30.6.20

+ Series e Filmes (na quarentena)

Filmes

Eurovision Song Contest - filme sobre uma dupla da Islândia que quer competir no Eurovision, aquela competição cafona (mas divertidíssima) de música entre os países Europeus. Foi o Eurovision que lançou o ABBA no mundo. Dei risadas nesse filme, tem um momento ótimo que todos cantam e alguns dos vencedores do Eurovision nos últimos anos aparecem. Na Netflix.

WASP Network - Filme sobre um grupo de cubanos que fugiu de Cuba para Miami e de lá passaram a trabalhar em organizações que ajudam outros cubanos a fugir. Mas tem um plot twist aí e é baseado em uma história verdadeira. Na Netflix.

Da 5 Bloods - filme do Spike Lee sobre 4 senhores que voltam ao Vietnã para recuperar o corpo de um do destacamento que morreu na época da guerra. Tem muitas imagens reais, tem muitas referências a filmes dos anos 90 sobre a guerra do Vietnã e Spike Lee dá seu recado. Na Netflix.

The Vast of Night - filme de um diretor estreante que com um orçamento baixo consegiu fazer um filme interessante sobre um fenômeno que acontece numa cidadezinha americana nos anos 1950. A telefonista e o locutor da rádio local vão tentar desvendar esse mistério. Na Amazon Prime.

Tramps - um filme fofo sobre um rapaz que tem que participar de um trambique em grupo porque seu irmão está preso. Ele tem que pegar uma pasta de uma mulher com uma bolsa verde, acontece que ele pega a pasta da mulher errada e conta com a ajuda da menina que estava dirigindo o carro. Os dois vão se conhecendo enquanto tentam recuperar a pasta. Na Netflix

Her Smell - filme sobre uma roqueira que faz parte de uma banda só de mulheres. A primeira hora de filme é ela sendo INSUPORTÁVEL com todos. É difícil aguentar essa primeira hora de filme, mas depois melhora muito. Tem uma cena bonita dela cantando para a filha no piano. A Elizabeth Moss é a roqueira e ela consegue passar todas as emoções, inclusive de ser insuportável.

Shirley - Sobre a escritora Shirley Jackson que escrevia histórias de terror. Ela e o marido recebem um casal jovem em casa. O marido da Shirley (que é um mulherengo escroto) sugere que a moça do casal ajude a  Shirley que nessa fase é agorofóbica, e ela acaba virando empregada. Mas Shirley também não é uma pessoa legal e consegue ser tão escrota quanto seu marido. Elizabeth Moss outra vez fazendo muito bem o papel.


Séries

Outerbanks - Não ia ver essa série, mas sobrou tempo e acabei apertando o play. É Dawson's Creek com Scooby Doo. Na ilha de Outerbanks tem o lado rico e o lado pobre, Johnny B é do lado pobre e seu pai sumiu procurando um tesouro. Depois de uma tempestade a ilha fica sem luz e sinal de celular e Johnny B e seus amigos decidem procurar o tesouro. Série teen, bobinha mas fiquei curiosa e vi até o fim. Na Netflix.

Perry Mason - Nova série da HBO que conta a história do Perry Mason antes dele ser o defensor público da série que passava nos anos 1950. Vi 2 episódios até agora e achei boa, vamos ver como desenvolve.

I'll Be Gone In The Dark - série documentário sobre o livro de mesmo nome que a autora Michelle McNamara escreveu. Michelle era obcecada por histórias de crime e começou a investigar um serial killer que estrupou várias mulheres na California nos anos 1970, depois matou casais e sumiu. Ela começou com um blog e passou para escrever um livro mais sobre as vítimas do que o assassino. Acontece que Michelle faleceu antes de terminar o livro mas sua pesquisa foi tão boa e extensa que o assassino foi preso em 2018. A série segue o livro e tem muito material da Michelle em video e audio. Na HBO.

Betty - série sobre meninas skatistas em NYC. O mundo do skate é masculino e machista mas nos últimos anos muitas meninas estão conseguindo seu espaço. Na série um grupo se junta para andar de skate e eventos vão acontecendo (tem festa, cadeia, meninas papeando, boy lixo). São jovens adolescentes urbanas. As cenas de skate são ótimas, mas como priorizaram meninas que andam de skate mesmo as vezes a atuação fica a desejar mas é uma série girl power. (A série vem do filme Skate Kitchen que tem basicamente as mesmas personagens mas inseridas em contextos diferentes. Acho que para ter estrutura de série tiveram que fazer algumas mudanças e funcionou) Na HBO.





9.6.20

Analisando a música: Heavy (Orla Gartland)

Ainda respirando os ares de Normal People, estava escutando a playlist das músicas da série no spotify e tem vários artistas irlandeses novos.

Uma das músicas que gostei na série foi Did It To Myself da Orla Gartland, uma irlandesa de 25 anos que começou fazendo covers no youtube e em 2013 ela lançou seu primeiro disco. É só isso que sei dela.

