31.5.22

Top Gun Maverick

Quando o primeiro filme Top Gun Ases Indomáveis estreou no cinema, em 1986, era uma adolescente e fui ver com os amigos. Gostei tanto que voltei no cinema para ver mais duas vezes. Ao longo desses 36 anos perdi a conta do tanto de vezes que já vi esse filme: em VHS, no supercine, na sessão da tarde, DVD, na tv a cabo e no streaming. Vi dublado e legendado. A última vez que vi foi um dia antes de ver Top Gun Maverick no cinema.


Nunca imaginei que veria um segundo filme de Top Gun mas quando o Tom Cruise se animou com o roteiro desse e começou a filmar já fiquei atenta. Esse filme era para ter sido lançado em junho de 2020 mas aí pandemia e tivemos que esperar 2 anos. Valeu a pena.

Quando Top Gun Maverick começa a sensação é de estar lá em 1986 só que num cinema com tela IMAX e som surround pica das galáxias. Tudo na cena dos créditos inicias é quase igual a início do primeiro filme, nos dando um conforto e preparando para o que viria a seguir na velocidade mach 10.

Feel the need, the need for speed!

É um filme que soube usar a nostalgia a seu favor e deu um salto a frente.

Como disse o Daniel Galera no Twitter: "...os momentos iniciais do "Top Gun" novo visto no IMAX, os créditos de abertura e as primeiras cenas são a melhor experiência de cinema em anos. A trilha e as imagens se esgueiram devagarinho, apertando todos os botões certos. Arte."

Pete Mitchell não tem o codinome Maverick a toa, ele é essa pessoa arrojada, as vezes inconsequente, que desafia as regras e gosta de correr riscos.

Pete Mitchell ainda é capitão depois de três décadas, mas ele quer continuar sendo esse piloto na ativa e faz o que pode (ou não pode) para permanecer assim. Quando começa o filme ele é um piloto de testes de um avião novo hipersônico que a marinha quer cortar do orçamento porque afinal de contas os drones fazem tudo e pilotos tem que ir ao banheiro. Maverick leva esse avião a extremos e acaba custando várias dezenas de milhões de doletas ao governo.

Acontece que precisam de alguém para treinar os pilotos para uma missão muito difícil (quase suicida) e Jon Hamm (o novo Almirante) diz para Maverick: "Your mission, should you choose to accept it," NÃO, pera, esse é o outro filme do Tom Cruise.

Então, o Almirante Lindão já diz que não gosta do Maverick, que ele só está ali pela indicação do Iceman (Val Kilmer) e também porque, vamos combinar, ele é o melhor piloto de todos os tempos ever. Iceman e Maverick continuaram amigos ao longo dos anos e o encontro dos dois emociona.

Maverick chega para conhecer os pilotos que ele vai escolher para fazer parte da missão. Tem o ótimo Hangman, que poderia ser filho do Maverick com o Iceman; a girl power Phoenix, o nerd Bob, o filho do Goose que é o Rooster, e vários outros.

Tem uma tensão entre Maverick e Rooster (o ótimo Miles Teller) e umas coisinhas que aconteceram no passado recente mas que acaba sempre levando a memória da morte do Goose.

Maverick começa o treino e mostra que eles são os melhores pilotos mas ainda tem muito o que aprender.

As cenas dos aviões são ESPETACULARES. O Tom Cruise se dedica e assim ele faz com que todos os outros façam o mesmo. Não tem tela verde nesse filme e faz toda a diferença. O diretor desse filme é o Joseph Kosinski, que dirigiu Oblivion (também com o Tom Cruise) e é um cara com uma visão estética apurada.

Não tem o vôlei de praia shirtless, mas tem o futebol americano shirtless (e de calça/bermuda jeans na beira da praia). 

Esse filme mantém a rivalidade entre os pilotos, afinal são muito competitivos, mas com menos testosterona.

A Jennifer Connelly faz a Penny Benjamin, que no primeiro filme não aparece mas ela é mencionada duas vezes como a filha do almirante que o Maverick levou para um passeio. É uma personagem que sabemos de cara que tem uma história com ele. E, gente, que casal bonito! A camera ama Tom Cruise e Jennifer Connelly.

Top Gun Maverick é melhor do que o primeiro filme por vários motivos mas principalmente por que nesse tem o Tom Cruise correndo.

O primeiro filme só tem UMA coisa que é melhor do que esse: a trilha sonora. Top Gun Maverick tem Lady Gaga mas Hold My Hand não é nenhuma Take My Breath Away, nem Playing With The Boys e nem Danger Zone (que toca nesse filme).

Não sei se a Tia Helo alguma vez viu o primeiro Top Gun mas acho que ela gostaria desse segundo. 726 "Ai, Jesus!" para todas as vezes que os pilotos levam um G a mais na cara.

