30.4.22

+ Filmes e Séries (e duas novelas coreanas)

Filmes

The Bubble - Uma comédia sobre uma equipe que vai fazer a filmagem do sexto filme de uma série famosa de filmes com dinossauros. Acontece que é tudo durante a pandemia, então temos todos os procedimentos de segurança, pessoas tendo que ficar de quarentena nos quartos (algumas vezes), atores egocêntricos, seguranças exagerados, muita confusão e até dancinhas do Tik Tok. Achei divertido, poderia ser mais curto. (NETFLIX)

The Battleship Island - Filme coreano de 2017 sobre os 400 coreanos que estavam trabalhando numa mina (quase como escravos) numa ilha na costa de Nagasaki no fim da segunda guerra e se rebelaram. Vi esse filme porque em Pachinko falaram dessa mina e como os japoneses exploraram os coreanos. O filme é bem feito (melodramático porque afinal de contas é coreano), as cenas de guerra não poupam ninguém. Tem o Song Joong-ki (Vincenzo!) fazendo um espião infiltrado nos mineiros para ajudar um coreano influente a sair. Tem uma garotinha que é a filha do lider de uma banda que vai para as minas "por acaso" e é a dona do filme. (Amazon Prime Video)

All The Old Knives - dois agentes da CIA que foram amantes se encontram para um jantar cheio de desconfiança porque ele está investigando o que aconteceu num sequestro de avião que aconteceu 10 anos antes quando os dois trabalhavam e viviam juntos. Até metade estava achando mais ou menos mas gostei da reta final. (Amazon Prime Video)


Séries

Tokyo Vice - Série com o Baby Driver (Ansel Elgort) onde ele faz um jovem repórter americano que consegue entrar para o maior jornal do Japão e vai para a seção policial. É baseado no livro de memórias do Jake Edelstein. Ele começa investigar uns crimes que tem a Yakuza de pano de fundo e começa circular no meio. A série passa em 1999. Baby Driver fala muito japonês nessa série que tem o Ken Watanabe fazendo um policial que também investiga os crimes ligados a yakuza e ajuda o Baby Driver a conhecer melhor como funcionam as coisas em Tóquio. O Sato, um rapaz da yakuza, é o melhor personagem. O Shô Kasamatsu, ator que faz o Sato, é ótimo. Achei muito boa e aproveito para dizer que uma segunda temporada é mais do que necessária. (HBO Max)

Sato deveria estar no poster

Minx - no início dos anos 1970 a Joyce quer lançar uma revista feminista para falar de assuntos que são do interesse das mulheres, com seriedade, mas, na época, os editores (todos homens) não acreditavam nisso. O único que comprou a idéia da Joyce foi o Doug que tem uma editora de revistas adultas. Doug diz para Joyce que para ter os artigos lidos ela precisa chamar atenção das leitoras e sugere uma revista com nus masculinos. Aí como é HBO temos um festival de cenouras, berinjelas e pepinos. Joyce e Doug tem que enfrentar os preconceitos e até a mafia. Achei boa. (HBO Max)

Moon Knight - Oscar Isaac faz esse herói da Marvel que eu não conhecia. Ele é um homem com multiplas personalidades que as vezes é possuido por um deus egípcio. E Ethan Hawke faz o vilão que é do time de outro deus egípcio. Está muito bem feita e fiquei curiosa para saber dos deuses egípcios e quem é quem na fila da pirâmide. (Disney +)

Bridgerton - A segunda temporada é sobre Anthony, o filho mais velho da família Bridgerton. Chegou a vez dele arranjar uma esposa e ele é prático. Anthony espera a rainha declarar quem e o diamante da temporada e vai atrás mas acaba gostando da irmã dela. O duque hot hot hot fez falta mas achei a trama da Eloise com a Penelope boa e das irmãs Sharma também. A primeira temporada é melhor. (NETFLIX)

Anatomy of a Scandal - Um parlamentar britânico é acusado por uma funcionária de seu gabinete, com quem tinha um caso, de estupro. Mostra todo o processo e julgamento de um caso que é ele disse/ela disse. Tem Lady Mary de Downton Abbey fazendo a procuradora da Rainha. (NETFLIX)

He's Expecting - série japonesa sobre um homem que fica grávido. A gravidez masculina é apenas uma coisa que está acontecendo com alguns homens. A série é sobre um homem passando por todas as situações que uma mulher que engravida num país patriarcal e machista. Kentaro é um cara bacana, ele não é machista, é dedicado ao trabalho, sai com algumas mulheres mas tem uma amiga com benefícios que é a Aki. Um dia Kentaro começa sentir os enjoos, passa mal e vai no médico que dá a notícia do bebê. Kentaro quem que decidir se vai ficar ou não com o bebê, tem que avisar a Aki que é a mãe da criança, começa sentir a montanha russa dos hormônios, perde posição num trabalho importante, tem que parar de beber e por aí vai. (NETFLIX)


