26.12.17

Momento TOC Livros (11)

Esse ano li mais do que ano passado, não tinha colocado meta mas li 20 livros. Yeah! Mesmo com uma Netflix no meio do caminho.

O que foi novidade esse ano é que li 3 autobiografias, uma biografia e mais 3 livros que não são de ficção. Se alguém se der o trabalho de ver os últimos 10 Momentos TOC Livros vai ver que sou mais da ficção do que da não-ficção.

E o meu segundo caderno de livros já está preenchido. Já comprei um novo para começar 2018.

Então vamos aos livros desse ano.

- Born To Run - Bruce Springsteen - a autobiografia do The Boss do rock n' roll. Gostei da prosa dele e como ele falou de suas músicas. Fiz um post aqui no blog desse livro junto com o próximo.

- Rita Lee: Uma Autobiografia - a Rita Lee conta sua história quase como se fossem anedotas de uma tia nas festas de natal. No post falo mais sobre esse livro.

- Nutshell - Ian McEwan - nesse livro a história é contada do ponto de vista do feto que ainda está na barriga da mãe. Gostei desse livro.

- The Princess Diarist - Carrie Fisher - a querida Princesa Leia faleceu ano passado no meio do tour de divulgação desse livro. Carrie Fisher encontrou seus diários da época que filmou o primeiro Star Wars quando tinha 19 anos. No livro (que é uma espécie de autobiografia) ela começa preparando o cenário para que quando chegar nas páginas do diário de fato (e ela não mudou nada) já estamos inseridos em todo contexto. A escrita dela é deliciosa.

- 20 - Branca Sobreira - A Branca é minha amiga e esse é seu primeiro livro de contos. São 20 contos e tenho vários preferidos.

- Commonwealth - Ann Pachett - Esse livro conta a história de duas famílias e como as coisas ficam confusas quando o pai de uma família se apaixona pela mãe da outra família. Tem um evento num verão que deixa marcas por muitos anos em todos os envolvidos. Tem também um escritor que escreve a história dessa família e depois vira filme.

- Kubrick's GameDerek Taylor Kent - um livro sobre um jogo (quase uma gincana) em que todas as pistas são relacionadas com a obra do Stanley Kubrick. É mais interessante se tiver visto os filmes.

- Lilian Boxfish Takes a Walk - Kathleen Rooney - A Lilian é uma senhora de 85 anos que decide andar do restaurante para casa na véspero do ano novo (de 1985) em NYC. Nessa caminhada ela vai lembrando de sua vida de mulher independente numa época em que as mulheres tinham menos opções. Lilian trabalhou com propaganda, era poeta e nos seus 85 anos ainda frequenta festas hipsters em Chelsea.

- Histórias da Gente Brasileira Vol. 1 Colônia - Mary Del Priore - Sou péssima com história, lembro de generalidades mas nada específico. Assistindo Outlander tive uma conversa com um amigo (que contei num post) e fiquei preocupada que se, por acaso, voltasse para o Brasil Colônia eu não saberia nada. Então li esse livro para ficar por dentro da vida nessa época. O livro é quase um manual de sobrevivência no Brasil Colônia. No início achei confuso, poderia ter sido melhor organizado, mas depois entendi que a autora usou relatos que ela encontrou em escritos da época (cartas, jornais, etc) para fazer esse raio-x do Brasil. Algumas vezes até parece que estamos lendo uma coluna social. O impressionante é terminar esse livro e ver que pouquíssima coisa mudou de lá para cá.

- The Underground Railroad - Colson Whitehead - O vencedor do Pulitzer de 2017. Um livro sobre a rede de pessoas que se organizaram para levar escravos fugitivos (das fazendas no sul dos USA) até um lugar seguro. Na vida real essa Ferrovia Subterrânea era só de pessoas, estradas e lugares, mas no livro o autor criou mesmo estações subterrâneas e trilhos com vagões. No livro lemos histórias das diferentes pessoas envolvidas com a ferrovia subterrânea: os escravos, os brancos que ajudavam, os brancos que perseguiam, os negros que perseguiam a mando dos brancos. Histórias que se entrelaçam de alguma forma e no centro está Cora que é escrava numa plantação de algodão e decide fugir.

- A História da Menina Perdida - Elena Ferrante. O último livro da série das italianas dramáticas de Nápoles. Não estava muito afim de ler esse livro mas não achei ninguém que me contasse o que acontecia então li tudo. A Elena Ferrante escreve bem, leitura flui, mas que história de revirar os olhos. No primeiro livro ela coloca um mistério que não é resolvido no quarto livro (afff), tem um romance no meio que não cola, o tal do Nino é insuportável, não sei qual das duas é a mais chata e nunca mais a Elena Ferrante me pega para ler um livro dela.

- Clarice - Benjamin Moser - Biografia da Clarice Lispector. Eu não sabia quase nada sobre essa escritora maravilhosa e agora sei mais um pouco.

