26.2.22

+Filmes e Séries (e novelas coreanas)

Filmes

Nightmare Alley - filme do Guillermo Del Toro com Bradley Cooper e Cate Blanchett que concorre ao Oscar de melhor filme, figurino e design de produção. É sobre um homem que vai trabalhar numa espécie de circo itinerante (nos anos 1940) e aprende os truques com um casal de adivinhos. Achei ok, poderia ter meia hora a menos e o plot twist não foi surpresa, mas é bem feito. 

The Fallout - filme sobre uma garota que sobrevive a um tiroteio na escola e como ela vive a síndrome pós-traumática. É bem feito, tem os altos e baixos da garota, a mudança de comportamento, a relação com a família e amigos e como cada um reage aos acontecimentos. (HBO MAX)

Asako I&II - filme de 2018 dirigido pelo Ryusuke Hamaguchi (Drive My Car). Asako se apaixona por Baku, um cara livre, leve e solto, e eles vivem um romance intenso mas Baku um dia sai para comprar cigarros e não volta. Asako larga tudo em Osaka (inclusive as amigas) e vai para Tokyo trabalhar num café. Em Tokyo ela conhece Ryohei que é a cara do Baku (é o mesmo ator) mas trabalha numa empresa de sakê e é uma pessoa estável. Ryohei se apaixona por Asako, ela resiste mas depois eles acabam namorando e morando juntos. Cinco anos depois Baku aparece. Achei esse filme muito bom. (MUBI)

Kimi - O Steven Soderbergh diz que vai se aposentar mas continua fazendo filmes. Esse é sobre uma mulher que trabalha corrigindo erros de uma inteligencia artificial tipo Alexa que se chama Kimi. Um dia ela escuta o que parece uma agressão e ela denuncia a empresa. Acontece que a empresa está em vias de financiamento e isso pode dar errado. É tenso e o apartamento da Zoe Kravitz nesse filme é maravilhoso. (HBO MAX)

Audible - documentário curta metragem que foi indicado ao Oscar desse ano. É sobre um grupo de jovens surdos que fazem parte de um time de futebol americano numa escola de surdos e que compete com times de atletas que escutam. (NETFLIX)

The Long Goodbye - ficção curta metragem que também foi indicado ao Oscar desse ano. Tem Riz Ahmed fazendo um rapaz que está tranquilo numa festinha com a família em casa quando a policia faz uma batida na rua. É forte. (No Youtube)

The Tinder Swindler - um documentário sobre um golpista que enganava mulheres e as convencia a dar dinheiro para ele. Ele se dizia um milionário filho de um dono de um empresa de diamantes, levava as mulheres para andar de jatinho mas depois dizia que estava sendo perseguido e ameaçado e pedia dinheiro. E ele chegava nelas via Tinder. (NETFLIX)


Séries

All Of Us Are Dead - Série coreana de zumbis. Não gosto de coisas com zumbis (abandonei Walking Dead na primeira temporada) mas ninguém faz zumbis como os coreanos, vide o ótimo Train to Busan (Netflix). Os zumbis coreanos são acrobáticos e ágeis, e fica tudo mais tenso porque na Coréia do Sul, ao contrário dos USA, ninguém tem armas de fogo então as pessoas tem que ser mais criativas para fugir dos zumbis. É sobre um grupo de estudantes que fica preso na escola enquanto tem um ataque zumbi. Os zumbis são resultado de um vírus criado por um professor de biologia na esperança que desse coragem para seu filho enfrentar os bullies da escola (e bully asiático é outro nível) mas o transforma no zumbi inicial. Essa série poderia ter 2 episódios a menos mas é muito boa. A cena na biblioteca do episódio 5 é incrível de bem feita. (NETFLIX)

The Book of Boba Fett - É Star Wars mas não ia ver essa série porque não me importo com o Boba Fett. Pra mim ele é apenas um coadjuvante do coadjuvante que os fãs se apegaram. Nos filmes originais ele aparece 3 minutos e morre (bem, cai na boca da minhoca do deserto). Mas o ressuscitaram em The Mandalorian e deram uma série para ele. O que me fez ver essa série foi o episódio 5 (e acho os 4 primeiros dispensáveis). Por que? Bem, o episódio 5 é um episódio só com o Mandalorian, no 6 tem Baby Yoda treinando com Luke Skywalker e no último episódio Mando e Baby Yoda (me recuso a chamar de Grogu) se juntam para ajudar o Boba Fett na trama mais sem importância das galaxias (além de chupada de Duna). Achei sacanagem colocarem esses episódios do Mandalorian no meio da série sem graça do Boba Fett. (Disney +)