Voltarei ao cinema para ver outra(s) vez(es)? Sim ou com certeza?

30.5.22

+ Filmes e Séries

 Filmes

Doutor Estranho no Multiverso da Loucura - Gosto do Dr. Estranho, o primeiro filme dele é muito bom, conta sua origem, mas parece que agora ele existe só para consertar os erros dos outros heróis. Esse segundo filme foi dirigido pelo Sam Raimi e tudo que é marca registrada dele no filme eu gostei. O que eu não gostei é que esse filme é mais a história da Wanda (a Feiticeira Escarlate) do que do Dr. Estranho. Wanda é a vilã desse filme e ela até é uma vilã interessante porque é muito poderosa. Acontece que para entender como a Wanda foi de ser uma dos Vingadores para a vilã desse filme tem que ver a série Wandavision e uma outra série chamada What If. Eu não vi nenhuma das duas, não me importo com a Wanda nem com o Vision para ver Wandavision e fiquei com preguiça de uma série baseada em possibilidades, mas os geeks me contaram o que aconteceu e eu pude entender mais ou menos o que estava acontecendo. Anyway, a menina nova que tem o poder de pular por multiversos é boa e a cena das notas musicais é incrível de boa.

Deserto Particular - filme nacional do ano passado que agora está na Amazon Prime. Daniel é um policial que está afastado por alguma coisa que aconteceu. Ele as vezes trabalha de segurança e tem uma namorada virtual chamada Sara. Um dia a Sara para de responder as mensagens dele e ele decide ir atrás dela no interior da Bahia. Esse filme é muito bom, as vezes esperamos algumas reações das pessoas mas elas podem surpreender.

Along For The Ride - Filme teen sobre uma menina que antes de ir para faculdade vai passar o verão com o pai (e sua nova esposa grávida) numa cidade de praia. Lá ela conhece as meninas locais e um rapaz que aparece de vez em quando no pier. Ela fica amiga do rapaz. Não tem nada demais, é bobinho, mas pelo menos os problemas dos adolescentes desse filme são menos dramáticos. (NETFLIX)

After Yang - Um filme sobre uma família que tem uma filha adotada que é chinesa e, para fazer companhia a ela, compram um androide chinês, o Yang, que vai ensinar a língua e curiosidades para a menina. Um dia o Yang desliga e não liga mais. O pai leva o Yang (que ainda está na garantia) para o conserto só para descobrir que Yang kaput de vez e a única coisa que ele pode talvez fazer é preservar as memórias do andróide. Através de uns óculos modernos o pai (que é o Colin Farrell) consegue ver tudo que o Yang via e descobre que ele tinha uma amiga. É um filme quase que contemplativo, é tudo muito lento mas passa rápido, e é num futuro próximo que pelo menos não é apocalíptico. É muito sobre o que fazer com as memórias de alguém que não existe mais e perceber que as pessoas vivem vidas fora do que conhecemos. E tem a MELHOR cena inicial de créditos do ano.


Séries

Outer Range (Além da Margem) - uma série que parece um mix de Lost com cowboys. Tem duas famílias que disputam um pedaço de terra, são rivais. Uma das famílias tem o terreno onde tem um buraco misterioso. Quando alguém cai nesse buraco aparentemente viaja no tempo, mas nada é muito explicado. Um dia os filhos da familia Abbott brigam com os filhos da familia Tillerson e um deles morre. O papai Abbott joga o corpo no buraco que some mas depois de uma semana reaparece no meio do mato. Tem a Sherife que tenta investigar as coisas, tem uma hippie misteriosa que acampa no terreno dos Abbott e tem um dos filhos Tillerson que faz tudo cantando. Achei bizarra mas verei a segunda temporada. (Amazon Prime Video)

Conversations With Friends - acho que o multiverso da Sally Rooney está sendo criado com essa segunda série baseada num livro dela. Adorei a série Normal People e como essa foi feita pelas mesmas pessoas claro que vi. Esteticamente é tudo muito parecido com Normal People, inclusive tudo filmado em Dublin. É como se fosse Normal People com outros personagens. Só que com personagens frustrantes. Não li o livro então não posso comparar. Nessa série temos a história de 4 pessoas: Frances e Bobbi, duas universitárias que foram um casal mas agora são só amigas, e Nick e Melissa, um casal na casa dos 30 anos, ela escritora e ele ator. Frances e Nick ficam íntimos e torta de climão. Não sei se no livro eles conversam mais, na série é uma comunicação errada atrás da outra. Gostei muito do Nick e só. Passei a série revirando os olhos para essas meninas de 20 anos mas aí no final, bem no final mesmo, o Nick vai e fala uma frase tão boa, mas tão boa que eu teria respondido a mesma coisa que a Frances. Aguardo a série de Belo Mundo, Onde Você Está (que foi o livro da Sally Rooney que mais gostei).

