30.3.12

Analisando a música: Enjoy The Silence (Depeche Mode)

O Depeche Mode se formou no fim dos anos 1970, mas o sucesso só veio mesmo na metade dos anos 1980. Eu só fui saber da existência deles em 1987 com o album Music for the Masses (faz sentido), que tinha o sucesso Strangelove. Depois disso lançaram Violator, o album de maior sucesso da banda que continha seu maior hit: Enjoy The Silence.

Confesso que não sou conhecedora da discografia do Depeche Mode. Para mim é uma daquelas bandas que conheço muitas músicas, só não sei que são deles. (fui pesquisar para escrever esse post e tive vários momentos "ah, essa música é do Depeche Mode?!?")

Enjoy the Silence é de 1989, e tem um dos melhores videos ever. Infelizmente só encontrei a versão remasterizada (Oi??), mas, no video um cara vestido (fantasiado?) de rei percorre várias paisagens diferentes, das highlands, passando pela praia, até as montanhas com neve, só com sua cadeirinha de praia pronto para admirar a vista e aproveitar o silencio.

Então vamos uma música sobre... o silêncio?

Words like violence
Break the silence
Come crashing in
Into my little world
Painful to me
Pierce right through me
Can't you understand
Oh my little girl


Na verdade acho que é uma música sobre um cara que não quer ter uma DR com a namorada. Ele sabe que vai escutar coisas que não quer ouvir, provavelmente não quer dizer outras, e faz essa poesia bonita sobre o mal que as palavras podem causar.

"As palavras são violentas, quebram o silêncio, entram despedaçando o meu mundinho, me doem, penetram (ou me atingem). Poxa, garotinha, você não entende?" Não sei se o garotinha é porque ele está no mundinho, ou é sendo condescendente mesmo. Ainda assim são versos bonitos.

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm


Então, tudo que ele quer e precisa está ali nos braços dele (no mundinho). Palavras são desnecessárias, elas só podem fazer mal. 

Vows are spoken
To be broken
Feelings are intense
Words are trivial
Pleasures remain
So does the pain
Words are meaningless
And forgettable


"Para que promessas, se são só para serem quebradas? Os sentimentos são intensos, as palavras são triviais. As únicas coisas que ficam são os prazeres e a dor. Palavras são sem sentido e esquecíveis." Será?

Acho que ele até tem razão, mas, no seu mundinho, ele não entende nada de mulher, porque todas sempre lembram tudo que foi dito, e as promessas que foram feitas. #ficadica

All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm


Ele tenta ser romântico dizendo que já tem tudo que quer e precisa, mas, mesmo ele insistindo no silêncio, acho que leva um fora. Por isso o rei do video vai apreciar a paisagem sozinho. E que paisagem bonita!




19.3.12

Conversas iPodianas (23)

Hoje de manhã estava com preguiça de correr e saí para uma caminhada. Depois de duas músicas o iPod manda a seguinte sequência:

- Pumped Up Kicks - Foster the People (you better run, better run, outrun my gun)
- Dog Days Are Over - Florence + The Machine (you better run, run fast for you mother, run fast for you father...)
- Born to Run - Bruce Springsteen

Comecei a correr, óbvio.

Run, Forrest, run!

17.3.12

Analisando a música: You Only Live Once (The Strokes)

O The Strokes surgiu no fim dos anos 1990 quase entrando em 2000. Depois do grunge, antecipando uma invasão indie (e hipster) que viria a seguir (também o britpop, britrock e glam rock), a banda nova iorquina decidiu mater o som de garagem, mas seus integrantes trocaram as camisas xadrez pelo skinny jeans. O Julian Casablancas tem aquele vocal um pouco sujo que funciona, e a bateria é sempre precisa.

O primeiro sucesso foi  a ótima Last Nite, do album Is This It. Depois veio o Room on Fire, que é o meu preferido, um dos melhores albuns com músicas para correr de ponta a ponta (tem a deliciosa 12:51, a batida certa de The End Has No End, e a tensa Reptilia). É do terceiro album, First Impressions Of Earth, que vem a música analisada da vez: You Only Live Once.

Essa música nasceu como I'll Try Anything Once (ótimo nome de música e filosofia de vida), que depois foi parar no lado B do single Heart in a Cage, e ficou famosa na cena da piscina no filme Somewhere da Sofia Coppola. Então, para colocar no album adicionaram a batida, um ritmo mais animado, mudaram a letra (mas a intenção é a mesma), gravaram um clipe bacana e virou You Only Live Once. Gosto das duas letras, mas prefiro a batida mais animada da segunda. A banda criou a operação YOLO na qual convocaram os fãs para pedirem a música nas rádios e assim chegar ao topo das paradas só com um boca a boca. Funcionou.

Some people think they're always right
Others are quiet and uptight
Others, they seem so very nice
Inside they might feel sad and wrong


A primeira impressão que tenho é que essa é uma música sobre briga, ainda mais pelo refrão, mas depois concluí que faz a linha: ah, para que me estressar, a gente só vive uma vez mesmo. 

A música já começa com uma analise das pessoas em geral: algumas acham que estão sempre certas, outras são quietas e tensas, algumas parecem legais, mas no fundo talvez se sintam tristes e inadequados. Ou é ele sendo sarcástico com a namorada?

Twenty-nine different attributes
Only seven that you like
Twenty ways to see the world
Twenty ways to start a fight



Ela é uma pessoa que tem vinte e nove qualidades diferentes (29??), mas ele só gosta de sete, ou ele tem as qualidades e ela é exigente? Ele diz que tem vinte formas de ver o mundo e vinte maneiras de começar uma briga. Pelo jeito discordam de muita coisa.