The Gilded Age - Série do Julian Fellows (Downton Abbey) que passa em NYC em 1880. Uma familia de novos ricos se instala do outro lado da rua de uma familia quatrocentona que veio no Mayflower. Fofocas, intrigas e muita frescura, tudo muito bem produzido. (HBO MAX)

The After Party - Série sobre a investigação da morte de um cantor pop famoso que aconteceu na festa da reunião dos amigos do high school. É uma comédia e cada episódio é uma das pessoas na festa contando seu lado. O episódio musical é muito bom. (Apple TV+)

Inventing Anna -Série da Shonda Rhimes sobre a golpista Anna Delvy/Sorokin que enganou os ricos de NYC usando roupa de marca e sendo grosseira. (NETFLIX)

Pam and Tommy - Pamela Anderson e Tommy Lee fizeram uma sex tape que foi roubada e o ladrão se aproveitou da terra sem lei que era a internet para vender os VHS. Pamela Anderson na época era famosa porque fazia Baywatch e Tommy Lee foi o baterista da Mötley Crue.  (STAR+)

Casamento as Cegas Japão - o reality que os casais primeiro conversam muito e para se ver tem que pedir em casamento. O interessante é ver as diferenças culturais, ainda mais quando também estreou a segunda temporada do Casamento as Cegas USA. (NETFLIX)

Jonathan Van Ness Quer Saber - o cabeleireiro preferido da NETFLIX agora tem uma série onde ele vai matar a sua (e nossa) curiosidade sobre vários assuntos, de insetos e besouros a arranha-céus.


Novelas Coreanas

Our Beloved Summer - No último episódio foi que me dei conta que vi a versão novela coreana de Normal People. Mas como é novela tem muitos elementos a mais (inclusive camera lenta e momentos fofos). Ung e Yeon Soon estão no último ano da escola e são escolhidos para fazer um documentário sobre o pior e melhor alunos da turma. Ele é o pior (mas adora ler e desenhar) e ela é a melhor. Depois de filmar o documentário eles começam a namorar e ficam juntos por 5 anos mas Yeon Soon dá um fora no Ung (mesmo gostando dele). Cinco anos depois que acabaram e nunca mais se viram, o documentário faz sucesso na internet e os dois são abordados para fazer um follow up 10 anos depois. E aí eles se reencontram e tentam resolver as diferenças. As semelhanças com Normal People são muitas: Yeon Soon é a esquisita da escola (e a mais inteligente), tem uma certa diferença financeira entre os dois e Ung tem depressão (mas como é novela coreana é mais light) e no final o que a Yeon Soon diz é quase palavra por palavra da boca da Marianne. E em vez de cenas de sexo temos muitas cenas de Ung e Yeon Soon sendo fofos. Pulei a trama do amigo que faz o documentário porque achei nada a ver tentar enfiar um triangulo amoroso nessa história e ele era muito chato. O ator que faz o Ung, Choi Woo-sik, é o rapaz de Parasita. (NETFLIX)

Snowdrop - Romeu e Julieta nos anos 1980, onde o pai dele é alto escalão da Coréia do Norte e o pai dela quer ser candidato a presidente na Coréia do Sul. Essa novela usa todos os elementos da peça e acho que Shakespeare aprovaria. Young-ro é uma universitária e mora num dormitório feminino com 3 amigas. Um dia as 4 vão num blind date coletivo e Yong-ro conhece o Soo ho. Os dois se encontram numa loja de discos e rola um clima mas ela nota que ele meio que se esconde da polícia. Depois do encontro ele some mas seis meses depois aparece baleado dentro do quarto dela (entrou pela janela) e ela o esconde no dormitório achando que ele é apenas um estudante sendo perseguido por protestar (mas ele é espião mesmo). Ele passa semanas escondido no dormitório e depois consegue sair. Soo ho está voltando para Coréia do Norte mas antes dá uma passadinha no dormitório, a policia descobre e ele acaba fazendo as alunas reféns. A novela é quase toda essa situação de reféns dentro do dormitório com negociações entre Soo ho e seus 2 colegas espiões com a policia da Coreia do Sul, os políticos e a Coréia do Norte. Tem plot twists bons. O Jung Hae-In faz o Soo ho, ele é muito bom (e fofo), malhou para fazer essa novela e o shirtless é super digno. (STAR+)

24.2.22

Outras Tias (19)

Fazia tempo que não aparecia uma história de tia aqui, mas hoje me contaram essa.

