12.9.21

Analisando a música: Somewhere Only We Know (Keane)

Essa semana foi a vez dessa música tocar em vários lugares: no trailer da próxima série de suspense da Netflix, no episódio de Ted Lasso e em um filme que assisti.

Gosto muito dessa música. Gosto da introdução, do piano, do crescente, da voz do cantor (Tom Chaplin), mas nunca reparei na letra (só na parte do "somewhere only we know"). Pela melodia parece uma música sobre amantes, só não sei se início ou fim de relacionamento, mas isso deixo para a análise mais abaixo.

Keane é uma banda inglesa que surgiu no início dos anos 2000 junto com outras bandas com a letra K: Killers, Kasabian, Kings of Leon e Kaiser Chiefs

Comprei o primeiro disco da Keane, Hopes and Fears (2004), que tem seu maior hit Somewhere Only We Know - a música analisada da vez, Everybody's Changing (primeiro hit), This is The Last Time e Bend and Break. É uma banda onde os dois instrumentos principais são: piano e bateria. É tudo muito melódico.

O album seguinte, Under The Iron Sea de 2006 (tem Is It Any Wonder? com mais guitarra e menos piano) também é bom e tem uma capa muito bonita. Depois veio Perfect Symmetry de 2008 que tem Spiralling e The Lovers Are Losing. Aí deixei o Keane de lado e só fui pegar outro disco deles para escutar em 2012, Strangeland, e achei ok, tem You Are Young. A banda se separou em 2013 (problemas do vocalista com drogas) e só voltaram 2018, lançaram um disco em 2019 mas esse ainda não escutei.

Vamos saber o que diz Somewhere Only We Know, música versátil que serve tanto para série de terror como para filmes e séries de comédia, teens e romance, e até propaganda de natal de loja inglesa.

I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

Temos uma introdução com um piano e bateria cheio de emoção para logo depois deixar só o piano e voz.

O início da letra parece eu contando um sonho: andei por um lugar vazio num caminho que conhecia de cor, senti a terra sob meus pés, sentei na beira do rio e me senti completo. 
Mas acho que é só a forma de dizer que chegou num lugar muito conhecido, onde esteve várias vezes e que é aconchegante.

Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

(entra um pandeiro bem leve)

Ele quer saber onde foram as coisas simples? Está ficando velho e precisa de algo em que possa confiar porque geralmente com a idade cai o índice de aventura. E quer saber quando vai poder entrar.

Entrar onde? No lugar onde só eles conhecem? Ou é uma metáfora para que a outra pessoa diga logo o que tem para dizer.

Porque ele está cansado e precisa começar em algum lugar. Como diria outra música que analisei: cada começo vem do fim de outro começo. É preciso começar para terminar para começar.

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?

(entra bateria com um piano mais marcante)

No caminho ele encontrou uma árvore caída e sentiu que os galhos o encaravam. Acho que ele encontrou foi uns cogumelos nessa floresta.
E pergunta: "É esse o lugar que adorávamos? É esse o lugar com o que eu tenho sonhado?" Parece um pouco perdido mas acho que chegou no ponto de encontro.

Oh, simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

Coisas simples, onde se esconderam? Estou envelhecendo a cada minuto que passa, estou cansado e a fila precisa andar.

And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know
This could be the end of everything
So why don't we go?
So why don't we go?
Somewhere only we know
 
A música cresce lindamente nessa parte, para cantar com todo ar do pulmão. É uma súplica que termina suavizada se transformando num pedido.

E chega de enrolação. "Se você tem um minuto vamos conversar num lugar onde só nós conhecemos." Já que pode ser o fim de tudo, pelo menos vamos estar num lugar agradável e confortável para ambos.

Do Tim Rice-Oxley, pianista da banda e compositor da música: "It's about being able to draw strength from a place or experience you've shared with someone."

No fim dessa segunda parte logo depois do "Somewhere only we know", a música fica quieta antes de voltar com tudo para repetir as duas estrofes mais uma vez.

This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know
Somewhere only we know

A estrofe final começa forte mas termina delicada, um pedido suave para ir até aquele lugar especial, mesmo que seja para acabar tudo.

É uma música melancólica mas que de alguma forma deixa o coração quentinho. É boa para correr, ou para uma viagem de carro ou até um karaokê.




4 comentários:

  1. Segundo li, é sobre cocaína e o seu dilema de vida!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. sempre pode ser sobre drogas, mas procuro ver o outro lado. :)
      o proprio compositor disse que era sobre "tirar forças de um lugar ou experiencia compartilhados com alguém". talvez "alguém" não seja uma pessoa.

      Excluir
  2. Banal falar que essa canção e sobre droga,me parece que ele quer conversar,que está sofrendo e quer reencontrar uma pessoa,que o machucou muito( os galhos)

    ResponderExcluir
  3. Trato da mesma forma como Hotel California, é uma "viagem", uma alucinação que só quem criou talvez possa explicar.

    ResponderExcluir