll give you everything
But I won't give you up
I won't let you down
And I won't leave you falling
If the moment ever comes
Esse é o refrão cheio de sentimento onde ele declara todo o amor dele: "deseperadamente te amarei para sempre, te darei tudo, não vou desistir, não vou te decepcionar e não vou te deixar cair, se o momento algum dia chegar". Que momento é esse?
São muitas promessas. E, vamos combinar, que um pouco de obsessão também. Talvez a esperança que o Matthew Bellamy falou esteja nesse momento que talvez um dia chegue, porque é muito desespero para ter alguma expectativa.
Matthew Bellamy deve gostar muito da palavra Endlessly porque aparece também na letra de Hysteria algumas vezes.
Em um dos comentários do forum dizia que essa música faz um rickrolling subconsciente com "I won't give you up, I won't let you down". Eu ri. (Rickrolling é o pai dos memes)
It's plain to see it's trying to speak
Cherished dreams forever asleep
Nessas duas frases ele resume todo o sentimento de que a emoção está tentando falar mas que são apenas sonhos queridos que estarão sempre adormecidos. Os desejos dele em ser correspondido não serão nada além de sonho.
Hopelessly I'll love you endlessly
Hopelessly I'll give you everything
But I won't give you up
I won't let you down
And I won't leave you falling
But the moment ever comes
Ele repete o refrão mais 2 vezes e na última ele termina com "But the moment never comes". É desolador quando ele conclui que esse momento que ele esperava que talvez um dia viesse, não vem. Que ele vai continuar amando sem esperança e que ele não pode fazer nada, vai continuar escondendo essa parte dele que a outra pessoa não conhece
E termina com uma batida da bateria. De uma vez.
Para quem quiser ver o Ewan Mcgregor na voz e violão tem um video no youtube. Acho que todos os episódios dessa série poderiam ter o Ewan McGregor cantando.
Ainda respirando os ares de Normal People, estava escutando a playlist das músicas da série no spotify e tem vários artistas irlandeses novos.
Uma das músicas que gostei na série foi Did It To Myself da Orla Gartland, uma irlandesa de 25 anos que começou fazendo covers no youtube e em 2013 ela lançou seu primeiro disco. É só isso que sei dela.
Fui escutar as outras músicas e Orla Gartland faz um som pop melódico. Me lembrou um pouco a Florence Welch só que menos hipster (gosto da Florence and the Machine).
Heavy, que foi lançada em janeiro desse ano, me chamou a atenção porque parece uma música que já conheço (mas não sei qual). É melódica, o liricismo da letra se encaixa no ritmo da música e é bonita.
Heavy não toca em nenhum episódio de Normal People mas a BBC usou no trailer. Faz sentido.
A série é sobre Connell e Marianne e seu relacionamento desde o fim da adolescência na escola até os anos do início da vida adulta na universidade. É um relacionamento que vai e vem entre dois jovens apaixonados que tem muita intimidade mas também algumas dificuldades, desde comunicação a não saber lidar com sentimentos intensos.
A série é muito bem feita e bonita.
Não vou dar spoilers da série nessa análise. Vão assitir. Fica a dica.
Mas vamos ver o que a Orla Gartland fala na letra dessa música que é uma carta poética para um fim de relacionamento.
Do you think about me at night? When the sky is losing light I swear my head fills up with memories every time Are you moving on with your life? Did you find a job you like? Always thought you could do anything
E parece que foi um fim recente. Não sei se foi um fim de relacionamento amistoso ou turbulento mas vamos ver se ao longo da música ela diz.
Ela começa perguntando "Você pensa em mim a noite?". Porque quando o céu vai perdendo a luz a cabeça dela sempre se enche de memórias.
Ela quer saber como ele (ou ela) está, se a vida seguiu e se está num emprego que gosta. Ela sempre acreditou que ele poderia fazer tudo.
And I've been running over all the things that I will never say to you Like how I just wanna hang with you And watch Grand Designs And I've been trying to train my mind to put you in another category But it's still not coming naturally After all this time
E ela fica pensando em todas as coisas que nunca vai dizer para ele. Como ela gostaria de estar com ele, curtindo, e assistir Grand Designs (programa de arquitetura). Depois de um fim de relacionamento, que a outra pessoa sai da sua vida assim de uma vez, sente-se muito a falta das coisas mais simples e corriqueiras.