A Tia Reine casou muito nova e quando ficou viúva, aos 60 anos, decidiu que seu momento chegou, a vida é para ser aproveitada.

Ela foi fazer aula de canto, fez plásticas, fez muita ginástica e fez teatro. Foi para a vida boêmia da cidade.

Aos 85 anos ela arranjou um namorado de 65 anos que ela chamava de cangaceiro (ninguém sabe o motivo mas podemos imaginar).

Tia Reine pediu para ser colocada no caixão usando roupas de ginástica (inclusive o tênis), depois ser cremada e ter as cinzas jogadas na avenida onde morou. 

Quando morreu seu pedido foi atendido. Suas sobrinhas só acharam difícil colocar o top e a calça colada, mas deu certo.

Life goals: Tia Reine.

22.2.22

Licorice Pizza

Paul Thomas Anderson está de volta com um filme novo e indicado a 3 Oscars (Filme, Diretor e Roteiro Orginal). Gosto muito dos filmes dele, de Punch Drunk Love a Trama Fantasma passando por Magnólia, Boogie Nights e Sangue Negro. Os temas são variados e as trilhas sonoras sempre muito boas (resultado da parceria com Johnny Greenwood do Radiohead).

Posso considerar Licorice Pizza o filme teen do PTA, mas teen com pedigree.

É a história de Gary e Alana. Gary é um ator juvenil (de 15 anos) que sabe que precisa investir em outras coisas porque a carreira de ator pode não ser duradoura. Alana tem 25 anos, ainda mora com os pais, trabalha com um fotógrafo que faz fotos em colégios e não sabe bem o que quer da vida.

O ano é 1973, nos arredores de Los Angeles, Gary e Alana se conhecem no dia da foto na escola. Gary tem um crush instantâneo na Alana, ela resiste mas acha o garoto (cheio de confiança) fofo. Eles ficam amigos e depois sócios em um negócio de colchões de água (coisas dos anos 1970).

É uma amizade cheia de nuances porque tem a diferença de idade mas eles tem muita afinidade. Gary é maduro para idade, mas tem 15 anos e Alana se pergunta (e para a amiga) algumas vezes o que está fazendo andando com Gary e seus amigos.

Os outros homens no filme que passam pela vida da Alana ou querem mandar nela (o pai) ou querem a sua juventude (o personagem do Sean Penn) ou se aproveitar (o personagem do Bradley Cooper) ou usá-la para outro propósito (o político). Gary é o único que olha para ela como igual e a ajuda.

Alana e Gary passam o filme correndo (literalmente) um em direção ao outro e, as vezes, juntos. A pressa da juventude.

Não importa se eles tem futuro. 

A trilha sonora desse filme é muito boa, de David Bowie a Paul McCartney e The Doors (escutei a trilha do filme enquanto escrevia esse post). A reconstituição de época também é ótima: no design de produção, nos figurinos e nos comportamentos.

A Tia Helo diria para Gary deixar as calças brancas de lado. 356 "Ai, Jesus!" para o dono do restaurante japonês.

O filme é tão bom quanto o trailer promete. 


Cooper Hoffman corre muito bem, entrou na minha lista de melhores corredores do cinema, junto com Tom Cruise e Daniel Craig.

Poderia ter comparado esse filme com Eduardo e Mônica, mas são épocas, países, cidades e pessoas com personalidades diferentes. E são dois ótimos filmes.

20.2.22

Beijing 2022 (2)


Na segunda semana das Olimpiadas em Beijing teve:

A brasileira Nicole Silveira conseguiu ir até a final no skeleton e ficou em 13. No bobsled de duas pessoas o Brasil ficou em 29, na frente da Jamaica e atrás de Trinidad Tobago. No bobsled de 4 o Brasil chegou na final e ficou em 20.

