Vou começar o ano com um analisando a música que é a categoria mais popular do blog e não fiz nenhuma vez em 2024 (a última vez foi em julho de 2023). Então, talvez uma resolução de ano novo para 2025 seja fazer mais analisando a música.
Decidi começar com essa música da Billie Eilish porque foi a mais tocada no Spotify em 2024 e está concorrendo a uma penca de Grammys: música do ano, gravação do ano (não me perguntem a diferença), melhor performance solo pop, melhor album do ano e melhor album vocal pop.
E também porque foi a primeira música da Billie Eilish que não me deu sono e até coloquei na playlist do ano.
A Billie Eilish tem uma voz muito bonita. Fato. E tem músicas muito boas que ela compõe com o irmão Finneas.
Porém acho tudo muito sonolento.
Bad Guy acho ok tem uma batida boa. Happier Than Ever é puro sonífero. Ocean EyeZzzzzzz.
A música do 007 No Time to Die é meio qualquer coisa. A música dela no filme da Barbie, What Was I Made For, é para emocionar mas não é a melhor do filme (vamos que combinar que é I'm Just Ken). Billie Eilish ganhou Oscar, Globo de Ouro e Grammy com essas duas músicas.
O estilo dela pra mim é mellow pop mas colocam ela até na categoria rock de vez em quando.
Quando ela lançou esse último album, Hit Me Hard And Soft, meu amigo disse para escutar que eu ia gostar, que estava cheio de músicas animadas. Fui para caminhada pronta para andar rapidinho com as músicas da Billie Eilish. Me senti enganada. Sim, tem músicas muito boas, algumas com mais batida, mas, pra mim, a maioria é música de fundo de cafeteria instagramável.
Acontece que gostei muito de Birds Of A Feather, que ficou dividindo espaço na minha cabeça com APT da Rosé com Bruno Mars por um bom tempo.
Billie Eilish diz que a música que ela faz é para quem escuta, que não importa sobre o que ela escreveu, quem escuta é que decide o que significa.
Então vamos saber o que Billie Eilish quer dizer com essa música que tem um título que vem da expressão "Birds of a feather flock together" que posso traduzir popularmente como: farinha do mesmo saco, mas assim me adianto na análise.
A música tem uma batida soft e a voz aveludada da Billie Eilish deixa tudo leve, mas o que será que esses pássaros da mesma pena estão aprontando?
I want you to stay
'Til I'm in the grave
'Til I rot away, dead and buried
'Til I'm in the casket you carry
If you go I'm going too
'Cause it was always you
And if I'm turning blue, please don't save me
Nothing left to lose without my baby
Acho que temos uma música fim de relacionamento, ou um relacionamento tóxico porque na segunda linha já tem a palavra túmulo.
Começa dizendo que ela quer que a pessoa amada fique com ela até ela estar no túmulo, apodrecida, morta e enterrada no caixão que a pessoa vai carregar. OU seja "Quero que você fique comigo até depois do fim". Era para ser romântico ou um até que a morte nos separe? Senti um pouco de rancor aí hein?
"Se você for eu vou também". Medo. Acho que ela está sendo abandonada mas não quer que a pessoa amada vá embora. E aqui temos uma frase com dois sentidos: And if I'm turning blue. Blue aqui pode ser de tristeza ou de estar ficando azul de sufocada. Nenhum dos sentidos termina bem porque ela não quer ser salva. Ela não tem mais nada a perder.
Depois de fazer vários desses posts sempre acho interessante ver que tem músicas que são compostas em minutos, horas, dias, meses e até anos.
Birds of a feather, we should stick together, I know
I said that I'd never think that I wasn't better alone
Can't change the weather
Might not be forever
But if it's forever, it's even better
"Nós somos farinha do mesmo saco e devemos ficar juntos". Falei que era um relacionamento tóxico.
Ela não pode mudar o tempo, ou prever o futuro, e pode não ser que o relacionamento seja para sempre mas se for, melhor.
And I don't know what I'm crying for
I don't think I could love you more
It might not be long, but baby I
Ela esta triste, chorando. "Não acho que poderia te amar mais. Pode não demorar muito mas, baby, eu...."
I'll love you 'til the day that I die
'Til the day that I die
'Til the light leaves my eyes
'Til the day that I die
"Te amarei até o dia em que eu morrer, até a luz abandonar meus olhos". PAH!
Billie diz no video do youtube que inicialmente odiou a música (ou essa parte) e cantou "'Til the day that I die" de forma bem dramática, gutural. Ainda bem que ela resolveu deixar mais leve, solta e cheia de harmonias sincronizadas.
I want you to see
How you look to me
You wouldn't believe if I told ya
You would keep the compliments I throw ya
But you're so full of shit
Tell me it's a bit
Say you don't see it, your mind is polluted
Say you wanna quit, don't be stupid
Aqui Billie fica fofa e diz para a pessoa amada:
Quero que você veja como eu te vejo. Você não iria acreditar se eu só te contasse, e você ficaria com os elogios que eu te faço (e não descartá-los).
Mas você só fala merda. (OU é um mentiroso, ou não leva a sério)
Me diz que isso é uma brincadeira (que você não sabe o quanto você é especial)
Você diz que você não vê, que sua mente está poluída
Você diz que quer desistir, não seja burro.
And I don't know what I'm crying for
I don't think I could love you more
It might not be long, but baby I
Don't wanna say goodbye
Aqui ela repete o refrão mas termina dizendo que não quer dizer adeus.
Birds of a feather, we should stick together, I know
I said that I'd never think that I wasn't better alone
Can't change the weather
Might not be forever
But if it's forever, it's even better
Birds of a feather flock together é uma expressão que significa que pessoas iguais andam juntas. Os pássaros vem da mesma pena. Na música muda um pouco dizendo que Birds of a feather SHOULD stick together, ou seja deveriam ficar juntos.
Em umas das traduções que vi para Birds Of A Feather estava: Metades De Uma Laranja. Já estou prevendo uma versão em forró com esse título.
I knew you in another life
You had that same look in your eyes
I love you, don't act so surprised
E a música termina com ela dizendo que conhecia a pessoa amada de outra vida, e que tinha o mesmo olhar. "Eu te amo, não finja tanta surpresa.".
No video a Billie Eilish parece estar sendo puxada e arrastada por um fantasma.
Talvez teria sido melhor começar o ano analisando APT.
Semana passada terminei de ler Crying in H Mart (em portugês saiu como: Aos Prantos No Mercado) da Michelle Zauner. Esse livro estava na minha lista fazia tempo mas foi só quando escutei uma entrevista da Michelle Zauner em um podcast que fiquei mais interessada. A Michelle Zauner é vocalista e guitarrista da banda indie pop americana Japanese Breakfast que conheci pelo terceiro disco, Jubilee, lançado em 2021 com a música analisada da vez Be Sweet.
A Michelle Zauner é filha de mãe coreana e pai americano e nasceu em Seoul. No livro ela conta boa parte da sua vida, como ela se sentia deslocada na escola nos EUA, como ela foi morar na Filadélfia e formou a primeira banda depois da faculdade e como ela conheceu o namorado (depois marido) Peter. Mas o livro é mesmo sobre a relação da Michelle com sua mãe e principalmente com comida. Os coreanos falam a linguagem do amor através da comida, cada ocasião tem um prato especial e a primeira coisa que um amigo coreano vai te perguntar é se você já comeu. Tem muita descrição das comidas coreanas nesse livro, me deu até fome. Quando a Michelle Zauner tinha 25 anos sua mãe ficou doente e depois faleceu.
Foi depois da morte da mãe que Michelle Zauner juntou uns amigos e resolveu gravar umas músicas. Daí saiu o primeiro disco da Japanese Breakfast: Psychopomp (de 2016). A capa desse disco é uma foto da mãe dela e em uma das músicas tem uma introdução que é a voz da mãe dela falando uma mensagem meio em coreano meio em inglês. Foi uma boa estréia que a levou a fazer shows pelos USA, Europa e Asia. O livro termina com ela fazendo um show em Seoul.