Oh, don't don't don't get out
I can't see the sunshine
I'll be waiting for you baby
'Cause I'm through
Sit me down, shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you



O refrão. Então ele diz para ela "Olha, não vai embora, eu não vejo a luz, mas vou te esperar. Cansei. Me senta e me cala (Oi? Como?) que eu fico calmo e aí a gente se entende". Traduzindo: ok, ok a gente briga mas no fim eu calo a boca e tudo dá certo, chega de DR, a vida é curta.

Men don't notice what they got
Women think of that a lot
One thousand ways to please your man
Not even one requires a plan, I know



Aqui é o seguinte: homens não estão nem aí (ou não reparam no que tem) e mulheres pensam demais. Ah, a boa e velha diferença entre os gêneros. Para ele, as mulheres pensam em mil maneiras de satisfazer seus homens, mas que nenhuma precisa de um plano, ou seja, as mulheres não precisam pensar tanto. (agora entendi porque ele pede para a menina calar a boca dele)

And countless odd religions too
It doesn't matter which you choose
One stubborn way to turn your back
I guess I've tried and I refuse



Não sei onde as incontáveis religiões entraram na conversa, acho que é um jeito dele dizer que não importa qual a sua escolha religiosa, são todas estranhas, e formas de se tornar inflexível. Que a vida é curta (afinal, só se vive uma vez) e que não precisa disso. Tentou e recusou, muito bem.

Don't don't don't get out
I can't see the sunshine
Oh, I'll be waiting for you baby
'Cause I'm through
Sit me down, shut me up
I'll calm down
And I'll get along with you
Alright
Shut me up
Shut me up
And I'll get along with you



Mais uma vez o refrão, e ele insiste que ela cale a boca dele que tudo vai ficar bem.


Ah, nada de silêncio, canta aí Julian, porque só se vive uma vez.


10.3.12

Amanhecer parte 1

Depois de ter sobrevivido aos 3 primeiros filmes da saga (??) Crepúsculo, demorei mas vi o penúltimo filme: Amanhecer parte 1. Sim, ainda vão nos torturar com a parte 2.

O primeiro filme não foi ruim, era bobinho, mas até me divertiu. O segundo foi mais dramático, teve uma ótima participação dos Volturi, mas foi nesse que descobrimos que o Vampirinho só ia transar transformar a Bella depois de casar. O terceiro filme foi mais animado, teve flashback, teve guerra entre vampiros e lobos e o Vampirinho teve que aceitar que o Lobinho era muito mais sangue quente.

Então chegamos ao quarto filme dessa saga que parece não ter fim. E esse filme é o PIOR de todos até aqui.

E até achei que um filme que começa com o Lobinho tirando a camisa nos primeiros 5 segundos não poderia ser tão ruim, mas foi péssimo e ele não tira mais a camisa.

A Bella conseguiu se segurar até o dia do casamento porque ela acreditou na propaganda de True Blood e Vampire Diaries que sexo com vampiros é uma coisa do outro mundo. Bella, o seu vampiro brilha como purpurina na luz do sol. Enough said. (Antes do casório a Bella tem um sonho que todos os convidados estão mortos. Acho que isso reflete o desejo do público. Just saying.)

O casamento é tradicional, com uma decoração que tenho certeza será imitada por todas as fãs da série, Bella e Vampirinho declaram seu amor eterno e tal. O Lobinho não foi para cerimônia, mas apareceu no mato para uma dancinha com a noiva. Aí descobrimos que ela vai para a lua de mel ainda humana, que vai tentar transar com o Vampirinho antes de se transformar em vampira. Lobinho faz cara de WTF? e nós também. Bella, você foi ENGANADA. Para que casar se você poderia ter descoberto antes se o Vampirinho é mesmo tudo que a literatura gótica promete? E aquele papo todo de "eu posso te matar com minha força"? Sinto muito, mas o Vampirinho não é o Superman.

Aí eles vem para a lua de mel no Brasil. Primeiro uma passadinha na Lapa para uma roda de samba e depois direto para uma ilha em Angra. (O único ponto positivo desse filme é que colocaram pessoas que realmente falam português.) Finalmente Vampirinho e Bella transam, quebram a cama, ela fica com algumas manchas roxas, mas sobrevive e gosta. Ele é que ficou na dúvida e decide não transar mais até transformá-la. #significa

A Bella fica grávida. Oi? Como assim? É, leitoras e leitores, a Stephanie Meyer sambou de tamancos holandeses na cara do Bram Stoker e criou um bebê híbrido. Se bem que depois de vampiros purpurinados eu espero tudo.

A gravidez é difícil, o bebê só gosta de sangue, a Bella fica moribunda e o Vampirinho faz a única coisa que ele sabe: sofrer. Quem não deixa os outros lobos atacarem o bebê é o Lobinho, que agora vai tentar ser lider da alcatéia. (Gente, os lobos se comunicam telepaticamente!) A neném nasce, a Bella morre no processo, mas o Vampirinho já tinha dado algumas mordidas nela. O Lobinho imprime a bebê, que em outras palavras significa que ele é um pedófilo que se vê no futuro xonado, capaz de tudo pela pequena Renesmee (nome da bebê, Renee + Esmee, prova que a Bella assimilou a cultura brasileira), e assim os outros lobos não podem atacar.

A Bella se transforma em vampira e acorda com os olhos vermelhos, querendo sangue. Fim. Ou quase. Os Volturi aparecem no finalzinho deixando a dica que não vão deixar barato o nascimento de uma híbrida com um nome cafona como Renesmee. Que eles matem todo mundo e o sonho da Bella se torne realidade.

Acho que a Tia Helo nem se daria o trabalho de ver esse filme. Um "Ai, Jesus!" só porque aparece o Corcovado no filme.