Teve uma competição mista de snowboard cross que achei ótima. Primeiro era a bateria dos homens e depois as mulheres saiam de acordo com os tempos de chegada dos homens. Tinha umas ultrapassagens emocionantes e estava nevando muito. O USA ficou com ouro, Italia com a prata e Canada com o bronze.

Shaun White se despediu das Olimpiadas (foi sua quinta) com o quarto lugar no Snowboard Halfpipe e foi aplaudido. O japonês Ayumu Hirano foi medalha de ouro, na última volta ele acertou uma manobra dificílima e arrancou o primeiro lugar do australiano Scotty James. Em terceiro ficou o suíço Jan Scherrer.

Não vi nada do hóquei porque passava no meio da madrugada mas a Eslováquia ganhou dos USA nos penaltis e os americanos ficaram fora da competição. Na semifinal a Eslováquia perdeu para Finlandia, a final foi Finlandia x ROC e os finlandeses ficaram com o ouro.

E as canadenses venceram as americanas na final do hóquei feminino.

No Esqui Combinado Nordico (que é salto com cross country) de 10km os atletas estavam esquiando com temperaturas de 20 abaixo de zero. O japonês estava na frente o tempo todo mas no fim os dois noruegueses passaram dele. A Noruega domina essa modalidade. Aliás, a Noruega domina as olímpiadas de inverno, foi primeira no quadro de medalhas.

No esqui alpino combinado (downhill e slalom) a suíça Michele Gisin foi a campeã. Essa modalidade me dá muita aflição de ver porque a velocidade no downhill é impressionante, vai a mais de 100km/h e depois tem o slalom que vão desviando das bandeirinhas.


Na patinação de velocidade teve o Speed Skating Mass Start que é uma modalidade que iniciou em PeyongChang 2018. Geralmente a patinação de velocidade é feita em com duas ou 4 ou 6 pessoas no gelo e os tempos são comparados. Na Mass Start 24 atletas largam juntas para 16 voltas e ganha quem chega primeiro. É emoção até o fim e tem muitas quedas (que é perigoso, imagina aquela lâmina afiadíssima). Vi a prova feminina e a holandesa Irene Schouten ficou com o ouro depois que ultrapassou a canadense Ivanie Blondin no último passo. A italiana Francesca Lollobrigida ficou com o bronze. A Irene Schouten foi medalha de ouro em 3 provas nessa olímpiada: 3000 metros, 5000 metros e Mass Start e ainda foi bronze por equipes. A Holanda domina esse esporte.

Vamos a patinação artística.

Teve a dança no gelo, que acho meio sem graça porque não tem saltos, nem piruetas radicais, nem aqueles arremessos de patinadora, mas tem as melhores músicas e alguns levantamentos interessantes. A dupla francesa foi campeã, seguida da dupla do ROC (risos) e dos americanos.

Na patinação de duplas, que tem saltos, arremessos e piruetas da morte, os chineses foram impecáveis e levaram a medalha de ouro. Prata e bronze para os atletas do ROC (risos).

A Kamila Valieva foi autorizada a patinar depois de toda a treta com o doping. Terminou o programa curto em primeiro lugar e chorou no fim da apresentação. 

A treta do doping continuou, se a Kamila Valieva tivesse ficado no pódio não ia ter cerimônia da medalha e as atletas só iriam receber as medalhas depois do julgamento. A medalha da competição por equipes ainda não foi entregue, também aguardando o fim desse imbróglio. 

No programa livre a Kamila Valieva (de apenas 15 anos, vamos lembrar disso) foi a última a patinar e sentiu a pressão. Ela terminou a competição em quarto lugar. Em primeiro ficou Anna Shcherbakova (ROC) que patinou lindamente, não errou uma pirueta nem salto. Em segundo outra atleta do ROC, Alexandra Trusova que fez 5 saltos quadruplos (errando a finalização de alguns) e bateu recorde de pontos técnicos. Em terceiro a fofa da Kaori Sakamoto.