Ela está tentando condicionar sua mente a colocá-lo em outra categoria. De namorado para ex-namorado, ou para amigo, ou para apenas alguém que ela conhecia.
Mas é uma coisa que ainda não vem naturalmente para ela. Mesmo depois desse tempo todo. (Então o fim do relacionamento não é tão recente assim.)
So tell me why this has to be so heavy Tell me why this has to be ‘Cause I really thought that we'd be cool Some exception to the rule But honestly, I think it has to be this heavy
E ela quer saber por que tudo isso tem que ser tão pesado. Ela achava que estaria tudo ok entre eles, que seriam algum tipo de exceção a regra, mas conclui que tem que ser pesado mesmo.
Sim. Para a vida seguir tem que ser assim.
I wish your mum and I could be friends I think about her now and then How we drove up to her house I'll never see that dog again I guess I needed a minute To live a life without you in it But you're in every stripey t-shirt that I own
Ela gostaria de continuar amiga da (ex) sogra, que pensa nela as vezes e sente saudade do cachorro. Porque no fim de relacionamento muitas vezes perde-se outras pessoas (e animais) que faziam parte da convivência.
"Acho que precisei de um tempo para viver uma vida sem você". ("I guess I needed a minute, to live a life without you in it" palmas para essa frase.)
Mas ele está em cada camiseta listrada que ela tem.
A única solução é parar de usar as camisetas listradas por um tempo, exatamente esse tempo para se acostumar a vida sem esse relacionamento.
Ou não. Usa todas as camisetas listradas. Cada um passa pelo sofrimento como pode.
Oh, I've been running over all the things that I will never say to you Like how I just wanna sing with you As we're walking home And I've been kissing different faces just to make it a reality Oh, I did it for the therapy But I felt alone
Ela continua pensando e relembrando todas as coisas que nunca vai dizer para ele. Como ela só quer cantar com ele enquanto voltam andando para casa.
E ela tem beijado rostos diferentes para ver se cai na real. (Quem nunca?)
Ou fez isso como terapia mesmo.
Mas se sentiu só.
So tell me why this has to be so heavy Tell me why this has to be ‘Cause I really thought that we'd be cool (we'd be cool) Some exception to the rule But honestly, I think it has to be this heavy
Então o refrão mais uma vez. Ela quer saber por que isso tem que ser tão pesado e por que tem que ser.
Deve ter sido um término mais para o turbulento porque ela diz que achava que estaria tudo ok, que achava que eles dariam certo numa outra categoria, amigos talvez, (que estariam cool um com o outro), mas não aconteceu.
Eles não são exceção, e ela sabe que tem que ser pesado e tem que passar por tudo isso. Do you think about, do you think about, think about Do you think about, do you think about it too?
Ela termina querendo saber se ele também pensa sobre tudo isso. (acho que ela não vai ter uma resposta)
O video é com a letra da música e já começa com um coração partido.
A MTV surgiu no início dos anos 1980 (nos EUA) e fomos apresentados ao videoclip. As bandas começaram a fazer videos mais elaborados do que só a banda tocando. Com isso vários filmes dos anos 1980 apareceram com ótimas trilhas sonoras, filmes que não eram musicais. Músicas escolhidas a dedo para embalar cenas (como os videoclips), algumas compostas especificamente, e tão boas que o filme sem elas talvez não seja tão bom. Dirty Dancing, Footloose, About Last Night, Vision Quest, Ruas de Fogo, Flashdance e até Top Gun, para citar alguns filmes.
Nesses tempos de ficar em casa sobra tempo para ver muitas coisas, e mesmo com a grande oferta de filmes e séries novas, as vezes um bom e velho filme da sessão da tarde alegra os animos.