Só fui escutar esse primeiro disco depois que li o livro e dá para sentir o peso do luto apesar das músicas terem uma vibe pop. O segundo disco, Soft Sounds From Another Planet (2018), tem um som mais experimental. Mas eu gosto mesmo é do Jubilee, é um disco mais leve, e por isso escolhi analisar o que acho que é o maior hit da banda até agora.
A banda usa muitos elementos que poderiam estar em músicas dos anos 1980 e acho que por isso Be Sweet me pareceu uma música conhecida. A Michelle Zauner disse que já tinha trabalhado o seu luto com os discos anteriores e estava pronta para celebrar apenas sentir. Ela disse que mirou em Kate Bush e Björk para fazer um disco "Teatral, ambicioso, musical e surreal". Michelle Zauner diz que tenta se manter "extremely weird" (extremamente esquisita? excentrica?) conciliando com sua persona pop star.
Mas vamos saber o que diz Be Sweet com sua batida pop e refrão que gruda na cabeça.
Essa é uma música que a Michelle Zauner compôs em conjunto com Jack Tatum da banda Wild Nothing. Os dois decidiram compor uma música pop sem ter ninguém em mente e não era para nenhum dos dois. Mas Michelle Zauner disse que assim que a música tomou forma ela amou e decidiu gravar. Segundo ela: "Acho que a distância de compor para 'outra pessoa' me permitiu essa persona de uma mulher da noite irreverente dos anos 1980, parece um pouco Madonna.". Então aqui temos uma música com uma batida pop interessante que remete aos anos 1980 mas ao mesmo tempo é contemporânea.
Tell the men I'm coming
Tell them to count the days
I can feel the night passing by
Like a mistake waiting for me
Caught up in my feelings, overthink the truth
Fantasize you've left me behind
And I'm turned back running to you
Com essa persona da mulher da noite irreverente em mente, ela começa dizendo que "Avisa aos homens que estou chegando." Eles podem começar a fazer a contagem regressiva. (aqui ja imaginei a Madonna no video de Material Girl que ela imita a Marylin Monroe).
Mas ela diz que sente que a noite está passando por ela como um erro que a está esperando.
Talvez ela tenha brigado/terminado com o namorado e decidiu sair na noite mas se arrependeu.
Aí ela diz que está apegada a seus sentimentos e está pensando demais na verdade.
E fantasia que ele a deixou para trás e que ela voltou correndo para ele.
Make it up to me, you know it's better
Make it up to me, you know it's better
Não sei o que ele fez mas ela não está correndo de volta a toa, ela diz que "é melhor você fazer as pazes comigo". Acertar as contas.
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe (be sweet)
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe in something
O refrão que gruda na sua cabeça.
Não só fazer as pazes mas também ser doce, ser um cara legal. Ela quer acreditar nele, ela quer acreditar em alguma coisa.
So come and get you woman
Pacify her rage
Take the time to undo your lies
Make it up once more with feeling
Recognize your mistakes and I'll let you back in
Realize not too late, love you always
"Então venha e pegue sua mulher", pelo jeito ela relevou o que ele tenha feito. Só que ele vai ter que acalmar a raiva dela. Eita. Mas ela diz que ele pode ter calma para desfazer as mentiras e acertar as contas mais uma vez, com sentimento (acho que aqui tem um duplo sentido hein?).
"Reconheça seus erros e te recebo de volta. Mas não demore para perceber que te amo sempre".
Make it up to me, you know it's better
Make it up to me, you know it's better
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe (be sweet)
Be sweet to me baby
I wanna believe in you, I wanna believe in something
Ou seja, brigaram, acabaram, não sei o que ele fez, ela o quer de volta mas ele vai ter que reconhecer seus erros. Acho justo. Seja doce.
O video é divertido, parece um CSI meio anos 1980.
E claro que a banda gravou a versão em coreano dessa música com a So!YoOn!. É ótima.
Essa semana terminei de ler o livro This Bird Has Flown que foi escrito pela Susanna Hoffs que é uma das vocalistas da The Bangles, uma banda que teve alguns hits na década de 1980.
Só conheço três musicas e acho que foram os maiores hits da banda: Walk Like An Egyptian é divertida e dançante (e tem um video ótimo), gosto muito de Manic Monday e acho Eternal Flame chatérrima.
O livro é um romance beira de piscina que conta a história de Jane, uma cantora/compositora, que aos 33 anos, depois de um fim de relacionamento, está morando com os pais e aceita cantar seu maior hit, de 10 anos atras, com playback de karaokê, numa festa de solteiro em Las Vegas. Aí a sua agente resolve mandá-la para Londres para ver se a criatividade volta e no voo para Inglaterra ela conhece um professor bonitão de literatura que dá aulas em Oxford, mas isso fica para o post sobre livros.
No meio da história ela faz muitas referências a filmes, a Jane Eyre da Charlotte Brönte, e a muitas músicas. São tantas músicas que as vezes dava impressão que ela escreveu uma passagem no livro só para poder colocar um trecho ou nome da música. A playlist que saiu desse livro é muito boa e já me deu idéia para outros analisando a música.
MAS o que me levou a esse analisando a música é que, no livro, o maior hit da Jane é o cover de uma música de um cantor chamado Jonesy. Claro que Jonesy é fictício e no mundo do livro ele é um gênio da música adorado por todos. Então lembrei que Manic Monday é uma música do Prince gravada pelas meninas da Bangles. A arte imita a vida.
Prince, que gostou muito da banda, ofereceu duas musicas para elas escolherem uma para gravar em seu segundo album: Manic Monday ou Jelous Girl. A banda escolheu Manic Monday e o resto é história. (A versão que o Prince gravou só apareceu em 2019). Em abril de 1986 a musica #1 das paradas era Kiss do Prince a #2 Manic Monday que ele compôs.
Inclusive fiquei sabendo que era uma composição do Prince muitos anos depois (assim como Nothing Compares 2 U). Só para constar, o Billie Joe Armstrong da Green Day também gravou essa música (o video tem a Susanna Hoffs tocando guitarra).
Muitas coisas da vida da Susanna Hoffs estão no livro, é só dar uma olhada rápida pela internet. Uma dessas coisas é quando Jane diz que aprendeu o sotaque cockney assistindo muito Austin Powers. Susanna Hoffs compôs musicas para o filme e apareceu como parte de uma banda do agente britânico mais sem vergonha das telas.
Mas vamos saber o que acontece na segunda-feira da música.
Six o'clock already I was just in the middle of a dream I was kissing Valentino by a crystal blue Italian stream But I can't be late 'Cause then I guess I just won't get paid These are the days When you wish your bed was already made
A música começa com ela dizendo "Seis da manhã já?" provavelmente com o alarme tocando. Ela estava sonhando que beijava o Valentino (Rudolph Valentino um ator de filmes de hollywood dos anos 1920) ao lado de um riozionho límpido na Itália. Já entendo a revolta dela em acordar tão cedo.
Ela não pode se atrasar ou então não vai receber o salário.
E diz que esses são os dias que ela gostaria que a cama já estivesse feita para não ter o trabalho, ou ter muito dinheiro para alguém fazer a sua cama.
It's just another manic Monday I wish it was Sunday 'Cause that's my fun day My "I don't have to run" day It's just another manic Monday
A segunda-feira não é um dia popular, as pessoas adoram odiar. O gato Garfield odeia segunda-feira. Em inglês, Monday vem de moon day, o dia da lua que vem depois do dia do sol, sun day. Tem muitas músicas que falam desse dia que é o menos querido da semana: I Don't Like Mondays (Boomtwon Rats), Rainy Days and Mondays (The Carpenters), e Monday Monday (Mamas and the Papas).