Make or Break - Série documentário sobre os top 5 surfistas do circuito mundial, sendo que 3 deles são brasileiros. São 8 episódios que falam dos brasileiros, dos iniciantes, das mulheres, dos surfistas que começaram muito novos (já com apoio e patrocinio) até chegar na final do campeonato. Tem muitas ondas boas. Eu gostei do episódios Boys to Men (a pressão que o Kanoa Igarashi tem nas costas não é fácil), Chasing The Queen (sobre a australiana Stephanie Gilmore) e Conquering Demons (sobre o brasileiro Filipe Toledo). Tem muito Gabriel Medina (que acho um surfista muito elegante nas ondas) e Italo Ferreira (medalha de ouro nas Olimpiadas de Tóquio). (Apple TV+)

Shinning Girls - Série com a Elizabeth Moss (Handmaid's Tale) e Wagner Moura. Ele é um jornalista que começa a cobrir um caso de assassinatos de mulheres que vem acontecendo há 20 anos. Ela é uma pesquisadora do jornal que foi atacada brutalmente há alguns anos. Mas alguma coisa estranha acontece com ela em que as coisas ao redor dela mudam. Exemplo: ela pode chegar em casa e ao invés de estar morando com a mãe, estar casada com um fotografo. É confusa e as coisas só começam fazer sentido depois do episódio 4. São 8 episódios e vi 6 até agora. Jamie Bell é o vilão e ele é assustador. (Apple Tv+)

Made for Love - Segunda temporada dessa série sobre Hazel e Byron, um casal onde ele é um magnata da tecnologia e colocou um chip na cabeça dela. Na primeira temporada eles moravam numa espécie de complexo e ela consegue fugir, só que no fim da temporada ela volta para o complexo porque ele promete cuidar do pai dela (que está doente mas não que tratamento). Na segunda temporada o FBI infiltra um agente no complexo que pede ajuda da Hazel. O chip foi retirado da cabeça dela mas a consciência foi armazenada e quer liberdade. Essa série é muito doida mas é boa. (HBO Max)

The Staircase - série sobre o caso real do escritor que foi acusado de matar a esposa na escada de casa. Existe um documentário e essa série é o que aconteceu mas também tem o pessoal que vai fazendo o documentário. Colin Firth e Toni Collete estão ótimos. (HBO Max) 

23.5.22

Os clichês de novela coreana

Quando comecei a ver as novelas coreanas achei que não ia passar de 4, mas aí veio Vincenzo e entrei de vez no vortex das novelas coreanas. Até agora já vi umas 15 (ou mais) novelas coreanas, fora as várias séries que vem da Coréia do Sul.

Novela coreana é diferente de série coreana. A diferença, além do numero de episódios (séries são mais curtas e objetivas), é o tanto de clichês que as novelas coreanas tem.

E sim, tem novela coreana disfarçada de série coreana, as vezes com duas temporadas. Como saber? Os clichês, é claro.

Clichê não é ruim, é apenas uma repetição que acontece nas produções, como: perseguição de carro em qualquer produção que vem dos EUA, o bandido que corre quando vê os policiais em Law and Order, bordão em novela brasileira, irmão gêmeo aparecendo do nada em novela mexicana, gente voltando da morte em novela venezuelana, heróis que usam um boné como disfarce nos filmes da Marvel e por aí vai.

Nem toda novela coreana tem todos os clichês mas pelo menos quatro ou cinco deles tem, até nas mais recentes que estão mudando e tem menos clichês. E claro que tem novela coreana que faz o bingo dos clichês, especialmente se for romance. 

Aqui está a lista de clichês que fiz para uma amiga tentando convencê-la a ver novela coreana (nem que seja para tentar o bingo).

- Camera Lenta - haja camera lenta. E é pra tudo: gente andando, violencia, beijo, mãos dadas, passadas, puxões, etc.


- Nos romances tem sempre uma cena que o cara puxa o braço da mulher. Aparentemente isso é ok e até romântico para os coreanos.


- Mas pegar no braço é diferente de pegar na mão. Pegou na mão é namoro.


- Nos romances os casais andam numa velocidade irritante de lenta. Quando o cara chama a menina para um passeio as tartarugas parecem o Usain Bolt. 


- Sempre tem alguém que foi adotado ou que mãe ou pai morreram (as vezes os dois).


- Nos romances os personagens do casal central se encontraram em algum ponto antes do momento da novela (e vai ter esse flashback). Ou na infância, ou adolescencia, ou até se cruzando na rua mas sem se ver. Coreanos acreditam em destino.


- Muitas vezes o capitulo seguinte começa com a mesma cena do fim do anterior mas de outro ponto de vista.