Fui escutar as outras músicas e Orla Gartland faz um som pop melódico. Me lembrou um pouco a Florence Welch só que menos hipster (gosto da Florence and the Machine).

Heavy, que foi lançada em janeiro desse ano, me chamou a atenção porque parece uma música que já conheço (mas não sei qual). É melódica, o liricismo da letra se encaixa no ritmo da música e é bonita.

Aí parei para escutar a letra.

Orla  Gartland disse que escreveu essa música ano passado "when I was right in the thick of desperately missing someone and feeling sad as heck".

Heavy não toca em nenhum episódio de Normal People mas a BBC usou no trailer. Faz sentido.

A série é sobre Connell e Marianne e seu relacionamento desde o fim da adolescência na escola até os anos do início da vida adulta na universidade. É um relacionamento que vai e vem entre dois jovens apaixonados que tem muita intimidade mas também algumas dificuldades, desde comunicação a não saber lidar com sentimentos intensos.

A série é muito bem feita e bonita.

Não vou dar spoilers da série nessa análise. Vão assitir. Fica a dica.

Mas vamos ver o que a Orla Gartland fala na letra dessa música que é uma carta poética para um fim de relacionamento.


Do you think about me at night?
When the sky is losing light
I swear my head fills up with memories every time
Are you moving on with your life?
Did you find a job you like?
Always thought you could do anything

E parece que foi um fim recente. Não sei se foi um fim de relacionamento amistoso ou turbulento mas vamos ver se ao longo da música ela diz.

Ela começa perguntando "Você pensa em mim a noite?". Porque quando o céu vai perdendo a luz a cabeça dela sempre se enche de memórias.

Ela quer saber como ele (ou ela) está, se a vida seguiu e se está num emprego que gosta. Ela sempre acreditou que ele poderia fazer tudo.

And I've been running over all the things that I will never say to you
Like how I just wanna hang with you
And watch Grand Designs
And I've been trying to train my mind to put you in another category
But it's still not coming naturally
After all this time

E ela fica pensando em todas as coisas que nunca vai dizer para ele. Como ela gostaria de estar com ele, curtindo, e assistir Grand Designs (programa de arquitetura). Depois de um fim de relacionamento, que a outra pessoa sai da sua vida assim de uma vez, sente-se muito a falta das coisas mais simples e corriqueiras.

Ela está tentando condicionar sua mente a colocá-lo em outra categoria. De namorado para ex-namorado, ou para amigo, ou para apenas alguém que ela conhecia.

Mas é uma coisa que ainda não vem naturalmente para ela. Mesmo depois desse tempo todo. (Então o fim do relacionamento não é tão recente assim.)

So tell me why this has to be so heavy
Tell me why this has to be
‘Cause I really thought that we'd be cool
Some exception to the rule
But honestly, I think it has to be this heavy

E ela quer saber por que tudo isso tem que ser tão pesado. Ela achava que estaria tudo ok entre eles, que seriam algum tipo de exceção a regra, mas conclui que tem que ser pesado mesmo.

Sim. Para a vida seguir tem que ser assim.

I wish your mum and I could be friends
I think about her now and then
How we drove up to her house
I'll never see that dog again
I guess I needed a minute
To live a life without you in it
But you're in every stripey t-shirt that I own

Ela gostaria de continuar amiga da (ex) sogra, que pensa nela as vezes e sente saudade do cachorro. Porque no fim de relacionamento muitas vezes perde-se outras pessoas (e animais) que faziam parte da convivência.

"Acho que precisei de um tempo para viver uma vida sem você".  ("I guess I needed a minute, to live a life without you in it" palmas para essa frase.)

Mas ele está em cada camiseta listrada que ela tem.

A única solução é parar de usar as camisetas listradas por um tempo, exatamente esse tempo para se acostumar a vida sem esse relacionamento.

Ou não. Usa todas as camisetas listradas. Cada um passa pelo sofrimento como pode.

Oh, I've been running over all the things that I will never say to you
Like how I just wanna sing with you
As we're walking home
And I've been kissing different faces just to make it a reality
Oh, I did it for the therapy
But I felt alone

Ela continua pensando e relembrando todas as coisas que nunca vai dizer para ele. Como ela só quer cantar com ele enquanto voltam andando para casa.

E ela tem beijado rostos diferentes para ver se cai na real. (Quem nunca?)
Ou fez isso como terapia mesmo.

Mas se sentiu só.

So tell me why this has to be so heavy
Tell me why this has to be
‘Cause I really thought that we'd be cool (we'd be cool)
Some exception to the rule
But honestly, I think it has to be this heavy

Então o refrão mais uma vez. Ela quer saber por que isso tem que ser tão pesado e por que tem que ser.

Deve ter sido um término mais para o turbulento porque ela diz que achava que estaria tudo ok, que achava que eles dariam certo numa outra categoria, amigos talvez, (que estariam cool um com o outro), mas não aconteceu.