Eu gosto da segunda-feira. Just saying.
Mas a moça da música já acordou no susto e não pode chegar atrasada então ela chama o dia de segunda feira maniaca porque já sabe que vai ter pressa, agitação e frenesi. Ela gostaria que fosse domingo e aí vem umas rimas ótimas de Sunday com "fun day" e "run day". Domingo é o dia dela de diversão e o dia que ela não tem correria. Mas a segunda feira é maniaca.
Have to catch an early train
Got to be to work by nine
And if I had an aeroplane
I still couldn't make it on time
'Cause it takes me so long
Just to figure out what I'm gonna wear
Blame it on the train
But the boss is already there
Ela tem que pegar o trem cedo porque o trabalho começa as nove, e mesmo se tivesse um avião não chegaria a tempo. E explica o porque do atraso: demora para escolher o que vestir. Quem nunca? Ela nem pode dizer que o trem que atrasou porque o chefe já está lá. Lá onde? No trem ou no escritório? Será que o chefe pega o mesmo trem que ela e sabe se atrasou ou não? De todo jeito o trem não leva a culpa.
It's just another manic Monday I wish it was Sunday 'Cause that's my fun day My "I don't have to run" day It's just another manic Monday
Of all my nights Why did my lover have to pick last night To get down? Doesn't it matter That I have to feed both of us Employment's down He tells me in his bedroom voice C'mon honey let's go make some noise Time it goes so fast (When you're having fun)
Aí vem essa parte da música onde ficamos sabendo o motivo dela ter sonhado com beijo e ter acordado no susto com o despertador.
Que de todas as noites (sexta, sábado) o namorado/amante, aparentemente desempregado e que não tem que acordar cedo no dia seguinte, escolheu a noite de domingo para chamá-la para fazer um barulhinho bom. O boy até usou a bedroom voice, ou seja sensualizou a voz no convite. E ela gostou porque nem viu o tempo passar. Essa foi a parte fun do "fun day" do domingo dela. Acho justo.
It's just another manic Monday I wish it was Sunday 'Cause that's my fun day My "I don't have to run" day It's just another manic Monday
Mas a segunda-feira está aí, maníaca.
Minha dica é deixar a roupa do trabalho na segunda-feira já escolhida na sexta-feira em caso do namorado usar a voz do quarto no domingo a noite, assim talvez a segunda-feira também seja o "I don't have to run day".
O ano começou com duas estrelas do pop lançando músicas tapa na cara do ex: Shakira e Miley Cyrus. Duas músicas ótimas que lavam a roupa suja com ritmo e poesia.
Miley já tinha se separado há tempos mas nunca é tarde para realmente colocar a última pedra num relacionamento via uma música que ela lançou no dia do aniversário dele (PAH!).
Miley Cyrus está no show business desde cedo, começou com um programa na Disney chamado Hannah Montana (nunca vi pois sou de outra geração). O pai dela é cantor de musica country e a madrinha dela é a Dolly Parton, apenas.
Só fiquei sabendo quem era Miley Cyrus quando ela foi de vez para a carreira de cantora. Em 2013 ela foi sucesso internacional com Wrecking Ball. De lá pra cá ela abraçou o rock e já fez vários covers de hits dos anos 1980 como Heart of Glass e Zombie. Tem uma versão dela cantando Nothing Else Matters do Metallica que é ótima. Ela fez uma colaboração com a Stevie Nicks que é um mash up com The Edge of Seventeen chamada The Edge of Midnight, uma colab para poucos.
Miley Cyrus é performática e tem uma voz grave cheia de personalidade. O disco dela Plastic Hearts (2020) é muito bom.
Miley fez 30 anos em 2022 e só melhora.
Já disse aqui no analisando a música de Rolling In The Deep da Adele: Todo mundo sabe que fim de relacionamento rende excelentes músicas e, as vezes, albuns inteiros como é o caso da Adele e Rumours do Fleetwood Mac.
Então vamos saber que flores são essas da Miley Cyrus.
We were good, we were gold Kinda dream that can't be sold
We were right 'til we weren't Built a home and watched it burn
Miley Cyrus teve um relacionamento ioiô com o irmão mais novo do Melhor Chris que começou em 2009. Tiveram alguns noivados e se casaram em 2018 só para se separarem no ano seguinte. O divócio saiu em 2020. Olha, 10 anos de relacionamento vai e vem não é fácil.
Ela acreditava nesse relacionamento, tanto que diz que estavam bem, que eram sensacionais juntos, um sonho que não pode ser vendido (nem comprado). Mas ela é realista e diz que estavam certos até não estarem mais. Que construíram uma casa e a viram queimar.
Ela toma distância da relação e consegue ver que teve um momento que o fim chegou.
I didn't wanna leave you
I didn't wanna lie
Started to cry but then I remembered
Ela não queria ir embora e também não queria mentir (provavelmente dizendo que estava tudo bem). Começou a chorar mas lembrou que...
I can buy myself flowers
Write my name in the sand
Talk to myself for hours
Say things you don't understand
I can take myself dancing
And I can hold my own hand
Yeah, I can love me better than you can
Parece que esse refrão é uma referência direta a uma música do Bruno Mars chamada When I Was Your Man. A internet diz que o ex da Miley dedicou essa música para ela. (Bruno Mars foi arrastado para esse barraco). Na musica do Bruno Mars ele diz que deveria ter comprado flores, que deveria ter segurado a mão, dado as horas e levado ela para dançar.
Mas aqui Miley lembrou que pode comprar flores para si mesma, que pode escrever seu nome na areia, que pode falar sozinha por horas (quem nunca?) e dizer coisas que ele nunca entenderia. Ela pode sair para dançar sozinha e segurar sua própria mão. "Sim, eu posso me amar melhor do que você". Drop the mic!
Can love me better
I can love me better baby
Eu posso me amar melhor. Repetidas vezes.
Paint my nails cherry red
Match the roses that you left
No remorse, no regret
I forgive every word that you said
Ela pinda as unhas de vermelho da cor das rosas que ele deixou. Rosas que talvez tenham sido deixadas como desculpas ou uma tentativa de voltar. Mas ela não tem remorso nem arrependimento. "Eu perdoo cada palavra que você disse.". A fase da aceitação e da indiferença. É o fim de fato.
I didn't wanna leave you, baby
I didn't wanna fight
Started to cry but then I remembered
Ela não queria deixá-lo nem brigar. Chorou mas lembrou que não precisa dele.
I can buy myself flowers
Write my name in the sand
Talk to myself for hours
Say things you don't understand
I can take myself dancing
And I can hold my own hand
Yeah, I can love me better than you can
Vai Miley, compra essas flores e dança!
Can love me better
I can love me better baby
Esse é o mantra para 2023.
E o video? Só a sequência crossfit já vale a pena. You go girl!
Comecei o Analisando a Música em outubro de 2011 com a musica Down Under do Men at Work, de lá para cá fiz 92 músicas. Em 2015, quando tinha feito pouco mais de 50 músicas, fiz um top 10 de frases que me chamaram atenção e que gostei muito nas músicas que tinha analisado. Frases que se sustentam sozinhas, fora do contexto da música.
Ia esperar chegar a 100 músicas para fazer essa parte 2 das frases, mas já tem 6 anos (tempo voa) e acho que dá para escolher mais 10 frases.
1. I guess I needed a minute, to live a life without you in it. (Heavy - Orla Gartland) - essa frase rima e é muito boa, é preciso ver as coisas por outra perspectiva para saber como é.
2. I love you but I leave you, I don't want you but I need you. (Colder Weather - Zac Brown Band) - uma frase com sentimentos conflitantes.
3. Listen carefully to the sound of your loneliness. (Dreams - Fleetwood Mac) - gosto dessa frase que é um tapa na cara para um fim de relacionamento.