- O beijo de olho aberto. SEMPRE que o primeiro beijo vai acontecer quem está recebendo fica de olho aberto como se fosse uma surpresa (e depois fecha o olho).


- Primeiro beijo do casal geralmente acontece lá pelos episódios 8 a 10. Em algumas novelas acontece antes mas é como se não valesse até o beijo do episodio 10.


- O momento saranguê (te amo). Sempre depois do episodio 10, as vezes é só no último. Mas antes do "eu te amo" tem o momento tchuaê (gosto de você). 


- Coreanos nas novelas tiram os sapatos quando entram em casa mas nunca os casacos. As vezes sentam na mesa pra comer e deitam na cama de casaco. 


- A cena dos pés. Vai ter um momento que focam nos pés (calçados), as vezes combinado com passadas em camera lenta e um efeito sonoro próprio.


- Quase sempre tem uma vózinha fofa que não é poupada da desgraça. 


- Sempre tem um personagem com dívidas.


- Chuva e Neve. Quando chove ou neva acontece algo importante (romântico ou trágico).


- A cena no parquinho infantil: sempre tem (e geralmente alguém está bebado).


- Make over ou cena de desfile de roupa nova.


- A passagem de tempo (meses ou anos) e vale o combo clichê com a viagem para fora do país.


- O merchandising escancarado.


- Algumas novelas tem uma animação explicando algo. Toda vez que alguém fica muito bebado tem um efeito rosado nas bochechas. 


Se alguém lembra de mais algum deixa aí nos comentários.


E para quem chegou até aqui e quer saber quais novelas coreanas gostei mais até agora, segue um top 10. 


1. Vincenzo 

2. My Mister

3. Business Proposal (Pretendente Surpresa)

4. 25/21

5. Hometown Cha Cha Cha

6. Start Up

7. Our Beloved Summer

8. Snowdrop

9. Search WWW

10. Something In The Rain 


(todas na Netflix menos Snowdrop que está na Star+)


E já que falei das séries, top 10 séries coreanas que vi até agora.


1. Pachinko (tecnicamente é uma série americana mas é sobre coreanos com coreanos e falada em coreano e japonês)

2. The Silent Sea (O Mar da Tranquilidade) 

3. Hellbound 

4. All Of Us Are Dead 

5. My Name

6. Dr. Brain

7. DP

8. Squid Game (Round 6)

9. The School Nurse Files (A Enfermeira Exorcista)

10. Mad for Each Other


(todas na Netflix menos Pachinko e Dr. Brain que estão na Apple Tv+)




22.5.22

Festival MITA

A última vez que fui num festival de música foi no MADA em 2018, aí um amigo me disse que ia ter o MITA no Rio exatamente quando estaria aqui. 

Apesar de ainda não querer estar em aglomerações queria ver as bandas que viriam para o festival e por ser no Jockey Club num espaço aberto decidi ir.

Aliás, só vi vantagens em ser no Jockey Club. É perto de casa e começou e acabou cedo. O espaço é bom, tinha dois palcos, estava organizado e os shows começaram pontualmente. Ainda bem que fez um dia bonito com temperaturas agradáveis e não choveu porque já tinha muita lama no chão. O MITA não é um festival grande, estava cheio mas não lotado, dava para ficar bem a vontade.

Cheguei para o show da Liniker que foi muito bom. Depois teve o funk carioca do Heavy Baile que foi animado. Os norte irlandeses da Two Door Cinema Club tocaram no por do sol com o corcovado de fundo e mesmo com um vocalista alternativo (o original ficou doente) o show foi bom.

O show do Kooks estava com o som muito baixo e ruim para quem estava mais afastado do palco. Uma pena porque o vocalista da banda estava empolgado. Na verdade o som estava muito baixo para todos os shows, no show da Two Door mais longe do palco o som estava melhor do que perto. (O som baixo talvez foi por causa dos cavalos)

E a noite terminou com o ótimo show do Gorillaz. Gostei mais deles ao vivo do que no disco. As animações no telão são muito boas.

No fim já estava fazendo um friozinho (inverno carioca) e a saída foi tranquila.

18.5.22

O Peso do Talento

O Nicholas Cage já fez vários filmes, bons e ruins e em quase todos os generos: dramas, comédias, ação, coração quentinho, romance, filme premiado, filme cabeça e até filme hipster. Ele tem um Oscar por Despedida em Las Vegas e uma indicação por Adaptação.

Acho que só faltava mesmo ele fazer um filme onde ele interpreta ele mesmo. 

O título desse filme em português é o O Peso do Talento mas em inglês é o excessivo The Unbearable Weight of Massive Talent e é mais justo. Nesse filme o Nicholas Cage faz ele mesmo (no modo exagerado), um ator famoso, excêntrico, que fez vários filmes e está atrás do seu próximo papel.