Eles não são exceção, e ela sabe que tem que ser pesado e tem que passar por tudo isso.


Do you think about, do you think about, think about
Do you think about, do you think about it too?

Ela termina querendo saber se ele também pensa sobre tudo isso. (acho que ela não vai ter uma resposta)


O video é com a letra da música e já começa com um coração partido.



7.6.20

+ Series

I know this much is true - Minissérie da HBO sobre dois irmãos gêmeos, Domenick e Thomas, sendo que um deles (Thomas) é esquizofrênico. Thomas teve um surto, entrou numa biblioteca com um facão e cortou sua mão. Daí pra frente é só tragédia na vida do Domenick que tenta manter o irmão num lugar decente (mandam o irmão para uma espécie de prisão psiquiátrica). Já vi 4 episódios e o Domenick ainda não foi feliz. O avô deles escreveu um manuscrito em italiano que o Domenick manda traduzir mas a tradutora avisa que é melhor não ler (depois coloco nos comentários se a desgraça é grande). Mark Ruffallo está maravilhoso fazendo os dois irmãos e também palmas para o ator que faz os dois mais jovens.

High Fidelity - Série baseada na livro do Nick Hornby e no filme com o John Cusak, mas aqui Rob é uma mulher (a ótima Zoë Kravitz). Rob é dona de uma loja de discos no Brooklyn e acabou de passar por um fim de relacionamento. Ela faz um top 5 fins de relacionamento e vai atrás de saber porque não deram certo. Enquanto isso ela sai com um cara simpático e legal que faz tudo por ela mas ela tem seus problemas. A série é tão boa quanto livro e filme e a trilha sonora é maravilhosa - está no Spotify.

The Last Dance - série documentário sobre o campeonato de 1998 que foi o sexto que o Chicago Bulls ganhou na década de 1990. A série vai e volta no tempo mostrando todos os campeonatos que ganharam na década e conta a história de seus principais jogadores, especialmente Michael Jordan. É sobre basquete mas também é sobre marketing, sobre fama e influência numa época sem redes sociais e sobre competitividade. Fiquei impressionada com o nivel extreme estratosférico de competitividade do Michael Jordan. Vale a pena até para quem não é fã do esporte. Na Netflix.

The Loudest Voice - Minissérie do ano passado sobre o Roger Ailes que criou a Fox News e foi acusado de assédio pelas ancoras e funcionárias da emissora. A história das mulheres foi contada em Bombshell, que não é um filme muito bom. A série mostra todo o alcance da influência do Roger Ailes e que homem escroto. Russell Crowe faz o Roger Ailes e passa bem a sensação de homem asqueroso que ele devia ser.

Space Force - Série do criador do The Office com o Steve Carrell. É praticamente Michael Scott militar comandante de uma base que tem que levar o homem a lua. Tem poucas piadas boas e esperava uma série melhor. Vi todos os episódios mas não sei se me importei o suficiente para ver uma segunda temporada se tiver. Na Netflix.

Upload - Outra série dos criadores de The Office e Parks and Rec. Essa se passa num futuro onde depois de morrer as pessoas (que tem dinheiro) podem ser carregadas para um mundo virtual onde até podem se comunicar com os vivos. O Nathan é um jovem que criou uma versão mais acessível desse mundo virtual mas ele sofre um acidente de carro (o carro autoguiado teve um defeito) e tem que escolher ser carregado para o mundo virtual ou tentar a sorte na mesa de cirurgia. A namorada rica dele paga a transferencia para o mundo virtual. Essa série poderia ter um foco mais no filosófico já que essa coisa de ser carregado para o virtual é uma negação da morte. Tem pequenos detalhes engraçados que sempre apontam esse fato, mas tem um foco no romance. Achei melhor que Space Force. Na Amazon Prime.

Homecoming - A segunda temporada está na Amazon Prime e gostei mais do que da primeira. Nessa a Janelle Monae acorda num barco no meio de um lago sem lembrar quem é e como foi parar lá. A temporada é ela buscando as respostas e a ligação com a primeira temporada é com o Walter Cruz que aparece nessa também buscando respostas. Não precisa ver a primeira temporada para entender a segunda. Episódios curtos, história simples mas tudo muito bem feito. E tem Nina Simone cantando My Way.

Dispatches From Elsewhere - Não sei nem como explicar essa série. O Jason Segel faz o Peter que trabalha  numa espécie de Spotify e a vida dele é um tédio. Um dia ele vê cartazes pela rua e decide pegar o número e ir até o lugar indicado. Lá ele começa uma espécie de gincana pela cidade (Filadelfia) e se junta a outras 3 pessoas para resolver as pistas deixadas. Essa gincana é um tipo de experimento social. Mas aí a gincana acaba no meio da série e de repente vira uma coisa meio existencial. É quase I am the Walrus dos Beatles: I am he as you are he and you are me and we are all together. Na Amazon Prime.