Antes do pódio teve a maior torta de climão, a Alexandra Trusova se revoltou com o segundo lugar, chorou, reclamou, achou que seus saltos quádruplos valiam mais, disse que odiava o esporte. (Segundo a comentarista da Sportv foi "um chilique olímpico") Essas são meninas de 17 anos e a pressão é grande porque, segundo a comentarista da Sportv, o ROC (risos) não leva atletas com mais de 19 anos para as olimpíadas na patinação artística. De acordo com os padrões russos, a Kamila Valieva ainda pode ter outra olimpíada mas Trusova e Shcherbakova não.

Não é patinação artística olímpica sem uma treta.

anna shcherbakova

A apresentação de gala da patinação foi bem animada. Os atletas patinam mais soltos e as coreografias são bem mais criativas.

Para quem fica perguntando porque coloco (risos) depois de ROC:


(Post do que aconteceu na primeira semana)

Acabou. 

Até (Milão) Cortina D'Ampezzo 2026.

Acabou não, ainda tem as Paralimpiadas de Inverno em março.

17.2.22

Drive My Car: Filme x Livro

O filme japonês Drive My Car (Doraibu Mai Kâ) dirigido pelo Ryûsuke Hamaguchi e estrelado por Hidetoshi Nishijima e Tokô Miura, está indicado em 4 categorias do Oscar: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Filme Internacional e Melhor Roteiro Adaptado.


Esse filme fez sucesso em todos os festivais que foi exibido em 2021 e acho muito justo. Está no meu top 5 filmes que vi em 2021.

É um filme longo, são 3 horas, e que usa bem esse tempo para contar a história. Os créditos iniciais vem depois de 40 minutos de filme.

O filme é baseado em um conto do Haruki Murakami que tem o mesmo título do filme. Esse conto está num livro chamado Homens sem Mulheres. Depois de ver o filme fiquei curiosa com a história original e comprei o livro. São 7 contos sobre homens e como se relacionam com o abandono, a paixão, o desejo, a descoberta e a perda.  

Descobri que o filme é, na verdade, a adaptação de dois contos desse livro: Drive My Car e Sherazade. E acho que foi uma adaptação muito bem feita e que ficou até melhor do que os dois contos.

O conto de Drive My Car é sobre um ator, Kafuko, que descobre ter glaucoma e precisa de um motorista. Depois de um teste, ele contrata a Misaki para levá-lo de ida e volta ao teatro, onde ele faz Tio Vanya. Ele aproveita para decorar as falas e os dois acabam conversando. Ele conta que sua esposa morreu (de uma doença) e que ela tinha amantes. Ele ficou amigo do último amante que ela teve e os dois sempre iam beber e falar da esposa porque Kafuko queria entender o motivo dela procurar outros homens. Misaki conta de suas origens em Hokkaido e talvez dê um insight sobre a esposa do Kafuko.

Sherazade é um conto sobre um homem que escuta histórias que sua amante conta depois do sexo e ele anota num caderninho. Uma das histórias é sobre uma garota invadindo a casa de um crush na época da escola. Ele é viciado nas histórias dela e estremece só de pensar que ela pode não aparecer um dia.

Sobre o que é o filme? Eu conto (sem spoilers).

O filme começa com Kafuku e sua esposa Oto, na cama, e ela está contando uma história. Depois descobrimos que ela é roteirista e que logo após o sexo ela tem idéias para roteiros e conta para Kafuko. Mas ela esquece o que contou e ele é encarregado de lembrar e anotar. E a história que ela conta é a mesma do livro mas tem algumas mudanças e desenvolve para melhor.

Kafuko é um ator de teatro conhecido e Oto trabalha na TV. Kafuko descobre que tem glaucoma e precisa tomar cuidados.

Um dia Kafuko tem que fazer uma viagem a trabalho mas o voo atrasa e ele decide voltar para casa. Do mesmo jeito silencioso que ele entra em casa, ele sai depois de ver a esposa com outro homem no sofá da sala. 

Descobrimos que há mais de 15 anos Oto e Kafuko tiveram uma filha que morreu criança, Oto decidiu que não queria mais filhos.

Outro dia Kafuko chega em casa e Oto está morta no chão, foi uma morte repentina. Tem o velório e o homem do sofá (que é um ator mais jovem) vai dar os pêsames.