Essa semana pulando pelos canais do Telecine vi que ia passar Flashdance, adoro a trilha sonora desse filme, tem: Maniac do Michael Sambello (levanta a mão aí quem faz o passinho da corrida), Romeo da Donna Summer, Manhunt da Karen Kamon, Lady Lady Lady do Joe Esposito (que embalou muita dança lenta nas festinhas). Tem até Gloria da Laura Brannigan (ainda faço um analisando dessa).
Claro que assisti pela enésima vez. Vi Flashdance no cinema, depois em VHS, na sessão da tarde e sei lá mais onde. Flashdance é girl power.
A Alex é soldadora de dia e dançarina a noite (e ciclista). Ela dança numa espécie de casa noturna que não é um strip club mas tem números de dança mais sensuais. O "vilão" do filme é o dono do strip club vizinho que quer levar Alex e as outras para dançar sem roupa. Alex sonha em entrar para uma escola de dança que tem uma abordagem mais clássica, mas Alex nunca fez aula de ballet, ela aprendeu a dançar sozinha (e com os caras do break dance). Alex se envolve com seu chefe (o dono da fábrica), Nick, e é ela que toma algumas iniciativas (you go girl!). Alex também é amiga de uma senhora que era bailarina e as duas vão assistir ballets juntas. Essa senhora convence a Alex a se inscrever na melhor escola de dança da cidade. Alex pega o papel mas sabe que não tem currículo para se canditadar. O Nick consegue, através de seus contatos, que ela seja avaliada. Alex não gosta de Nick ter se metido mas ele diz: eu só consegui que você fosse avaliada, quem vai dançar é você.
Aí Alex vai e temos a cena final dela fazendo um pouco de todas as danças que aprendeu ao som de Flashdance...What a Feeling cantada pela Irene Cara.
É um filme bom? Gosto muito, memória afetiva, e, como disse, tem uma trilha sonora que vale a pena. A atuação da Jennifer Beals não é das melhores, ela não dança, nem passinhos básicos, foi uma dublê o tempo todo e dá para ver, a peruca é péssima, mas na dança final todo mundo se empolga.
A trilha sonora é tão boa que duas música concorreram ao Oscar: Maniac e Flashdance...What a Feeling. E as músicas concorrentes eram do filme Yentl (com a Barbra Streisand). Flashdance...What a Feeling ganhou e Irene Cara levou um Oscar para casa, e um Globo de Ouro e um Grammy.
Como é uma música composta para o filme a letra tem a ver com a história do filme, mas vamos analisar.
First when there's nothing But a slow glowing dream That your fear seems to hide Deep inside you mind
Os compositores da música são: Giorgio Moroder, Keith Forsey e Irene Cara. O Giorgio Moroder tem um dedo em vários hits da década de 1980, um gênio do pop. A Irene Cara é cantora, atriz e bailarina, e foi ela que escreveu a letra porque ela entendia bem o que acontecia com a Alex do filme.
Então, a música começa lenta com ela dizendo que no início não tem nada além de um sonho que vai aparecendo devagar mas que os medos parecem querer escondê-lo lá no fundo da mente.
All alone I have cried Silent tears full of pride In a world made of steel Made of stone
Ainda na parte lenta ela diz que tem chorado sozinha, lágrimas silenciosas cheias de orgulho (essa frase é ótima), num mundo feito de aço e de pedra. (o aço é referência direta ao trabalho de soldadora da Alex). A vida é dura.
Well, I hear the music Close my eyes, feel the rhythm Wrap around Take a hold of my heart
Aqui o ritmo da música aumenta, entra a batida pop. Ela começa se animar com a música, fecha os olhos, sente o ritmo, se ajeita e segura (controla) o coração.
What a feeling Being's believing I can have it all Now I'm dancing for my life
E temos o refrão: que sensação, ser é acreditar! (filosofou) E ela sente que pode ter tudo agora que está dançando pela vida. (que no filme é a parte que ela dança na avaliação da escola)
Take your passion And make it happen Pictures come alive You can dance right through your life
E tem que acreditar, pegar o sonho, a paixão, e fazer acontecer. Fotos se tornam realidade e você pode dançar por toda vida.
Fotos se tornam realidade é uma boa maneira de dizer que algo que você só olha pode estar ao seu alcance.