4. Pay your surgeon very well to break the spell of aging. (Californication - RHCP) - o que gosto nessa frase é que o envelhecimento é um feitiço que o cirurgião bem pago pode neutralizar (mas sabemos que não)
5. 'Til my room is filled with shit I couldn't live without. (Everything Now - Arcade Fire) - uma frase sobre acumuladores.
6. She's got a smile that, it seems to me, reminds me of childhood memories. (Sweet Child of Mine - Guns n' Roses) - uma frase fofa, nostálgica, romântica.
7. Welcome to your life, there's no turning back. (Everybody Wants To Rule The Wolrd - Tears for Fears) - é isso aí, só tem essa vida mesmo, aproveita.
8. It was a slap in the face how quickly I was replaced. (You Oughta Know - Alanis Morissette) - frase cheia de raiva e sentimento numa música que é para socar almofadas.
9. People change, even though some people never do. (Seasons - Future Islands) - FATO.
10. There is one thing I can never give you, my heart will never be your home. (Stand By Me - Oasis) - uma frase sincera dita de forma poética.
Essa semana foi a vez dessa música tocar em vários lugares: no trailer da próxima série de suspense da Netflix, no episódio de Ted Lasso e em um filme que assisti.
Gosto muito dessa música. Gosto da introdução, do piano, do crescente, da voz do cantor (Tom Chaplin), mas nunca reparei na letra (só na parte do "somewhere only we know"). Pela melodia parece uma música sobre amantes, só não sei se início ou fim de relacionamento, mas isso deixo para a análise mais abaixo.
Keane é uma banda inglesa que surgiu no início dos anos 2000 junto com outras bandas com a letra K: Killers, Kasabian, Kings of Leon e Kaiser Chiefs.
Comprei o primeiro disco da Keane, Hopes and Fears (2004), que tem seu maior hit Somewhere Only We Know - a música analisada da vez, Everybody's Changing (primeiro hit), This is The Last Time e Bend and Break. É uma banda onde os dois instrumentos principais são: piano e bateria. É tudo muito melódico.
O album seguinte, Under The Iron Sea de 2006 (tem Is It Any Wonder? com mais guitarra e menos piano) também é bom e tem uma capa muito bonita. Depois veio Perfect Symmetry de 2008 que tem Spiralling e The Lovers Are Losing. Aí deixei o Keane de lado e só fui pegar outro disco deles para escutar em 2012, Strangeland, e achei ok, tem You Are Young. A banda se separou em 2013 (problemas do vocalista com drogas) e só voltaram 2018, lançaram um disco em 2019 mas esse ainda não escutei.
Vamos saber o que diz Somewhere Only We Know, música versátil que serve tanto para série de terror como para filmes e séries de comédia, teens e romance, e até propaganda de natal de loja inglesa.
I walked across an empty land I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete
Temos uma introdução com um piano e bateria cheio de emoção para logo depois deixar só o piano e voz.
O início da letra parece eu contando um sonho: andei por um lugar vazio num caminho que conhecia de cor, senti a terra sob meus pés, sentei na beira do rio e me senti completo.
Mas acho que é só a forma de dizer que chegou num lugar muito conhecido, onde esteve várias vezes e que é aconchegante.
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
(entra um pandeiro bem leve)
Ele quer saber onde foram as coisas simples? Está ficando velho e precisa de algo em que possa confiar porque geralmente com a idade cai o índice de aventura. E quer saber quando vai poder entrar.
Entrar onde? No lugar onde só eles conhecem? Ou é uma metáfora para que a outra pessoa diga logo o que tem para dizer.
Porque ele está cansado e precisa começar em algum lugar. Como diria outra música que analisei: cada começo vem do fim de outro começo. É preciso começar para terminar para começar.
I came across a fallen tree I felt the branches of it looking at me Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?
(entra bateria com um piano mais marcante)
No caminho ele encontrou uma árvore caída e sentiu que os galhos o encaravam. Acho que ele encontrou foi uns cogumelos nessa floresta.
E pergunta: "É esse o lugar que adorávamos? É esse o lugar com o que eu tenho sonhado?" Parece um pouco perdido mas acho que chegou no ponto de encontro.
Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin
Coisas simples, onde se esconderam? Estou envelhecendo a cada minuto que passa, estou cansado e a fila precisa andar.
And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know
This could be the end of everything
So why don't we go?
So why don't we go?
Somewhere only we know
A música cresce lindamente nessa parte, para cantar com todo ar do pulmão. É uma súplica que termina suavizada se transformando num pedido.
E chega de enrolação. "Se você tem um minuto vamos conversar num lugar onde só nós conhecemos." Já que pode ser o fim de tudo, pelo menos vamos estar num lugar agradável e confortável para ambos.
Do Tim Rice-Oxley, pianista da banda e compositor da música: "It's about being able to draw strength from a place or experience you've shared with someone."
No fim dessa segunda parte logo depois do "Somewhere only we know", a música fica quieta antes de voltar com tudo para repetir as duas estrofes mais uma vez.
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know
Somewhere only we know
A estrofe final começa forte mas termina delicada, um pedido suave para ir até aquele lugar especial, mesmo que seja para acabar tudo.
É uma música melancólica mas que de alguma forma deixa o coração quentinho. É boa para correr, ou para uma viagem de carro ou até um karaokê.
Muitas músicas são inspiradas por livros, inclusive fiz um post com 5 dessas músicas. Até fiz um Analisando a música especialmente para Wuthering Heights da Kate Bush usando passagens do livro (O Morro Dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë).
O contrário não acontece muito. Tentei lembrar de livros que li que foram inspirados por alguma música e só lembrei de Norwegian Wood do Haruki Murakami, inspirado na música de mesmo nome dos Beatles, High Fidelity do Nick Hornby que usa várias músicas em sua história e Os Tais Caquinhos da Natércia Pontes que usa a música da Marina Lima.
Gosto quando autores mencionam músicas nos livros mesmo que não tenham sido a inspiração principal mas que servem a história. Li um livro que a autora fez uma lista especial no Spotify com uma música para cada capítulo, a playlist era melhor que o livro mas adorei a idéia.
Semana passada terminei de ler O Homem Que Viu Tudo da Deborah Levy. Comprei esse livro pela capa que tem uma promessa de fofoca e não me arrependi, gostei da história do Saul Adler.
Berlim na capa
O livro faz várias referências ao disco Abbey Road dos Beatles (de 1969) e também a música Penny Lane (que foi lançada em 1967 como um single junto com Strawberry Fields Forever). O livro é um quebra cabeça que faz você juntar as peças para entender (ou não) o que aconteceu com Saul Adler e muitas peças vem da música dos Beatles.
do lado de dentro da capa tem essa foto da Abbey Road
Para fazer esse Analisando a música feat. Book Report vou dar alguns SPOILERSdo livro. Avisei.
É um livro que tem muitas ambiguidades e a história de Saul se passa na fronteira delas pisando lá e cá: oriente/ocidente, feminino/masculino, passado/presente, capitalismo/comunismo, realidade/fantasia, amor/abandono, vida/morte.
O livro tem duas partes, uma em 1988 e outra em 2016. A parte de 2016 tem momentos de 1988 e vice versa. A autora disse que queria que uma parte fosse um espelho da outra.
É sobre como os outros nos vêem e a imagem que temos de nós mesmos, sobre memória, o que guardamos e como lembramos e sobre alguns fantasmas.
Em 1988 Saul Adler vai fazer uma pesquisa em Berlim Oriental, ele é um historiador, mas, antes de ir, sua namorada, Jennifer, teve a ideia de tirar uma foto dele atravessando a Abbey Road e levar para irmã do seu tradutor que é fã dos Beatles. Antes de Jennifer chegar, Saul atravessa Abbey Road e é atropelado de leve por um homem chamado Wolfgang. Jennifer chega com uma escadinha para tirar a foto (igual o fotografo original da capa do disco) e Saul Adler vestido com um terno branco igual John Lennon atravessa a rua para a foto.
