21.10.23

Assassinos da Lua da Flores

Esse ano participei de um book club que teve um livro sobre diretores americanos dos anos 1970 como tema. O grupo lia os capitulos, assitia os filmes relacionados aquele capítulo e nos encontravamos uma vez por mês para debater livro e filmes. Em um dado momento decidimos que Martin Scorsese merecia um encontro especial só para ele.

Então escolhemos 10 filmes filmografia do Martin Scorsese para debater. Cada participante ficou responsável por um filme, para falar curiosidades da produção, comentar entrevistas do Scorsese e dos atores e qualquer outra informação a mais. (O meu foi Cassino de 1995)

A filmografia do Martin Scorsese é vasta e variada. Ele está fazendo filmes desde o fim dos anos 1960, mas seu primeiro sucesso foi Mean Streets, filme de 1973, que ele baseou em sua experiência e conhecimento do mundo da mafia em NYC. Os temas mais recorrentes nos filmes dele são: a mafia e religião, mas Martin Scorsese se aventura em outros temas e gêneros com maestria. Ele é um estudioso da sociedade e do que o ser humano é capaz.

Martin Scorsese também é um exímio conhecedor de filmes e da história do cinema. Aos 80 anos ele ainda está dirigindo filmes, documentarios e até propaganda de perfume.

E foi com tudo isso em mente que fui ver Os Assassinos da Lua das Flores (Killers of The Flower Moon), o filme mais recente do Tio Martin (porque agora já sou íntima).

O filme conta a história de uma nação indígena americana, os Osage, que é dona de terras onde petróleo brotou. O filme não explica muito mas os Osage eram donos de grande parte do meio oeste americano porém com a exploração e a corrida do ouro foram perdendo terreno. Eles acabaram escolhendo a terra mais inóspita que acharam só para o governo os deixar em paz, e o governo achando que ali não daria nada deixou e ainda assinou um contrato dizendo que os Osage seriam donos de tudo que brotasse daquela terra. E assim os Osage ficaram milionários quando o petróleo apareceu.

Os Osage são donos da terra mas o petróleo é explorado por empresas do homem branco. Com o dinheiro aparece um bocado de gente aproveitadora. Os indígenas são considerado incapazes, então eles tem o dinheiro mas precisam ficar pedindo a um "responsável".

O filme foi baseado no livro (não li), de mesmo nome, do David Grann, que conta a história real de como o recém criado FBI foi investigar os assassinatos de indígenas que estavam acontecendo na região. Martin Scorsese e o roteirista Eric Roth decidiram mudar o foco da história da investigação para o casal Ernest e Mollie Burkhart e William Hale.

O filme começa com Ernest (Leo DiCaprio) chegando na cidade entre todo tipo de gente, inclusive pessoas brigando. O tio dele, William Hale (Bob De Niro), é dono de uma fazenda de gado, fala a língua dos Osage, se diz amigo deles e também é uma espécie de político da área. O tio faz com que Ernest seja motorista de taxi e é assim que ele conhece Mollie (Lily Gladstone).

Mollie é Osage pura e, junto com sua mãe e irmãs, dona de muitas terras. Tio William sugere fortemente que Ernest pense em casamento, de preferencia com uma Osage. 

O detalhe é que as terras dos Osage não podem ser vendidas nem transferidas, só podem ser herdadas. E o Tio William é ganancioso, ambicioso, dissimulado e traiçoeiro.

Alguns indígenas começam a morrer de doenças (provavelmente envenenamentos) mas logo começa acontecer assassinatos de fato. Um atrás do outro. A polícia local não se da o trabalho de investigar direito até que uma comitiva de indígenas vai até Washington falar com o presidente e o FBI aparece.

O filme é longo, são 3 horas e 25 minutos, não achei cansativo e até entendi, no fim, porque é longo mas poderia ser um pouco mais curto. A relacionamento de Ernest e Mollie é uma metáfora para o que acontece em maior escala e Martin Scorsese vai deixando a platéia tensa, indignada e revoltada com os acontecimentos até entregar um final espetacular.

Leo DiCaprio está ótimo, é um dos melhores papéis dele, Ernest é tolo, manipulável, mas ao mesmo tempo sofre muito. Robert De Niro faz o melhor vilão da carreira, tive mais medo e raiva dele nesse filme do que no Cabo do Medo. E Lily Gladstone é maravilhosa, a atuação dela é muito natural cheia de olhares significativos.

A fotografia é muito bonita e a maravilhosa trilha sonora vem com blues e tambores.


O filme é excelente e Tio Martin está aí provando que ainda tem muito gás.


A Tia Helô iria gostar muito da Mollie mas Tio William Hale merece uns 624 "Ai, Jesus!".


Nenhum comentário:

Postar um comentário