Dois anos depois Kafuko vai para Hiroshima dirigir uma adaptação de Tio Vanya com um elenco internacional (cada ator diz as falas em sua língua). O homem do sofá faz um teste para a peça e é escalado no papel principal.

Por questões de segurança, a companhia de teatro diz que Kafuko tem que ter um motorista. Ele resiste porque adora dirigir, ele fica passando as falas de Tio Vanya (com uma fita gravada pela esposa) enquanto faz o caminho e seu carro é quase uma relíquia. Mas ele aceita fazer um teste com a jovem Misaki Watari e acaba a aceitando como motorista.

Kafuko de vez em quando se encontra com o homem do sofá para falar da peça e de sua esposa e eles bebem um bocado.

E com Misaki ele desenvolve uma relação de amizade e talvez pai e filha.

Do filme é isso que posso contar, vale muito a pena ver. É sobre muitas coisas mas principalmente como entender o outro, seja por escutar, por falar, por gestos, por olhares ou até por histórias contadas por terceiros.

Achei que juntar os dois contos foi uma ótima idéia e a forma como as relações foram desenvolvidas para além do que tem nos contos foi muito bem feito.

Claro que tem muitas referências a peça do Tchekhov mas não conheço o texto e nunca vi a peça. Quando vi o filme pela segunda vez reparei mais nas falas da peça que ele passa dentro do carro sempre tem alguma relação com o que aconteceu com o Kafuko.

Não posso avaliar se ganha ou não o Oscar de Roteiro Adaptado porque não li os livros dos outros filmes indicados (Power of The Dog, A Filha Perdida e Duna. CODA foi adaptado de um filme francês) para poder comparar, mas essa indicação foi mais do que justa. Inclusive esse roteiro ganhou o prêmio em Cannes.

Quanto as outras indicações, acho que leva Melhor Filme Internacional. Não tem o apelo popular que teve Parasita (os coreanos fazem plot twist e trabalham fotografia muito bem) para ganhar Melhor Filme.

O Murakami é muito fã dos Beatles, nesse mesmo livro tem um conto chamado Yesterday (e menciona a música de Paul McCartney) e ele tem um outro livro chamado Norwegian Wood. Nem o conto nem o filme Drive My Car tem a ver com a música, mas sendo Murakami o título não é a toa, tanto que o título do conto nem foi traduzido para o português.

Os outros 5 contos do livro são:

Yesterday - Kitaro pede a seu amigo Tanimura para sair com sua namorada Erica porque teme que ela se interesse por outro já que ela está na universidade e ele ainda faz cursinho. No encontro Erica diz para Tanimura (depois de irem ver um filme) que gosta muito do Kitaro mas que não o entende e que está saindo com outro rapaz. (achei esse bom)

Orgão Independente - sobre um cirurgião plástico que só sai com mulheres comprometidas, mas tudo de forma que as partes estão cientes do tipo de relacionamento, tanto ele como elas. Acontece que um dia ele se apaixona pra valer e não consegue lidar com esse sentimento. (esse conto é melancólico)

Kino - Um homem descobre que a esposa o trai, se divorcia e abre um bar. (não me importei muito com o Kino mas consigo entender quem fica entediado com a tv e vai ler um livro e vice versa)

Samsa Apaixonado - Gregor Samsa acorda e descobre que agora é um ser humano. Ele não sabe como tem essa memória mas sabe que é. Ele vai descobrindo seu corpo e sensações enquanto tenta se locomover pela casa. Uma moça corcunda chega para ajeitar a fechadura e Samsa aproveita para tirar algumas de suas dúvidas sobre o que está acontecendo.

Homens sem Mulheres - um homem recebe a ligação do marido de sua ex-namorada dizendo que ela morreu. Ele passa a lembrar da ex-namorada e filosofar sobre homens que ficam sem as mulheres.


12.2.22

Get Back (no cinema)

Em dezembro do ano passado a Disney+ colocou The Betales: Get Back no streaming. É um documentário em 3 partes, cada uma com 2 horas e meia.

Em janeiro 1969 os John, Paul, George e Ringo decidiram que queriam fazer uma apresentação pública. Eles tinham deixado se se apresentar em 1966 e só lançavam discos (cada vez mais sofisticados). E já que iam fazer uma apresentação, por que não umas músicas novas?