Aqui tem várias referencias diretas a capa do disco Abbey Road. Inclusive tem várias músicas desse disco que podem ser usadas em momentos do livro: Oh, Darling, Come Together, Because, She Came Through the Bathroom Window, The End e I Want You.
Quanto a capa do disco, tem uma teoria que Paul McCartney está descalço porque ele estaria morto (aos 28 anos, que é a idade do Saul Adler em 1988), então, na ordem, John Lennon de terno branco é o anjo, Ringo de terno preto é o agente funerário, Paul descalço (e com cigarro) é o defunto e George Harrison é o coveiro. Essa teoria cabe na história do livro.
Saul Adler é o narrador de toda a história e não devemos confiar nele, mas ele nos diz que é muito bonito e que Jennifer sempre o observa através das lentes de sua câmera. Jennifer faz uma arte com colagens das fotos dele. Saul usa um colar de pérolas que foi de sua mãe, que faleceu num acidente de carro, e que seu pai e seu irmão o sacaneavam por usar o colar. O pai de Saul era um comunista raiz e Saul quer levar um pouco de suas cinzas para enterrar na Alemanha Oriental.
Saul Adler pede Jennifer em casamento mas ela recusa e diz que recebeu uma oferta para estudar e expor suas fotos nos EUA. Saul vai embora arrasado (Jennifer tira uma foto dele saindo), vai até os estúdios da Abbey Road e senta no muro. Chega uma moça de vestido azul (referência ao verso capa do disco Abbey Road) eles tem uma conversa, se beijam e ela vai embora, mas nas costas dela diz que ela é uma enfermeira.
Saul recebe as fotos e vê que está descalço igual Paul McCartney mas não lembra de tirar os sapatos, depois ele vai até o supermercado e na volta dizem que seu prédio está pegando fogo mas ele não vê fumaça. Ele liga para Jennifer para dizer que os bombeiros estão em greve.
Chegando em Berlim Oriental, Saul conhece seu tradutor, Walter Muller, e ficam amigos. A irmã beatlemaníaca de Walter se chama Luna, ela é enfermeira, e Saul tem todo um pensamento de como os oficiais da Stasi deixam as músicas dos Beatles passarem na censura. Saul é apresentado a Rainer, um conhecido de Walter que consegue as coisas do ocidente.
Saul e Walter vão passar um fim de semana na casa de campo e ficam juntos. Saul se apaixona por Walter e escreve uma carta se declarando. Depois fica preocupado da Stasi ter lido, ele sente que é observado.
Luna convida Saul para a casa de campo, ele vai, e os dois se divertem escutando Abbey Road. Luna diz que seu sonho é conhecer Penny Lane, e canta a música para Saul. Luna quer fugir da Alemanha Oriental e ser enfermeira em Liverpool. Saul conta para Luna que em novembro de 1989 o muro vai cair. Os dois acabam transando e Luna diz que agora Saul tem que casar com ela e a levar para Londres, mas ele quer levar Walter. Saul quebra o disco Abbey Road de Luna.
Saul dá dinheiro para Rainer poder passar Walter para o lado ocidental e decide ir embora. Quando ele vai se despedir de Walter, o tradutor diz que não quer sair da Alemanha Oriental, que é feliz lá, diz que é casado e tem uma filha e que Rainer é agente da Stasi. A última imagem que Saul tem de Walter é de uma kombi da Stasi o levando.
Pula para 2016. Saul Adler é atropelado por um homem chamado Wolfgang ao atravessar a Abbey Road. Wolfgang pergunta a Saul quantos anos ele tem e Saul diz "28." no que Wolfgang faz uma cara alarmada. Saul cai sobre o quadril, perde os sapatos no impacto e é levado de ambulância para um hospital.
Em 2016 o pai de Saul está vivo e o visitando no hospital. Jennifer agora tem 51 anos, é uma fotografa famosa e também está ao seu lado. Saul acha que acabou de voltar da Alemanha Oriental mas se passaram 28 anos e ele teve uma hemorragia interna, tiraram parte do baço dele numa cirurgia e está em processo de septicemia. E seu médico se chama Rainer.
O Saul de 2016 tem delírios que está em 1988 e também momentos de lucidez onde ele consegue lembrar das pessoas e eventos nos anos entre 1988 e 2016.
Cabe a nós, leitores, usarmos as informações de Saul para entendermos o que aconteceu entre 1988 e 2016.
Agora vamos ao que interessa: a música e o livro.
Penny Lane é uma música que já nasceu nostálgica. Fala de uma rua em Liverpool onde Paul McCartney, George Harrison e John Lennon passavam com frequência. John e Paul compuseram essa música em 1967, depois de muito famosos, usando lembranças que tinham da rua.
A música é como se fosse uma pessoa contando como era a rua, inclusive usa a palavra "meanwhile" algumas vezes que significa: Enquanto isso em Penny Lane...
A música também tem suas ambiguidades, tem sol, tem chuva, é verão mas é perto do inverno. É uma memória de um lugar e de um tempo, pode vir acompanhada de sonhos, de cores e misturada a outras lembranças.
Penny Lane there is a barber showing photographs
Of every head he's had the pleasure to know
And all the people that come and go
Stop and say "Hello"
A música não tem uma introdução e já começa nos contando que em Penny Lane tem um barbeiro que gosta de mostrar fotos das cabeças que conheceu e que todos que passam, param e dizem "Oi".
No livro claro que Saul Adler vai num barbeiro. Ele vai fazer a barba e lavar o cabelo para encontrar Walter em Berlim.
Todas as pessoas que ele conheceu estão passando por sua memória e no hospital todos que passam (as enfermeiras, a moça da comida, o médico, familiares e amigos) param para falar com ele.
On the corner is a banker with a motorcar
The little children laugh at him behind his back
And the banker never wears a mac
In the pouring rain, very strange
Seguimos com o banqueiro que tem um carro, as criancinhas riem dele. O banqueiro nunca usa uma capa de chuva enquanto chove. Muito estranho.
Wolfgang, o homem que atropela Saul Adler é o banqueiro com o carro. Quando visita Saul no hospital, Wolfgang diz que trabalha com fundo de investimentos. E, segundo Saul, Wolfgang sabe que tem culpa pelo acidente mas quer que Saul diga que não foi culpa dele.
O negócio é o seguinte Saul Adler: é tudo muito estranho mesmo.
Penny Lane is in my ears and in my eyes
There beneath the blue suburban skies
I sit, and meanwhile back
Penny Lane está em todos os lugares. Assim como a Stasi em Berlim Oriental era os olhos e ouvidos que controlava a população.
Penny Lane também está em todas as lembranças que ate em um dia de céu azul o narrador senta e lembra que Enquanto isso em Penny Lane....
In Penny Lane there is a fireman with an hourglass
And in his pocket is a portrait of the Queen
He likes to keep his fire engine clean
It's a clean machine
...Tem um bombeiro com uma ampulheta e no seu bolso uma foto da Rainha. Ele gosta de manter seu motor limpo, é uma máquina limpa. Palmas para a rima com piadinha tio do pavê de John e Paul.
Quanto a Saul Adler, no livro tem um incêndio falso e bombeiros que nunca aparecem para apagar o fogo porque Saul acha que eles estão em greve.
E tem a ampulheta que indica o tempo restante. Saul Adler, o tempo está acabando.
Curiosidade: Depois dessa estrofe tem um solo de trompete piccolo que Paul McCartney disse que foi uma exigência dele ter esse instrumento na música depois que ele viu numa apresentação de uma música do Bach. Sir George Martin deu um jeito.
Penny Lane is in my ears and in my eyes
A four of fish and finger pies
In summer, meanwhile back
Penny Lane continua habitando todas as lembranças. O narrador da música está comendo um fish and chips e fazendo mais sei lá o que no verão, mas Enquanto isso em Penny Lane...