Nick Cage (do filme) tem uma filha de 16 anos e uma ex-esposa. A filha adolescente não aguenta mais o pai egocêntrico que só fala de sua carreira e de filmes. Nick Cage é rejeitado para o papel no filme que ele queria e seu agente diz que ele foi oferecido um milhão de doletas para ir na festinha de aniversário de um espanhol rico.

Nick Cage acaba aceitando ir na festinha porque tem dívidas.

Paralelo a isso, a filha do candidato a presidência de sei lá onde foi sequestrada para que o pai desista da eleição.

Nick Cage chega em Mallorca e conhece Javi, o rico excêntrico e fã. Javi (Pedro Pascal - CRUSH) quer que Nick Cage, além de participar da festinha, leia seu roteiro e talvez atue no seu filme. Acontece que Javi pode ser um traficante de armas, mas uma coisa é certa: ele é a melhor pessoa só por seu terceiro filme favorito de todos os tempos (não vou dizer qual é, vejam o filme).

Mais não conto. Dei muitas risadas vendo esse filme. É cheio de referências aos filmes do Nicholas Cage, mas eu só identifiquei mesmo umas 3.

A melhor coisa desse filme é Nick Cage e Pedro Pascal juntos. Nem precisava do resto da história.

A Tia Helô diria 315 "Ai, Jesus!" para Pedro Pascal de sunga.

16.5.22

O Homem do Norte

Robert Eggers gosta de uma história visceral. Foi assim em A Bruxa e O Farol. E ele trabalha com detalhes históricos.


O Homem Do Norte é baseado num folclore nórdico que foi base para Hamlet de Shakespeare. Ou seja, é Hamlet viking roots. 

Principe Amleth ainda garoto vê seu querido pai, o Rei, ser morto pelo tio e tem que fugir. Anos depois, quando já é o Alexander Skarsgard (conhecido aqui no blog como Vampiro Eric), ele é um guerreiro e durante uma invasão de uma vila pelo seu grupo (extremamente violenta) ele descobre que seu tio está morando na Islândia.

Amleth tem sede de vingança e quando fugiu prometeu voltar para matar o Tio e libertar a mãe (que ele viu se capturada pelo Tio). Ele se passa por escravo para chegar na vila do Tio e no barco ele conhece a Olga. Os dois juram que vão sair da ilha, mas ele tem uma profecia a seguir.

Amleth é homem urso AND lobo e, em vários momentos, ele se encontra com uns videntes que o atualizam da profecia.

Em algum momento ele vai ter que escolher entre a vingança e o futuro. E as vezes nem tudo é o que parece, desde aquela época.

É um filme violento, e violência bem real (física e psicológica). Dá pra sentir como era a coisa no meio dos vikings naquela época (ainda bem que filme não tem cheiro).

Tem Ethan Hawke fazendo o rei, pai do Amleth, tem Nicole Kidman fazendo a mãe, Ana Taylor Joy é a Olga e tem um ator dinamarquês, Claes Bang, que faz o Tio e é ótimo.

Alexander Skarsgard está de parabéns. Sangue nos olhos.


A trilha sonora é maravilhosa, no cinema parecia que os tambores estavam dentro da minha cabeça.

A fotografia é linda (a Islândia ajuda muito) e os cenários são perfeitos.

A Tia Helô ficaria horrorizada, não com a violência, mas com a Bjork fazendo uma feiticiera vidente. 812 "Ai, Jesus!" para tanto sangue e lama.

5.5.22

Momento TOC livros 16 (parte 1)

Esse ano coloquei a meta de 40 livros e comecei mais devagar do que ano passado, mas li 2 livros com mais de 800 páginas, reli Pachinko para ver a série e reli Kim Ji Young Nascida em 1982 que finalmente saiu em português.

Estou numa leitura coletiva de uma biografia dos Beatles (que tem 900 páginas) e só vai acabar em setembro, então esse livro entra na próxima lista.

Li 4 livros de contos e acho que essa vai ser a tendência da minha leitura de 2022. Continuo na saga dos autores asiáticos. A minha ideia para esse ano era ler autores latino americanos, um de cada país, só que é difícil encontrar autores de alguns países traduzidos para o português ou inglês e não consigo ler en español. Então vamos com os livros de contos que nunca gostei muito mas pelo jeito passei a gostar.

Vamos aos primeiros 20 livros do ano.

- Somos Todos Adultos Aqui - Emma Straub - esse foi uma sobra dos livros do ano passado, comprei pela capa. É a história de uma família, os Strick, e seus agregados. Astrid é a matriarca, ela ficou viúva quando o filho mais velho tinha 21 anos e foi trabalhar num banco. Astrid é ativa na comunidade e defende o comércio local. Um dia ela testemunha o atropelamento de Barbara, uma vizinha da sua idade mas que ela não gostava por conta de uma fofoca de anos atrás. Mas a morte de Barbara deixa Astrid abalada e a faz decidir não guardar mais segredos nem sentimentos.Tem a filha grávida, a neta adolescente que vai morar com a avó, o filho mais velho ressentido, o mais novo good vibes e o resto da comunidade. Achei esse livro ok. Daria uma boa novela.