Novelas Coreanas

25/21- Twenty five twenty one - No presente (2022) a Hee Do é uma celebridade e está com a filha adolescente numa competição de ballet. A filha fica chateada com a mãe, desiste da competição vai morar com a avó onde ela descobre um diário da Hee Do de quando estava na escola e treinava esgrima. Vamos para 1998, no meio da crise financeira da Coreia do Sul, e Hee Do, com 18 anos, quer trocar de escola porque a dela acabou com o time de esgrima por falta de dinheiro. Hee Do conhece o Yi-jin que entrega jornais e também trabalha na loja de HQs. Yi-jin tem 22 anos e teve que abandonar a faculdade de engenharia e trabalhar porque seu pai faliu (e fugiu) e a família teve que se separar. A Hee Do é fã de uma outra garota esgrimista, Yu-rim, que é campeã, e vai estudar e treinar na mesma escola. Yu-rim conhece o Yi-jin desde nova porque a família dele a patrocinava. Rola uma rivalidade entre Hee Do e Yu-rim por causa da esgrima. Hee Do e Yi-jin ficam muito amigos, se ajudam, se entendem, certamente vai rolar algo ali e já estou torcendo muito para que os dois fiquem juntos.

MAS sabemos desde o início que em 2022 eles não estão juntos. 

O QUE ACONTECEU? 


Essa novela me lembrou muito Licorice Pizza porque tem o lance da diferença de idade (para os coreanos é meio escândalo um rapaz de 22 e a moça de 18), tem a afinidade dos dois, e também porque Hee Do e Yi-jin vivem correndo nessa novela: um para o outro, um atrás do outro e as vezes juntos. Só não digo que é a pressa da juventude porque, quanto o assunto é romance, coreano não tem pressa em nada, é tudo na camera lenta (nas novelas é literalmente). Nam Joo-hyuk (o Yi-jin) corre muito elegante, corrida de modelo com cara de apaixonado. A Kim Tae-ri (Hee Do) é ótima mesmo gritando um bocado e a Hee Do é puro girl power. Os dois tem a maior química e formam um dos melhores casais de novela coreana. Já aprendi mais de esgrima vendo 25/21 do que vendo as Olimpiadas. Essa novela é de uma leva de novelas coreanas que estão mudando, tem menos clichês. É sobre amadurecimento mas também fala sobre a pressão de sempre vencer, de ser o melhor, que as vezes tudo bem falhar e que maus (e bons) momentos são passageiros. (NETFLIX)


Business Proposal - não ia ver essa novela porque me pareceu muito boba mas como nos primeiros 2 episódios teve TODOS os clichês de novela coreana, inclusive o beijo de olho aberto, qualquer coisa que viria pela frente poderia ser uma surpresa. Não teve surpresa, é uma novela coreana de romance pura na essência e nos clichês, mas dei risadas vendo essa novela, tudo funciona, e no fim acabei gostando.

A Ha Ri trabalha numa empresa de produtos alimentícios e tem um crush num chef que a colocou na friendzone. A melhor amiga dela é a Young Seo que é muito rica e o pai fica arranjando dates com possíveis maridos. Um dia A Young Seo tem que ir num blind date e manda a Ha Ri em seu lugar para fazer a loka e o rapaz desistir do casamento. Ha Ri aceita ir nesse date porque a amiga diz que vai pagar e Ha Ri tem dívidas. Acontece que o encontro é com o Tae Moo que vem a ser o CEO da empresa onde Ha Ri trabalha. Quando Ha Ri descobre que é ele pensa em fugir mas decide continuar e fazer a loka na esperança dele desistir de seguir com o encontro. Tae Moo é um cara prático, ele não quer casar agora, mas está cansado do avô (que assiste novelas) ficar insistindo em casamento dizendo que vai mandá-lo em dates até ele achar uma noiva e acaba pedindo um segundo encontro. A Young Seo confessa que não era ela e que tinha contratado alguém mas Tae Moo pede o telefone da Ha Ri que se apresenta a ele com um outro nome e não diz que trabalha na empresa dele. Ele propõe a Ha Ri um namoro falso para agradar o avô e ela acaba aceitando, outra vez o fator financeiro e também porque Tae Moo é bonitão.
Aí são muitas confusões. 
Tem o vôzinho coreano com as sobrancelhas mais bizarras das novelas. 
O Sr. Cha, que é o secretário do Tae Moo, é lindão e a Young Seo fica apaixonada por ele (esse casal secundário é muito interessante).  (NETFLIX)

(vou fazer uma lista dos clichês de novela coreana)

29.4.22

Pachinko: Livro x Série

Ano passado li Pachinko que conta a saga de uma família coreana desde a ocupação japonesa da Coréia (de 1910 a 1945) até 1989. 

A ocupação japonesa da Coréia foi brutal e os coreanos que imigraram para o Japão foram tratados como cidadãos de segunda classe até muitos anos depois da guerra. Pachinko é um jogo que mistura fliperama com caça-niqueis e é um jogo que depende da sorte (e de alguns ajustes). Os japoneses adoram jogar pachinko, que foi proíbido no Japão durante a guerra mas voltou logo depois. Trabalhar no pachinko era uma das atividades que os coreanos (e descendentes) conseguiam exercer já que não podiam ser policiais, professores, enfermeiros, etc. O pachinko também serve de metáfora para a história dessa família que está sempre sujeita a elementos que não depende deles mas que estão sempre dispostos a jogar, sobreviver e prosperar.