Behind the shelter in the middle of the roundabout
The pretty nurse is selling poppies from a tray
And though she feels as if she is in a play
She is anyway
Atrás do abrigo no meio da rotunda tem uma enfermeira bonita vendendo botões de papoula em uma bandeja. Ela acha que está em uma peça de teatro e está mesmo.
Se o narrador no refrão estava no verão, em Penny Lane essa enfermeira está perto do inverno porque as papoulas geralmente são de papel e vendidas em novembro perto do Armistice Day e estão ligadas aos soldados feridos e mortos na Primeira Guerra.
No livro temos a enfermeira de vestido azul que ele encontra no muro dos estúdios de Abbey Road e Luna, irmã de Walter, que também é enfermeira e quer fugir da RDA para Liverpool. Luna odeia a RDA, ela se sente controlada (como numa peça?) e com medo o tempo todo.
In Penny Lane the barber shaves another customer
We see the banker sitting waiting for a trim
And then the fireman rushes in
From the pouring rain
Very strange
E voltamos para o barbeiro que está fazendo a barba de um cliente. O banqueiro também está lá esperando e o bombeiro entra afobado porque chove muito lá fora. Very Strange. Muito estranho mesmo.
Aqui a música volta lugar de início, como o livro que volta ao lugar do acidente anos depois. Três dos quatro personagens da música estão reunidos: barbeiro, banqueiro e bombeiro. A enfermeira continua dentro da peça de teatro, ela fica ausente dessa reuniãozinha.
No hospital Saul tem a visita de Jennifer, de seu pai, seu irmão e Jack (um amigo/amante). Walter ainda está na Alemanha e Luna desapareceu.
Penny Lane is in my ears and in my eyes
There beneath the blue suburban skies
Penny Lane
Mas Penny Lane continua lá, nos olhos e nos ouvidos, ocupando a memória, a nostalgia, o passado e presente misturados.
No fim Saul Adler quer tirar outra foto atravessando Abbey Road. "And in the end, the love you take is equal to the love you make"
Gosto muito dessa música. Já estive em Liverpool e fui a Penny Lane com um tour que apontava todos os lugares da música.
Também já estive em Abbey Road, mas estava só e não consegui uma foto minha atravessando a rua.
Quando terminei o livro escutei a música com mais atenção. De primeira o que me pegou foi o "Very strange" da música porque as coisas acontecem e o próprio narrador acha estranho, como no livro, depois foi isso de passado e presente. Dei uma relida rápida no livro, vi que tinha mais coisas relacionadas e rendeu esse post.
Gostei do livro. Não foi um 5 estrelas, dei 4 e entrei no jogo das referencias dos Beatles.
Esse clássico de 1984, que estava na trilha sonora de Footloose, já foi usada em várias séries, filmes, propagandas, realities, mas ultimamente está pipocando por aí outra vez. Fazia alguns anos que não escutava essa música aí só essa semana escutei no trailer do desenho novo do He-Man, em um episódio da série do Loki e até no trailer do jogo dos Guardiões das Galáxias. (coisas que aparecem no grupo dos geeks)
A minha confusão faz sentido porque todas foram compostas e produzidas pelo mesmo cara: Jim Steinman. Ele também compôs Total Eclipse of The Heart que já analisei aqui. Jim Steinman compôs várias músicas conhecidas da década de 1980 (e depois), além dessas tem algumas do Meatloaf, do Air Supply, e Celine Dion.
Holding Out For a Hero é daquelas músicas que toca e eu canto a letra inteira, até sei as partes da bateria imaginária mesmo depois de anos sem escutar. Quando Footloose saiu comprei o LP da trilha sonora e escutei direto. Essa música toca na parte do filme que o Ren vai numa disputa boba de tratores com o bully da cidade. Se vocês nunca viram Footloose, vejam. A versão original, de 1984, por favor. (A versão mais recente não é ruim, mas Kevin Bacon é Kevin Bacon e a trilha sonora original é bem melhor).
Ainda tenho LP mas não tenho mais um toca discos então fui no spotify e escutei Holding Out For A Hero com mais atenção e fones de ouvido muito bons. Porque mesmo escutando essa música quase que uma vida inteira, e saber a letra, nunca reparei o que a Bonnie Tyler estava dizendo de verdade. Para isso eu criei esse analisando a música, então vamos descobrir que herói é esse que ela tanto espera.
Essa é uma música deliciosamente exagerada, dramática, over the top.
Já peço desculpas pelos trocadilhos e duplos sentidos.
Where have all the good men gone
And where are all the gods?
Where's the streetwise Hercules to fight the rising odds?
Isn't there a white knight upon a fiery steed?
Late at night I toss and I turn
And I dream of what I need
Para começar, essa música tem um coro feminino que funciona como um coro grego reforçando os pedidos da Bonnie Tyler.
Ela quer saber onde estão os homens bons e onde estão os deuses? Já tenho uma dúvida: ela quer homem bom que também seja um deus OU ela quer saber onde estão os deuses que sumiram com os homens bons? Ou ela quer apenas um deus grego?
KD Hercules espertão (e fortão), que fez todos aqueles 12 trabalhos, para combater os desafios crescentes? Herói grego né?
"Onde está o cavaleiro branco montado em seu cavalo de fogo?" Conhecido como cavaleiro em seu cavalo branco. Por que o cavalo do herói é sempre branco? Anyway, ela canta fiery que é fogoso. Sei que ela se refere ao cavalo, mas quem sabe ela quer um cavaleiro fogoso, ou ela está fogosa, são muitas possibilidades nesse tom urgente da música.
A noite ela fica se revirando na cama e sonha com o que ela precisa. Quem nunca?
E do que ela precisa?
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
He's gotta be strong
And he's gotta be fast
And he's gotta be fresh from the fight
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the morning light
He's gotta be sure
And it's gotta be soon
And he's gotta be larger than life
Larger than life
(momento bateria imaginária!)
Ela precisa de um herói.
E ela vai esperar por um herói até o fim da noite. Por que noite? Herói de dia também resolve.
Temos uma checklist exigente do que ela quer nesse herói: força, rapidez, certeza, agilidade e que ele seja "larger than life", maior que a vida, que pode ser: extravagante, de uma importância descomunal ou extremamente carismático. Ou seja: difícil hein? Mas ela vai esperar até o amanhecer.
Ah, e ela quer que ele venha fresco da luta/batalha. Suando, cheiro de testosterona, disposto a lutar. (inserir emojis de foguinho)
Somewhere after midnight In my wildest fantasy
Somewhere just beyond my reach
There's someone reaching back for me
Racing on the thunder and rising with the heat
It's gonna take a Superman to sweep off my feet
Ali pela meia noite, em sua fantasia mais louca e selvagem, tem alguém a buscando que ela não consegue alcançar.
"Correndo no trovão e ascendendo com o calor." É o THOR. Acho mais do justa essa escolha de herói. Herói AND deus. Não tenho emojis com coração nos olhos (nem de foguinho) suficientes para o Thor.
E ela diz que tem que ser um Superman para conquistá-la. Te entendo Bonnie Tyler. Pode escolher, todas querem ser Lois Lane.
superman vintage
superman why so serious?
superman reloaded
superteen
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
He's gotta be strong
And he's gotta be fast
And he's gotta be fresh from the fight
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the morning light
He's gotta be sure
And it's gotta be soon
And he's gotta be larger than life
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
E continua esperando a noite toda, até o amanhecer por esse herói, com essa checklist impossível para um humano comum. Será que ele vai aparecer?
No início desse segundo refrão tem um teclado de fundo fazendo um som de mágica, ou de quem está sendo hipnotizado, é sutil mas está lá. E no fim tem mais momento bateria imaginária, preparem os braços.