Now I hear the music Close my eyes I am rhythm In a flash It takes hold of my heart
Aqui ela repete que escuta a música, mas quando fecha os olhos ela é o ritmo e em instante domina o coração.
What a feeling Being's believing I can have it all Now I'm dancing for my life Take your passion And make it happen Pictures come alive You can dance right through your life
E temos o refrão até o fim. Você pode dançar por toda sua vida, nem que seja para fazer o passinho da corrida para mexer o corpinho.
No carnaval, no caminho entre Brasília e São Jorge, passamos boa parte da viagem escutando uma rádio de Brasília chamada Verde Oliva. Pelo menos até descobrir como conectava o Spotify ao som do carro.
Essa rádio tinha uma seleção para lá de aleatória. Num mesmo bloco tocava Legião Urbana, Destiny's Child, Red Hot Chili Peppers e Caetano. Músicas que iam dos anos 1970 (tocou Earth Wind and Fire) até sucessos de 2019.
Depois, já no Spotify, alguém colocou uma lista tão aleatória que apelidamos de Verde Oliva. E dessa lista saiu Torn da Natalie Imbruglia.
Essa música fez muito sucesso em 1998. Tocava em todos os lugares. Acho que a última vez que escutei esse hit talvez tenha sido em 1998 mesmo. Mas música chiclete é assim, 20 anos depois você ainda lembra da letra.
Da Natalie Imbruglia só lembro de 4 coisas: é australiana, que ela foi atriz antes de ser cantora (inclusive participou da mesma novela que Kylie Minogue), que ela teve esse hit e que casou com o vocalista do Silverchair (banda australiana que fez sucesso na mesma época), mas acho que se separaram há anos.
A Natalie Imbruglia continuou a carreira de cantora, mas, depois de Torn, nunca mais escutei nada dela. Na época cheguei a escutar Left Of The Middle, o disco que tem Torn, mas não me lembro de nenhuma outra música.
Torn não é da Natalie Imbruglia. É um cover de uma banda chamada Ednaswap e foi composta pelos integrantes dessa banda: Anne Preven, Scott Cutler e Philip Thornalley. Eles gravaram Torn em 1995, no seu primeiro disco, mas teve pouca atenção (e gosto dessa versão mais pesada).
Antes da própria Ednaswap (que nome de banda péssimo), em 1993, essa música teve uma versão em dinamarquês chamada Brændt gravada por Lis Sørensen. E em 1997 uma cantora norueguesa, Trine Rein, gravou a versão em inglês mais parecida com a que a Natalia Imbruglia lançou depois.
Anne Preven foi no programa do Howard Stern em 2000 e ele disse que ela gravou uma musica linda, cheia de sentimento, mas que não foi a lugar nenhum, aí veio a Natalie Imbruglia e fez sucesso com a mesma música. Ele perguntou se ela tinha raiva. Ela disse que no início era estranho e surreal que as palavras dela estava sendo cantada por outra pessoa num arranjo que ela não faria (e depois cantou uma versão acústica da música).
Mas a Anne já deve ter superado porque o dinheiro que ela deve ganhar até hoje dos direitos autorais dessa música não é pouco. Até o One Direction cantou Torn. Quando a música tem uma versão forró é porque dominou o mundo.
A versão da Natalie Imbruglia é bem pop, chega ser animada, mas é uma música sobre fim de relacionamento e decepção.
I thought I saw a man brought to life He was warm, he came around and he was dignified He showed me what it was to cry
Ela começa dizendo que achou que viu um homem que começou a viver (uma pessoa com vida), como se quando ela olhou para ele uma luz acendeu. Era um cara legal, afetuoso, chegou junto e era digno.
Aí ela diz que ele mostrou a ela o que era chorar. Aqui vejo duplo sentido: ela pode estar dizendo que ele a fez mais sensível OU que apesar de todas as qualidades anteriores ele a fez sofrer (e chorar).
Well you couldn't be that man that I adored You don't seem to know, don't seem to care What your heart is for No, I don't know him anymore
Então ela diz que ele não poderia ser aquele homem que ela adorava, ele não sabe para o que serve o coração e não se importa. KD o homem que ela conhecia??