A fase da banda era meio conturbada, o Brian Epstein, que era o manager da banda, morreu e os rapazes (que ainda nem tinham 30 anos) estavam tentando se organizar ao mesmo tempo que queriam seguir caminhos diferentes. A banda separou oficialmente em 1970, depois do lançamento do Let it Be, o disco com as músicas que nasceram nesses 30 dias de 1969.

Os Beatles começaram a ensaiar num galpão usado para fazer filmes e onde eles tinham gravado o video de Hey Jude. Depois eles foram para os seus estúdios na Savile Row em Londres e foi no telhado desse prédio que fizeram o show.

O diretor Michael Lindsay-Hogg deixou as cameras rolando, coisa que ninguém fazia na época, e resultou em muitas e muitas horas e video e audio. Na época ele fez o documentário Let it Be mas foi lançado depois que a banda acabou não é um filme feliz.

Já Peter Jackson (Senhor dos Anéis) pegou todo o material e viu que tinha mais potencial, e muita coisa que foi deixada de lado no filme do Let it Be.

A série documentário é um BBBeatles de primeira. É uma delícia de ver. Tem tudo: fofoca, intriga, família, palhaçadas, momentos geniais, tensão e muita música. A quimica entre John Lennon e Paul McCartney é excepcional, as vezes com um olhar eles resolvem tudo. Ringo é aquele cara que sabia exatamente onde estava, o que significava e queria aproveitar cada minuto. George Harrison estava numa fase difícil, ele se sentia preterido, suas músicas ficavam em segundo plano e é dele o momento de tensão no documentário. Nos momentos geniais temos Paul McCartney criando os primeiros acordes de Get Back do nada enquando George bocejava e Ringo apenas olhava. Tem o momento que George compõe a linda Something (que acabou em outro disco, o Abbey Road). A dinâmica deles era divertida, eles tocavam muitos covers enquanto a inspiração não chegava. Tem Sir George Martin sendo elegante, Billy Preston (melhor pessoa) nos teclados, Linda Eastman aparece com sua filha Heather para o momento mais fofo do documentário, e Yoko está lá o tempo todo.

Aí Peter Jackson resolveu fazer uma versão bem resumida, que é basicamente só o show do telhado, para ser lançada nos cinemas IMAX. E foi isso que vi ontem.

Não preciso nem dizer que a qualidade do som é espetacular, parecia que estava no telhado com o ouvido colado nos amplificadores. E ver tudo numa tela gigantesca é muito melhor. Esse filme mostra uma breve história da banda e vai direto para o show no telhado. O show é curto, 5 músicas, três foram tocadas mais de uma vez. Foi tudo gravado e alguns desses takes foram direto para o disco. Tem algumas (poucas) cenas que não tem no documentário mas é quase tudo igual. É para ficar até o fim das letrinhas.

A única coisa ruim é que foram apenas 65 minutos. Muito pouco. Terminou e eu queria pelo menos mais uma hora. Teria visto todo o documentário no IMAX. 

10.2.22

Beijing 2022

Estamos de volta ao modo Olimpiadas, dessa vez as de inverno. E repetindo o que postei em 2018:

Adoro as Olimpíadas, de verão e inverno. Confesso que conheço pouco dos esportes de inverno, por motivo de: moro no nordeste do Brasil e, vamos combinar, o máximo de esporte de inverno que vejo por aqui é arremesso de cubos de gelo.
Mesmo assim acompanho quase tudo pela TV. Adoro as roupas tecnológicas coloridas (e coladas), bochechas rosadas e de ver a neve branquinha enquanto suo de calor. Como disse antes: gosto de todos os esportes. Da velocidade do esqui, das manobras do snowboard, das coreografias da patinação, da testosterona do hockey e até da precisão do curling.

A abertura das Olimpiadas de inverno em Beijing foi bem minimalista se comparada a das Olimpiadas de verão em 2008. Dessa vez nada de tambores e milhares de pessoas no centro do Ninho do Pássaro. Tinha público, mas bem reduzido. Usaram bem os efeitos visuais com as telas e projeções no campo. As delegações também foram reduzidas mas o besuntado de Samoa apareceu.

Teve bastante fogos de artifício mas senti falta de drones (que os japoneses usaram lindamente em Tóquio 2021)

o tema era floco de neve

esse óleo deve ser melhor que qualquer casaco

Já tem uma semana que começou e muita coisa aconteceu.