- In The Dream House - Carmen Maria Machado - (em português: Na Casa Dos Sonhos) - um livro de memórias sobre uma mulher e seu relacionamento abusivo com sua namorada que ela chama de "The Dream House" porque as duas alugam uma casa onde Carmen acha que vai ser feliz mas vive uma história de terror. Gostei mais da primeira metade do livro, a forma como ela conta a história é interessante mas tem tanta nota de rodapé desnecessária que ficava chato.

- Modern Lovers - Emma Straub - (em português: Amantes Modernos) Esse comprei pelo título que lembra a música do Bowie. A melhor coisa desse livro é o gato chamado Iggy Pop. É sobre 4 amigos que formaram uma banda de rock na faculdade e tocavam nos bares. Elizabeth e Andrew se casaram e tiveram um filho, Zoe também casou e teve uma filha e Lydia virou uma pop star. Lydia morreu de uma overdose e agora (20 anos depois da banda separar) querem fazer um filme sobre a vida dela, acontece que ela fez sucesso com uma música da banda que foi composta por Elizabeth e Andrew (mais Elizabeth, que ganha dinheiro com os direitos autorais da música) mas Andrew não quer assinar os papéis para ter sua vida contada no filme porque ele guarda um segredo. O livro é mais sobre a vida conjugal de Elizabeth e Andrew e Zoe e Jane do que os babados da banda. Entre esse livro e o Somos Todos Adultos Aqui acho que não preciso ler mais nada da Emma Straub.

- A Curva do Sonho - Ursula K. Le Guin - ficção cientifica de 1971 que passa no futuro de 2002. É sobre George, um homem que precisa de remédios para dormir que não o faça sonhar. Toda vez que ele sonha a realidade é alterada, as vezes pequenas coisas e as vezes coisas muito maiores. George se entorpece para não sonhar e não prejudicar as pessoas alternado a realidade delas. Mas ele é pego usando cartões alheios para comprar os remédios em grandes quantidades e passa da sua cota. George tem que fazer um tratamento voluntário (pero no mucho) com um psiquiatra que acaba descobrindo o poder do George em alterar a realidade e passa a manipular os sonhos do George. Mas o psiquiatra não controla o subconsciente do George, ele pode apenas fazer sugestões e cabe ao subconsciente interpretar. O ser humano é muito doido.

- Os Detetives Selvagens - Roberto Bolaño - Nos anos 1970 dois pseudo-poetas estão atrás de uma poetisa que criou um grupo de poetas em 1920. A primeira parte do livro é um diário de um rapaz que conhece esse dois pseudo-poetas e passa a fazer parte do grupo. Depois o livro é quase todo de depoimentos de pessoas que tiveram contato com eles ao longo de anos (até 1996) e no fim volta ao diário. Ele faz uma experimentação com a narrativa, e nos depoimentos ficamos sabendo o que aconteceu com os personagens secundários. É um livro longo, mais de 800 páginas, cansativo, perdi o foco várias vezes, mas as partes boas compensaram.

- Walk of Shame - Lauren Layne - Depois dos poetas detetives precisava de um livro bobo, mas esse foi bobo demais e ruim. Georgiana e Andrew vivem no mesmo prédio, ela é herdeira e chega em casa as 5 da manhã que é a hora que ele está saindo para trabalhar. Eles se gostam mas acham que não são correspondidos e ficam naquela briguinha. Um dia ele a desafia a passar um dia com ele no escritório e eles acabam se conhecendo melhor. Eles ficam juntos até ela descobrir que ele sabia que os pais dela iam se divorciar e como ela é uma mimada coloca a culpa nele. Foi uma revirada de olhos atrás da outra (até marquei a oftalmo depois de ler esse livro). Nos romances que li ano passado tinha reparado uma evolução no sentido que os casais se comunicavam melhor (inclusive no sexo) mas esse livro foi uma regressão total aos romances de banca Sabrina e Julia dos anos 1980.