There's nothing where we used to lie Conversation has run dry That's what's going on Nothing's fine I'm torn
Não existe mais nada onde eles deitavam (sobrou nem o cheiro no travesseiro), acabou o assunto e a conversa. E é isso que está acontecendo. Fim do relacionamento, nada está bem e ela está arrasada (destruída, despedaçada e qualquer outro sinônimo).
I'm all out of faith This is how I feel I'm cold and I am shamed Lying naked on the floor Illusion never changed Into something real Wide awake and I can see the perfect sky is torn You're a little late I'm already torn
Tão arrasada que perdeu toda esperança. Ela está com frio, envergonhada e deitada nua no chão. Fundo do poço. Ela se tocou que a ilusão que ela tinha nunca se transformou em realidade e agora que ela está bem acordada pode ver que não era nada do que ela imaginava (o céu perfeito foi destruído). E aí ela diz que ele está atrasado, que ela já está arrasada.
A Anne Preven disse pro Howard Stern que nessa última frase era o cara tentando voltar com a moça mas que ele já tinha feito ela sofrer demais e não adiantava mais.
Essa parte da letra na versão forró é assim:
Não adianta me pedir perdão
Se não cuidou, só maltratou
Feriu meu coração
Não quero mais voltar atrás
Eu vou viver longe de ti
Por favor me deixa em paz
Pode parar ...desse blá, blá, blá
Achei essa versão da Aviões do Forró muito justa.
So I guess the fortune teller's right I should have seen just what was there And not some holy light But you crawled beneath my veins and now I don't care, I have no luck I don't miss it all that much There's just so many things That I can't touch I'm torn
Até numa vidente ela foi e bem que a cartomante avisou mas ela preferiu uma espécie de luz divina do que realmente estava ali. Mas ele conseguiu se arrastar embaixo das veias dela (muito mais profundo que embaixo da pele) e agora ela não se importa, a sorte acabou e ela nem sente mais falta.
Tem coisas demais que ela nem pode tocar (acredito que emocionalmente e fisicamente). ARRASADA.
I'm all out of faith This is how I feel I'm cold and I am shamed Lying naked on the floor Illusion never changed Into something real Wide awake and I can see the perfect sky is torn You're a little late I'm already torn Torn
E ela repete o refrão até o fim, cheia de sentimento. Com um pouco de otimismo, mesmo ela estando despedaçada, pelo menos ela está dando um fora nele.
O video é um classico da MTV da época. É uma gravação de uma cena entre dois atores e depois o cenário vai sendo desfeito. Tem um momento que a Natalie Imbruglia faz uma dancinha estilo Renato Russo.
As séries da HBO costumam ter ótimas músicas de abertura, tanto que nem pulo a abertura e escuto a música todas as vezes. True Blood tinha Bad Things do Jace Everett, Treme tinha Treme Song do John Boutté, The Sopranos tinha Woke Up This Morning da Alabama 3, True Detective tinha Far From Any Road da Handsome Family, The Wire tinha Way Down In The Hole (cada temporada era uma versão diferente) , e até o a música tema de Game of Thrones era ótima.
A série mais recente da HBO que tem uma música que só me faz querer que a abertura dure mais alguns minutos é Big Little Lies. (Toda a trilha sonora dessa série é ótima.)
Cold Little Heart combina tanto com a abertura, que são cenas das estradas lindas da Highway 1 na California, que dá vontade de entrar num carro e dirigir com essa música, mesmo que seja na Beira Mar de Fortaleza.
Eu nunca tinha escutado essa música até ver a primeira temporada da série. E nem sabia quem era Michael Kiwanuka, esse inglês de Londres de 32 anos. Não sei classificar a música dele, diria que é um indie folk, mas uma coisa é certa: Michael Kiwanuka tem soul de sobra. Ele lançou seu primeiro disco Home Again em 2012 e o segundo Love & Hate em 2016. O terceiro vai sair esse ano em outubro.
Cold Little Heart é do segundo disco e quando a HBO pediu autorização para usar a música Michael Kiwanuka achou que seria alguma música de fundo, mas não, foi para os 90 segundos da abertura.