Quando a Apple TV+ anunciou que estava filmando a série fiquei curiosa e achei o formato adequado. Poderia ser um filme? Sim, mas como a história é longa e passa por muitas décadas o formato série é melhor. 

A série é muito bem feita. Fotografia, direção, figurino (usaria todas as roupas dos coreanos de 1920), trilha sonora e até como escolheram contar a história. As três atrizes que fazem a Sunja são maravilhosas: Jeon Yu-Na (criança), Kim Minha (adulta) e a oscarizada Youn Yuh-yung (idosa). O Lee Minho é o Hansu que tinha imaginado lendo o livro e me apeguei ao Isak (Steve Sanghyun Noh) da série. O elenco é todo muito bom (e poliglota).

Uma coisa interessante da série é que as legendas são em 3 cores: branco para as partes faladas em inglês, amarelo para coreano e azul para japonês. Assim sabemos quem fala o que e também as falas que misturam as duas linguas. Afinal é sobre imigrantes e seus descendentes.

Antes da série estrear, no final de março, reli o livro para lembrar de vários detalhes que já tinha esquecido. 

Sei que cada meio é diferente para contar a história, cada um com suas vantagens, e não devem ser comparados, mas vou falar das diferenças e semelhanças. Sem spoilers (eu acho). 

A maior semelhança é que livro e série emocionam igualmente.

A maior diferença da série para o livro é que a história no livro acontece na ordem cronológica, de 1910 a 1989. Na série é como se fosse um paralelo entre a vida do Solomon, o neto da Sunja, em 1989 e a dela desde que nasceu, então, nos episódios, o passado e presente se alternam e as vezes a narração de um sobrepõe o outro. A imigrante que chega no Japão e seu neto, a segunda geração da família em solo japonês.

Isso, pra mim, foi bom porque no livro quando chega no Solomon a Sunja meio que ficou abandonada por alguns capítulos. Na série ela está sempre presente.

Tem personagens do livro que sumiram, alguns ficaram menores (por enquanto), outros aparecem mais e também tem os que são exclusivos da série.

A história do Solomon é um pouco diferente. Na série não existe a namorada americana-coreana do Solomon, que, para mim, abordava melhor o tema imigração e diferentes tipos (já que a família dela foi para os EUA) mas a série mostra bem como o Solomon não se sente pertencente a nenhum dos três lugares: no Japão ele é coreano (mesmo tendo nascido e vivido no Japão), nos EUA ele é um asiático, na Coréia ele é estrangeiro.

Solomon (Jin Ha) da série é mais ambicioso e tem espaço para seguir a história dele para além do livro, inclusive essa busca de identidade.

A série tem uma personagem maravilhosa (a senhora coreana que não quer vender a casa) que no livro não passa de duas frases. Na série essa senhora tem destaque e uma das melhores cenas.

Na série Solomon e Hana tem sua história reduzida mas o desfecho é parecido e importante para ele.

A história da Sunja idosa na série é um pouco diferente e ela é mais participativa na vida adulta do Solomon. 

A história da Sunja criança até a imigração para o Japão é quase igual ao livro. A série nos dá vários elementos a mais que não tem no livro e melhora a história. O episódio 4 é um exemplo disso e é maravilhoso.

Sunja e Isak em Osaka na série tem algumas diferenças para o livro mas deixa a história mais interessante. O irmão do Isak e a esposa seguem a história do livro.

A série introduz o Noa no último episódio da temporada, ainda criança (o garotinho que faz é sensacional). Não sei se vai seguir a história do livro mas precisamos saber! Também quero saber mais do Mozazu da série que até agora só vimos versão bebê e senhor de meia idade (o ótimo Soji Arai).

Uma coisa que a série fez lindamente foi toda a parte da Sunja com o Hansu. E faz melhor do que o livro quando consegue mostrar como o Hansu é uma espécie de sombra pairando sobre a vida da Sunja. Na série vemos os vários lados do Hansu que ganhou um episódio próprio contando a história dele jovem durante o terremoto de 1923 em Yokohama, que não tem no livro, e é ótimo! Vamos combinar que o Lee Minho é bonito e carismático.

Ainda não sei se terá uma segunda temporada (dedinhos cruzados) mas essa primeira temporada deixou de fora o que considero a melhor parte da história: dos anos da segunda guerra até 1965. Acho que quem não leu o livro ficou curioso para saber o que acontece com alguns personagens, e até quem leu também porque tem algumas mudanças.

Espero que tenham feito essa série como uma novela coreana de 16 episódios que dividiram em 2 temporadas de 8 episódios.

UPDATE: foi só eu publicar esse post que a Apple TV+ anunciou que vai ter a segunda temporada. Ainda bem.

Enquanto isso vou deixar a abertura da série aqui. No último episódio da temporada a música foi cantada em coreano.