- To Paradise - Hanya Yanagihara - O multiverso da depressão. A Hanya não escreve histórias felizes, vide A Little Life (Uma Vida Pequena), nem curtas, esse livro tem mais de 800 páginas. São 3 histórias que passam em 1893, 1993 e 2093 e são independentes mas em comum tem os nomes dos personagens e uma casa no Washington Square em NYC. Em 1893 David é um jovem solteiro e seu avô quer que ele case com Charles (mais velho e pançudinho) mas ele se apaixona por Edward. Nessa NYC que faz parte de um outro país que é um EUA dividido, todos os tipos de casamentos são aceitos. Em 1993 David é do Havaí e mora com Charles que é bem mais velho. Charles está dando uma festa de despedida para seu amigo Peter que está morrendo de AIDS. E tem a história do pai do David que se envolveu com um homem chamado Edward e fez parte de uma espécie de seita. E em 2093, num mundo onde os virus estão acabando com os humanos, tudo é controlado, o clima foi pro saco e depois de várias pandemias temos Charlie uma moça que trabalha num laboratório e é casada com Edward. Ela foi criada pelo avô Charles depois que o pai, David, morreu. Esse mundo de 2093 é assustador, até porque não é tão ficção assim. A história do meio achei chata, mas a primeira e a última são boas. Só muitos detalhes desnecessários, repetições e encheção de linguiça.

Homens Sem Mulheres - Haruki Murakami - livro com 7 contos sobre homens e como se relacionam com o abandono, o desejo, a descoberta, a paixão e a perda. Dois desses contos deram origem ao filme Drive My Car. Escrevi um post fazendo a comparação Livro x Filme e falo dos outros contos do livro.

- Véspera - Carla Madeira - Li o Tudo é Rio ano passado, achei a escrita dela boa e decidi ler esse. Véspera é melhor do que Tudo é Rio, até porque tem menos frases de efeito. O livro é em duas partes alternadas que se complementam. Em uma das partes Vedina, depois de uma briga com seu marido Abel, perde o filho na rua e fica procurando. Na outra parte temos a história de Abel, seu irmão gêmeo Caim, sua mãe super religiosa Custódia e seu pai Antunes. A parte do Caim se apaixonando pela Veneza é muito boa.

- A Cabeça do Santo - Socorro Acioli - Depois da morte da mãe, Samuel vai a pé de Juazeiro do Norte até Candeia para realizar o último desejo dela. Ele chega na cidade praticamente um mendigo e acaba se abrigando dentro da cabeça de um Santo Antônio que o corpo de 20 metros fica no alto do morro mas nunca colocaram a cabeça. Samuel passa escutar as vozes de mulheres rezando para o santo pedindo marido e decide fazer um desses pedidos acontecer. Aí a cidadezinha que estava abandonada passa a receber romarias. Achei essa história muito boa.

- O Deus Das Avencas - Daniel Galera - 3 histórias que falam de relações familiares num mundo em volta que está se desfazendo. A primeira é um casal nos momentos que a mulher começa a sentir as contrações do parto mas ainda não é o momento do parto e eles passam quase dois dias, na véspera da eleição de 2018, passando pelos momentos de "é agora?". A segunda história é num futuro não muito distante mas onde o clima foi pro saco (acho que estou num tema) e um homem frequenta um grupo de terapia onde ele leva sua mãe, ou a consciência de sua mãe armazenada num ovo, para entender e lidar com esse tipo de relação. Os flashbacks dele em Tóquio são ótimos. E a terceira história é num mundo pós-apocaliptico onde uma comunidade se desenvolveu no alto de uma montanha e dependem de abelhas para manter a saúde. As três histórias são muito boas. (considerei esse um livro de contos)

- Afterparties - Anthony Veasna So - São 9 contos sobre imigrantes cambojanos que foram para California. Na verdade é mais sobre os filhos desses imigrantes e como lidam com a herança do genocídio que aconteceu no Camboja nos anos 1970 e com as complexidades de raça, sexualidade, amizade e família. Gostei muito de 6 histórias: a da mãe com duas filhas na loja de donuts; a dos dois irmãos na festa de casamento; a do rapaz que formou na faculdade mas trabalha na oficina de carros do pai, a da mãe que conta para o filho de 9 anos como sobreviveu um tiroteio numa escola (em 1989), a do rapaz no templo com os monges e a a de um rapaz que começa um namoro com um cara mais velho.

- Não É Um Rio - Selva Almada - Essa escritora argentina estava na minha lista e peguei esse para ler. É sobre três amigos que vão pescar numa ilha. É um ritual que fazem sempre, dois homenes são mais velhos e o terceiro é filho do amigo que morreu há alguns anos. Eles pescam uma raia enorme e isso deixa alguns locais chateados. O livro conta a história dos 3 e de mais algumas pessoas da ilha. Tudo em menos de 100 páginas.