Outra música dele que tocou em uma série esse ano foi a ótima Love & Hate que estava em When They See Us da Netflix. (essa música já tocou em várias séries - Dear White People e Atlanta)
Big Little Lies é sobre um grupo de 5 mulheres que moram em Monterrey, na California, e se juntam em torno de um incidente que abalou a comunidade. Tem Nicole Kidman, Reese Witherspoon, Laura Dern, Zoe Kravitz e Shailene Woodley. A primeira temporada é ótima. A segunda foi boa mas achei desnecessária. Pronto, falei, mas vi a abertura até o fim todas as vezes.
Mas vamos saber que coraçãozinho frio é esse.
Cold Little Heart é a primeira música do disco Love & Hate e tem 10 minutos de duração (9:58 para ser exata). A introdução da música dura quase 5 minutos com um instrumental lindo, que é guitarra e vozes, e só depois disso a gente escuta o primeiro oooooh que começa a abertura da série.
Did you ever want it?
Did you want it bad?
Oh, my
It tears me apart
Did you ever fight it?
All of the pain, so much power
Running through my veins
Bleeding, I'm bleeding
My cold little heart
Oh, I can't stand myself
O oooooh inicial parece um vento soprando, uma coisa meio Morro dos Ventos Uivantes. Aí entra a batida com guitarra e vem a voz cheia de sentimento do Michael Kiwanuka.
"Alguma vez você quis? Quis muito, muito mesmo?"
Quem quis o que?? Mistério. É algo que o deixa despedaçado.
Aí ele pergunta "Você resistiu (ou lutou)?".
Acho que essa música é uma DR, um relacionamento que acabou, ou está acabando.
Temos dor, muita dor, e temos poder correndo nas veias (que pode ser raiva). Ele está sangrando (sofrendo), "Meu pequeno coração frio, eu não aguento mais."
And I know
In my heart, in this cold heart
I can live or I can die
I believe if I just try
You believe in you and I
In you and I
O refrão que vem acompanhado de uma guitarra maravilhosa que se você escutar com fones de ouvido vai estar sempre do lado esquerdo. E no refrão ele diz que sabe que nesse coraçãozinho frio ele pode viver ou morrer mas acredita que se tentar a outra pessoa vai acreditar nos dois juntos. "Em você e eu."
E a guitarra vem com força num solo que parece um choro.
Did you ever notice?
I've been ashamed
All my life
I've been playing games
We can try to hide it
It's all the same
I've been losing you
One day at a time
Bleeding, I'm bleeding
My cold little heart
Oh, I can't stand myself
"Você já notou? Eu estive envergonhado." Hum, fez besteira.
Ele diz que por toda vida fez joguinhos. "Podemos tentar esconder, mas é tudo a mesma coisa." Sabemos que joguinhos nunca acabam bem.
E ele sabe que está perdendo a outra pessoa um dia de cada vez. Ou seja, essa relação está enfraquecendo. Ele continua sofrendo e não aguenta mais.
Força, coraçãozinho frio.
And I know
In my heart, in this cold heart
I can live or I can die
I believe if I just try
You believe in you and I
In you and I
Mas segue acreditando que se ele tentar vai dar certo. Que "Eu e você" vai continuar.
Maybe this time I can be strong
But since I know who I am
I'm probably wrong
Maybe this time I can go far
But thinking about where I've been
Ain't helping me start
Aí a música entra num fade out e essa estrofe final é só voz e guitarra.
Ele diz que talvez dessa vez pode ser forte, mas como sabe quem é pode estar errado. Ele acha que pode ir mais longe mas quando pensa onde esteve não o ajuda a começar.
Está difícil para o pequeno coração frio.
Quando ele termina de cantar, os outros instrumentos voltam e o fim dessa música lembra um pouco Wish You Were Here, ou Shine On You Crazy Diamond do Pink Floyd.
O video da música tem apenas 6 minutos, só com a parte cantada, mas acaba logo depois da última estrofe sem o finalzinho da música. Para quem quiser escutar os 10 minutos (e vale a pena) coloquei na lista do Analisando a música no Spotify.