Up where the mountains meet the heavens above
Out where the lightning splits the sea
I could swear there is someone, somewhere
Watching me
Through the wind, and the chill, and the rain
And the storm, and the flood
I can feel his approach like a fire in my blood
(like a fire in my blood, like a fire in my blood)
Mas aí onde as montanhas encontram os céus (Monte Olimpo? Asgard? Afinal temos deuses nessa história) e onde o relâmpago parte o mar ela tem certeza que tem alguém a observando. Relâmpago? É o Thor.
Através do vento, do frio, da chuva, da TEMPESTADE (Oi Thor, tudo bem?), e da enchente ela consegue sentir ele se aproximando como fogo em seu sangue. Fogo Em Seu Sangue. Ui. Ui. Ui. É tanto fogo no sangue que o coro repete várias vezes.
(voltando ao fogoso da primeira estrofe, acho que temos uma resposta: é ela, e com razão.)
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
He's gotta be strong
And he's gotta be fast
And he's gotta be fresh from the fight
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the morning light
He's gotta be sure
And it's gotta be soon
And he's gotta be larger than life
I need a hero
I'm holding out for a hero 'til the end of the night
Ela continua precisando de um herói, é urgente mas vai esperar a noite toda até o amanhecer. Eu também esperaria pelo Thor.
Não tem superpoderes na checklist, e se ela aliviar essas exigências um pouquinho ela consegue um herói humano que vai dar conta do recado, e nem vai precisar esperar até o amanhecer.
Vamos tirar as polainas do armário e aquecer para dançar essa música que estava presente em todas as aulas de aeróbica, quando existiam. E é uma música ótima para correr.
No video Bonnie Tyler super dramática, quer um herói para apagar o fogo (da casa), vai ate o Grand Canyon gritar sua checklist e no fim é salva por um cowboy, humano.
Essa semana assisti o terceiro filme da série teen Para Todos os Garotos, é ok, mas o primeiro continua sendo o melhor. Nesse terceiro filme a Lara Jean e o Peter Kavinsky estão tentando achar uma música para o casal e em um momento ele diz que compartilhou com ela um album no Spotify de uma banda chamada Oasis.
Fiquei velha escrevendo essa frase: compartilhou um album no spotify. Ainda sou da época das mix tapes (e mix CDs).
Lara Jean decide escutar o disco que é o (What's the story) Morning Glory?, de 1995. Ela escuta Don't Look Back In Anger, mas se eu fosse escolher uma música desse disco para ser de casal seria Champagne Supernova (pela melodia) ou o mega hit Wonderwall (pela letra e por aquele violoncelo com bateria). Esse é o disco mais conhecido da banda, e é ótimo. Além dessas que mencionei, tem Morning Glory, Cast No Shadow e Some Might Say.
Que bom que os jovens vão conhecer o Oasis, essa banda de Manchester formada, em 1991 que tem irmãos Noel e Liam Gallagher. Os irmãos são conhecidos por fazerem confusão e brigarem muito entre si mas nem vou falar disso porque sou filha única e as vezes não entendo essa relações fraternais.
Bem no meio da onda grunge que vinha de Seattle, o Oasis conseguiu fazer seu rock melódico se destacar. Gosto muito dessa banda, ocupava um espaço grande no meu iPod (quando ainda se usava um) e tenho uma música deles em todas as playlists de corrida.
(What's the story) Morning Glory? é o segundo disco da banda. O primeiro é Definitely Maybe de 1994, o terceiro é Be Here Now de 1997, depois veio Standing on The Shoulder Of Giants (2000), Heathen Chemistry (2002), Don't Believe The Truth (2005) e Dig Out Your Soul (2008). A banda acabou em 2009.
Entendo a escolha de Don't Look Back In Anger para tocar no filme, é o segundo maior hit da banda até hoje e tem a ver com o momento do filme. Essa música tem uma frase final ótima (At least not today) e tem uma guitarra que conversa com a letra que o Liam Gallagher está cantando. Aí eu pensei em outra música que tem essa mesma característica e que gosto um pouco mais.
E assim vou analisar o que diz Stand By Me, do Be Here Now, disco que tem uma capa cheia de referências aos Beatles (banda da cidade vizinha, Liverpool).
Stand By Me já começa com um riff de guitarra maravilhoso. E essa guitarra segue conversando com a melodia e letra, um beijo para o Noel Gallagher. Coloca uns fones de ouvido para escutar com mais detalhes, tem outros elementos e tudo combina. O Liam Gallagher tem uma voz boa, mais para o grave, com aquele arranhado rock n' roll. Ele canta sempre levantando a cabeça, com o microfone mais alto.
Isso da guitarra conversar com o que está sendo cantado me lembra o clássico Sultans of Swing do Dire Straits. Nessa música o Mark Knopfler canta o que acontece com os Sultans of Swing, mas quem conta mesmo a história é a guitarra.
Made a meal and threw it up on Sunday I've got a lot of things to learn Said I would and I'll be leaving one day Before my heart stars to burn.
Depois de uma introdução com um solo da guitarra, a música já vem com um "Fiz comida e vomitei no domingo." PAH! ou melhor, ECA. Nada pior do que comer e chamar o Raul, não foi um bom domingo. (Noel Gallagher disse que compôs essa música depois de passar mal com uma comida que ele fez. Exemplos da vida real.)
Aí ele diz que tem muitas coisas a aprender. Sim. Uma delas é cozinhar.
E já avisa que um dia vai embora, antes que seu coração comece a queimar. Que pode ser uma etapa antes do coração partir (heartbreak). Talvez ele acha melhor ir embora antes de sofrer mais. Filosofei.
Heartburn também é azia, melhor parar de comer se sentir a azia chegando. Mas não acho que essa é uma música sobre gastrite.
Notem que a guitarra só aparece depois que ele fala "my heart starts to burn".
So what's the matter with you?
Sing me something new
Don't you know
The cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
"E aí, o que está acontecendo com você?" Porque ele já contou que o domingo dele não foi nada bom. E pede para cantar (contar) uma coisa nova. E vem com "Você não sabe? O frio, o vento e a chuva também não sabem, eles só vem e vão."
Quem sabe de tudo é o SOL. Coisa que, pelo jeito, falta nessa parte da Inglaterra já que até os Beatles comemoram quando Here Comes The Sun.
Times are hard when things have got no meaning
I've found a key upon the floor
Maybe you and I will not believe in
The things we find behind the door
"Os tempos são difíceis quando nada faz sentido.". Fato. Mas ele achou uma chave no chão e temos uma porta. O que tem atrás da porta?
(quando ele fala floor a guitarra dá uma animada)
De um início desanimado para uma ponta de esperança. "Talvez não acreditaremos no que tem atrás da porta". Só vai saber se abrir. Momento Schrodinger da música.
So what's the matter with you?
Sing me something new
Don't you know the cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
E aí, qual o seu problema? Me canta algo novo enquanto o vento, a chuva e o frio vão e vem.
Talvez ele seja uma pessoa entediada procurando novidades, precisa de algo para mudar esse ritmo constante da chuva do vento e do frio.
Stand by me, nobody knows the way it's gonna be
Stand by me, nobody knows
Yeah, nobody knows the way it's gonna be
E temos o refrão: Fica comigo, ninguém sabe como vai ser. Ninguém mesmo.
If you're leaving will you take me with you
I'm tired of talking on my phone
There is one thing I can never give you
My heart will never be your home
Se você estiver indo embora, me leva? Acho fofa essa parte.
"Estou cansado de falar ao telefone.". Frase que denuncia a idade da música. Então eles estão só se falando ao telefone e ele quer se encontrar, quer ficar junto.
MAS ele avisa que tem uma coisa que ele nunca vai poder dar: "Meu coração nunca será sua casa." (e a guitarra confirma)
Ele está com medo de ter o coração partido, afinal já disse que ia embora antes do coração queimar.
So what's the matter with you?
Sing me something new
Don't you know the cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
Então, meu coração nunca vai ser sua casa, mas me conta o que está acontecendo com você? Me canta uma coisa nova, chega desse vai e vem da chuva, do vento e do frio.