No Snowboard Slope Style a kiwi Zoi Sadowski Synnott ganhou a primeira medalha de ouro em jogos olímpicos de inverno para a Nova Zelândia. Essa modalidade é um skate park gigante com obstáculos e rampas numa descida ingreme. É lindo de ver.



No Snowbard Halfpipe a americana Chloe Kim, aos 21 anos, foi BI-campeã olímpica. Ela foi a sensação em Pyeongchang 2018 com 17 anos e voltou para mostrar que faz aquelas rotações como poucos.



O tri-campeão olímpico Shaun White está lá em sua quinta olimpiada (ele foi ouro em 2006, 2010 e 2018). 

Vi menos curling mas consegui ver a competição com duplas mistas. Continua divertido ver as varridas no gelo.

A patinação de velocidade teve uma competição mista que foi muito interessante.

O Brasil tem uma delegação com 10 atletas nos seguintes esportes: esqui alpino, cross country e freestyle, bobsleigh e skeleton (os trenós). Até agora só vi a Sabrina Cass no esqui freestyle, que foi bem mas não se classificou para a final.

A Russia continua competindo disfarçada (pero no mucho) de ROC (o comitê olímpico russo).

Mas vamos a patinação artística.

Na competição por equipes o ROC (risos) ganhou medalha de ouro, em segundo ficaram os americanos e em terceiro os japoneses. Nessa competição as equipes tem que apresentar atletas em todas as categorias: programa curto (masculino e feminino), programa livre (masculino e feminino), duplas (curto e livre) e dança em pares no gelo (ritmo e livre).

A russa Kamila Valieva, de 15 anos, fez toda a diferença para a equipe do ROC. É uma patinadora leve, ágil, com força para os saltos. 


Ainda vai ter a competição feminina.

A entrega das medalhas da competição por equipes foi adiada e tem uma treta aí, mas como não saiu nada oficialmente vamos aguardar. (Não seria patinação artística olímpica sem uma treta, sou da época da Tonya Harding x Nancy Kerrigan)

Na patinação artística masculina, o Japão trouxe um dream team liderado pelo Yuzuru Hanyu que foi campeão em Pyeongchang 2018 e Shoma Uno que foi prata.

Mas o americano Nathan Chen veio com sangue nos olhos, ou melhor, com as lâminas afiadas para vencer e foi perfeito tanto no programa curto (ao som de La Boheme) quanto no programa livre (ao som de Elton John). Ele inclusive bateu o recorde de pontos no programa curto (que era do Yuzuru Hanyu). A única critica que tenho é a roupa dele, que camisa era aquela? E foi design da Vera Wang (inserir emoji cringe).

A apresentação do programa livre do Nathan Chen é uma coisa linda. Ele é muito elegante, fez sei lá quantos saltos quádruplos, e acertou na sincronia da coreografia com a música de um jeito que foi aplaudido de pé por quem estava na arena. Gostei que, além de um mix de Goodbye Yellow Brick Road com Rocket Man (versões do filme), ele inseriu um mash up de Benny and The Jets com hip hop que deixou a apresentação animada e jovem.

O outro patinador que achei que trouxe criatividade para o gelo foi o francês Adam Siao Him Fa que fez o programa curto com a música de Star Wars (com efeitos sonoros de sabre de luz) e o programa livre com um mix de músicas do Daft Punk. Ele ficou em 14, até as roupas dele eram mais modernas.

O patinador mexicano Donovan Carrillo foi sucesso nas redes sociais. Ele chegou nas Olimpiadas com muita força de vontade e é muito simpático. 

O Yuzuru Hanyu é um patinador muito sofisticado, leve e expressivo. Tentou um salto quadruplo dificílimo mas não acertou e caiu. Ele liderou o programa livre até a apresentação do outros dois japoneses.

No fim: Nathan Chen ficou com a medalha de ouro, e dois japoneses, Yuma Kagiyama com a medalha de prata e Shoma Uno com a medalha de bronze. O Yuzuru Hanyu ficou em 4.

Ainda tem esqui, snowboard, hóquei, curling e patinação.


(A segunda semana de Beijing 2022)