- A Casa do Silêncio - Orhan Pamuk - Gosto muito dos livros do Orhan Pamuk, ele nos mostra uma Turquia sem muito filtro e sempre com histórias envolventes. Aqui os eventos são contados em 5 pontos de vista: Fatma (a idosa dona da casa), Recep (o empregado anão), Faruk (neto mais velho da idosa), Metin (o neto mais novo) e Hasan (sobrinho revolts do Recep). Os netos de Fatma vieram passar uns dias do verão com a avó e é quando eles aproveitam para visitar o tumulo do avô e dos pais. Através da Fatma sabemos toda a história (pesada) da família, pelo Recep sabmos outro lado da história da família, Hasan nos põe a par da situação política, Faruk é um historiador e Metin nos conta os babados da juventude rica na cidadezinha de praia. Achei que faltou o ponto de vista da Nilgun (a neta da idosa). A escrita do Ohran Pamuk é muito boa, mas nesse livro quando chegou um pouco depois da metade eu só queria que terminasse. O narrador mais chato é o Faruk.

- Careless - Kirsty Capes - Bess é uma garota de 16 anos que acabou de descobrir que está grávida. Ela não sabe o que fazer. Boy (o namoradinho) não fala com ela há semanas, ela não quer contar para os pais (que são adotivos temporários) e nem para seu assistente social. Bess conta com o apoio de sua amiga Esh que também tem seus problemas. A primeira metade do livro é Bess contando como conheceu Boy, como é sua vida nessa família temporária mas que já a abriga há 10 anos e um pouco de seu passado. A segunda metade do livro é ótima, me deixou quase que na ponta da cadeira querendo saber qual seria a decisão final da Bess.

- Éter - 18 contos de batom borrado e outros anestésicos - Luciana Nepomuceno - Na verdade são 18 contos principais, 2 contos a 4 mãos, vários micro contos (um paragrafo) e outros 33 mini contos de uma página. Gostei muito de 6 dos 18 contos principais (mas são todos bons), os dois contos a 4 mãos são muito bons, as pílulas são interessantes mas quando cheguei nos 33 mini contos já estava cansada desse livro. Esse é o meu problema com livros de contos, acho que exigem uma certa paciência, talvez deixar do lado da cama e ler um conto por vez, mas gosto de terminar um livro antes de ir para outro. Acho melhor os livros com poucos contos.

- A Espera e Grama - Keum Suk Gendry-Kim - duas HQs lindamente desenhadas que contam duas histórias de sofrimento com muita sensibilidade. Em A Espera uma mãe se separa de seu filho enquanto foge do norte para o sul da Coréia, no meio de bombardeios e tiroteios, no início da guerra da Coréia e anos mais tarde tem a esperança de encontrá-lo através de um programa que unia as familias separadas (por poucas horas). Grama é a história de Lee Ok-sun uma menina que apenas queria ir para escola mas foi levada da Coréia para a China para ser uma "mulher de conforto" durante a ocupação japonesa na segunda guerra. É uma vida de sofrimento contada pela Ok-Sun idosa para uma autora de quadrinhos. Gostei muito das duas HQs.

- Build Your House Around My Body - Violet Kupersmith - Winnie é americana filha de pai vietnamita e ela vai para Saigon ensinar inglês, mas na verdade ela foi sem muita intenção de voltar. Um dia, em março de 2011, ela some. A história da Winnie está ligada aos irmãos Phan (Long e Tan), a amiga deles Bihn, um médico traficante de drogas, a fazendeiros franceses que viveram 60 anos antes, um vidente, uma senhora na cadeira de rodas que vende a loteria, cobras de duas cabeças, um cachorro e até um monstro de fumaça. Não sabia que o povo vietnamita tinha um folclore tão rico com superstições e histórias com fantasmas. O vai e vem no tempo as vezes é confuso mas as histórias dos personagens são boas, ainda assim classificaria em: livros para ler chapado.

- Second First Impressions - Sally Thorne -(em português: Segundas Primeiras Impressões) não sei porque dei uma segunda chance a Sally Thorne, o outro livro dela (The Hating Game) me deu raiva, mas precisava de uma coisa leve e boba para ler, custou 3 reais e fiquei curiosa com as tartarugas da capa. Achei esse livro melhor do que o outro, pelo menos os personagens são menos irritantes e são até fofos. Ruthie é uma garota de 25 anos que acha que tem 125 e trabalha (e mora) num condomínio de casas para idosos, ela se sente um deles (e se veste como um). Teddy é um rapaz, tatuado e tatuador, com cabelo comprido e lustroso (esse detalhe é muito importante e mencionado vááárias vezes), que precisa de dinheiro para ser sócio num studio de tatuagens. Acontece que Teddy é filho do dono do condomínio mas está sem grana (ele não quer o dinheiro do pai) e precisa de um lugar para ficar, aí o pai diz que ele pode ficar no condomínio desde que trabalhe. Teddy acaba sendo assistente de duas idosas ricas e divertidas e vizinho de porta de Ruthie. Ao contrário do Walk of Shame (acima nessa lista) nesse livro os personagens se comunicam melhor e mais diretamente. E tem tartarugas na história.


A Parte 2 dos livros de 2022.


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