- Hitmakers - The Science of Popularity in the Age of Distraction - Derek Thompson - um livro sobre a psicologia dos hits e a economia das midias. Porque determidados filmes, músicas, livros, personagens se tornam sucesso. Como a tecnologia muda e avança mais rápido que as pessoas. É um estudo e uma investigação do que chama atenção das pessoas no século 21. Tem ótimas histórias sobre carros, discursos do Obama, vampiros, música pop, pequenos negócios, coisas que viralizam, e a evolução livros-radio-tv-internet.

- Quando a Lua Canta Para o Lobo - Barbara Axt - Conheci a Barbara num pub em Londres e ela estava divulgando (e vendendo) seu livro. Apoiar novos autores é sempre importante. Esse livro é uma história de amor com elementos de fantasia, sobre Luna e Eric. Londres é bem descrita nesse livro e quem conhece a cidade vai se sentir andando por ela.

- Sourdough - Robin Sloan - Esse livro me deu vontade de comer pão. Muito pão. E pão específico. A história é sobre uma mulher que trabalha numa empresa de robôs em San Francisco e um dia resolve fazer pão. Sourdough especificamente - um tipo de pão de longa fermentação comum na cidade Californiana. É uma história divertida de como ela começa a produzir, depois vender e o conflito dela em largar o emprego.

- A Vida Invisível de Eurídice Gusmão - Martha Batalha - Que livro delicioso de ler! Adorei. Como diz no título esse livro é sobre a vida da Euridice Gusmão e todos a sua volta (seu marido, sua irmã, seus pais, sua vizinha fofoqueira, o dono da papelaria da esquina, etc). Eurídice é uma dona de casa no Rio de Janeiro, nos anos 1950,  cheia de talentos que desenvolve mas é sempre barrada de alguma forma pela sociedade, pelo marido, pelas circunstâncias.

- O Humano Mais Humano - Brian Christian - Humano mais humano é um título dado junto com um prêmio ao humano que conseguir provar através do teste de Turing que é um humano de verdade. Uma máquina é considerada pensante se conseguir convencer 30% dos juizes que é um humano através de uma série de perguntas em 5 minutos. E do outro lado humanos tentam fazer o mesmo. O autor do livro se inscreveu no prêmio de 2009 e no livro ele conta como estudou para poder responder as perguntas. E aí vai muita filosofia, linguagem, comunicação, como funcionam os programas de inteligência artificial, etc. A falha desse livro foi o autor não colocar seu teste para a gente saber como foi sua conversa (e ele ganhou o prêmio de humano mais humano daquele ano).

- Purple Hibiscus - Chimamanda Ngnozi Adichie - Esse livro conta a história da Kambili, uma garota de 15 anos, na Nigéria, que é de uma familia rica e tem um pai hiper religioso quase fanático (católico) e rígido. Seu pai é querido na comunidade porque ajuda muitas pessoas mas dentro de casa a realidade é outra. Kambili e seu irmão mais velho tem sua rotina de estudos, reza e pouca liberdade, quebrada quando eles tem que ir passar um tempo na casa da tia (irmã do pai). Com a tia e os primos eles aprendem que a vida pode ser melhor, mesmo com menos dinheiro. Tem um desfecho quase surpreendente (digo quase porque com tudo que é colocado no livro faz até sentido) e é muito bem escrito. Lerei mais da Chimamanda.

- Flâneuse: Women walk the city in Paris, New York, Tokyo, Venice and London - Lauren Elkin - Esse livro começa muito bem com uma filosofada sobre flanar (andar pela cidade e observar detalhes e pessoas) e porque isso era uma exclusividade masculina. Mulheres flanadoras eram raras nos séculos passados por todos os motivos que conhecemos (não andavam sozinhas, lugares não apropriados, não se davam o direito ao prazer de andar por andar observando, etc). Afinal o espaço não é neutro e a busca por essa neutralidade é sim uma causa feminista. Tem capítulos bons como o de Long Island que a autora morava numa cidade dependente de carros e se maravilhou quando se mudou para Manhattan. O capítulo de Tokyo é bom só porque ela é honesta em dizer que não gostou. Os outros são ela descrevendo o que outras autoras escreveram sobre os lugares (Virginia Woolf em Londres, George Sand em Paris), tem um capítulo inteiro que ela descreve um filme (muito chato), tem um capítulo sobre a Martha Gellhorn (jornalista de guerra e escritora) que é bom mas não serve o propósito do livro. Na volta dela a NYC dei uma boa revirada de olhos de tanto clichê. No finalzinho ela retoma o tema, mas achei essa autora chatinha.

- A Glória e seu Cortejo de Horrores - Fernanda Torres - Um livre sobre um ator, Mario Cardoso, e toda sua carreira (aventuras e desventuras) desde o teatro universitário na década de 1960 até as novelas de hoje. Os capítulos se alternam entre passado e presente (onde o ator montou uma versão fracassada do Rei Lear de Shakespeare). É um livro bem escrito, com humor e ironia. De quebra ficamos sabendo como funciona os bastidores de peças, filmes e novelas. A Fernanda Torres entende bem seus personagens. E o prazer de ler aumenta se você conhece a Tijuca e os tijucanos (a Tia Helô era tijucana roots). Um livro que começa com Rei Lear e termina com MacBeth.


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