Stand by me, nobody knows the way it's gonna be
Stand by me, nobody knows
Yeah, nobody knows the way it's gonna be
Temos um narrador que quer ficar junto e se previnir de um coração partido quando ele mesmo diz que ninguém sabe como vai ser.
The way it's gonna be
Maybe I can see, yeah
Don't you know the cold and wind and rain don't know
They only seem to come and go away
Aqui ele já mudou um pouco e diz que talvez possa ver sim. E pode ser simples como o vai e vem da chuva, do vento e do frio que não precisam saber de nada. (o riff da guitarra nessa parte tem sentimento)
Stand by me, nobody knows the way it's gonna be
Stand by me, nobody knows
Yeah, God only knows, the way it's gonna be
Fica comigo, ninguém sabe como vai ser. Mas no fim só deus sabe como vai ser. Ou nem ele.
A guitarra só para quando ele para de cantar e tem aquele finalzinho esticado pé no pedal.
O video é bem anos 1990 com uma historinha de um motoqueiro desgovernado pela cidade e duas mulheres discutindo.
No início do ano vi que o Harry Styles tinha lançado um disco novo em dezembro de 2019, vi o video de Watermelon Sugar em maio 2020, mas deixei para escutar melhor depois. E o depois foi agora em dezembro 2020. Um ano de atraso, mas tudo bem. Sei que Watermelon Sugar foi um hit do verão europeu mas nessa pandemia em casa muita coisa passou batido.
Sei pouco do passado do Harry Styles. Sei que ele foi participar do X Factor e acabou juntado com outros meninos para formar a boy band One Direction (em 2010? 2011?). Só conheço uma música da banda (e foi por causa de um meme na época) e sei que eles atraiam um bocado de gritaria.
Os anos passaram, a banda se separou e todos seguiram carreira solo (eu acho). Harry Styles lançou um disco em 2017 com o seu nome. Na época escutei esse disco, achei Sign of the Times boa, Kiwi tem uma vibe rock n' roll, dava para ver que as influencias dele iam ali na linha de Beatles, Pink Floyd, Fleetwood Mac, rock anos 1970/1980. Aliás, Harry Styles é BFF da Stevie Nicks. Tem uma versão dele cantando The Chain que é ótima.
Fine Line é o segundo album da carreira solo do Harry Styles. E veio cheio de influências musicais e literárias.
Achei esse segundo disco melhor que o primeiro. É meio pop, meio rock, meio indie, meio folk, meio um pouco de tudo. Para lançar esse disco Harry Styles inventou uma ilha chamada Eroda que todo mundo queria saber onde era mas era só marketing para o video de Adore You (que passa numa ilha). E Eroda é Adore de trás para frente.
Harry Styles, hoje com 26 anos, foi indicado a 3 Grammys em 2021: melhor clipe com Adore You (que e ótimo), melhor performance solo pop com Watermelon Sugar e melhor album pop com Fine Line.
O video de Golden também é ótimo (gosto de videos com pessoas correndo).
Harry Styles é cool. Harry Styles tem estilo (sim fiz esse trocadilho) e virou ícone da moda. Ele vai do camp ao andrógino num pulo, usa roupas coloridas, estampadas, misturadas, divertidas, tem tatuagens, unhas pintadas, usa anéis enormes, colar de pérolas e sustenta to-dos os looks. Esse ano apareceu na capa da vogue americana usando um vestido. Não foi o primeiro a usar um vestido, David Bowie e Kurt Cobain já fizeram isso, mas na era da internet o alcance e o impacto são maiores.
Harry Styles também é ator. Esteve em Dunkirk do Christopher Nolan e vai estar no segundo filme da Olivia Wilde (que dirigiu o divertido Booksmart).
Watermelon Sugar é uma música divertida, curtinha, com duplo sentido (ou não), acho boa para encerrar o analisando a música de 2020 num tom mais animado.
Então vamos saber o que tem no açúcar da melancia do Harry Styles.
Tastes like strawberries On a summer evening
And it sounds just like a song
I want more berries
And that summer feeling
It's so wonderful and warm
Começa só voz, guitarra e um teclado no fundo. Devagar.
Temos gosto de morango numa noite de verão que soa como uma música. Ele quer mais frutinhas vermelhas e aquela sensação maravilhosa e quentinha do verão. (Quentinha para ele que é inglês e o verão lá é 20 graus porque aqui é sensação derretendo do verão).
Harry Styles contou que compôs essa música enquanto fazia o tour do primeiro album (2017). Ele estava no estúdio com os caras da banda e tinha uma melodia para um refrão que era meio repetitiva. Aí ele viu o livro In Watermelon Sugar do Richard Brautigan (não li) na mesa, gostou e resolveu usar. Disse também que foi a música que ele demorou mais para terminar porque no início ele não gostou mas que vivia voltando e pronto, acabou nesse disco novo.
Ele diz que a música é sobre a euforia de quando você começa a ficar com uma pessoa e tem aquela animação (se é que vocês me entendem).
Tem uma entrevista no youtube que o entrevistador fala: "Todo mundo sabe sobre o que é Watermelon Sugar, é sobre a alegria do prazer do sexo oral mútuo.". No que Harry Styles da uma risadinha e responde "Então é sobre isso? Eu não sei". Safadinho.
Breathe me in
Breathe me out
I don't know if I could ever go without
I'm just thinking out loud
I don't know if I could ever go without
Aqui entra uma batida eletrônica leve. Está animando.
Essa frase inicial bem parecida com uma parte da letra de Everlong da Foo Fighters que diz "Breathe out so I can breathe you in". As duas são igualmente boas mas a do Harry Styles é menos creepy. Ou não.
De todo jeito respira muito, consome a alma alheia. E ele acha que não consegue mais ficar sem. Sem o que Harry?
Watermelon sugar high
Aí vem a batida melhora, mais ritmo, vem a repetição. E ele não consegue mais ficar sem o barato do açúcar da melancia. Docinho. (estou tentando manter esse post apropriado para menores de idade)
Strawberries on a summer evening
Baby, you're the end of June
I want your belly
And that summer feeling
Getting washed away in you
Aqui a batida já é a definitiva, animada, com um grave gostoso. Temos mais morangos numa noite de verão. E ele diz que "Baby, você é o fim de junho", que lá no hemisfério norte é o início do verão, aquele calorzinho bom começando. Se você for no Rio de Janeiro no fim de junho a temperatura é a mesma do verão inglês, uma delícia.
Ele quer a barriguinha, ou a pança, e quela sensação de verão sendo banhada em Baby.
Breathe me in
Breathe me out
I don't know if I could ever go without
E vamos respirar. Para dentro, para fora. Ommmmm
Watermelon sugar high
I just want to taste it
Watermelon sugar high.
Ele só quer provar o docinho da melancia que dá barato. Acho justo! A Magali da Turma da Mônica sabe disso há anos.
Tastes like strawberries
On a summer evening
And it sounds just like a song
I want your belly
And that summer feeling
I don't know if I could ever go without
Aqui ele repete a primeira estrofe só na voz e guitarra. Morangos, verão, música, pança quentinha e ele não quer que acabe.
Watermelon sugar high
I just want to taste it
Watermelon sugar high.
Voltamos para a batida dançante com metais. Para dançar até o fim. Traz essa melancia que todo mundo quer provar esse docinho.
Termina com Watermelon Sugar!
Vamos ao video que saiu no meio da quarentena e tem gente se encostando de todo jeito. Vem vacina!
Parece que Harry Styles tem uma fazenda de melancias, que foi onde pegaram as melancias para fazer o video. Precisamos apresentar Harry Styles para a Magali.
(curiosidade: uma vez, numa festa a fantasia, fui de Magali e levei um pedaço de melancia de verdade que não durou 5 minutos. Watermelon sugar high!)