9.6.24

Kyoto

Kyoto foi a capital imperial do Japão por onze séculos. Só deixou de ser capital em 1869, no início do período Meiji, quando o Imperador foi para Tokyo. É considerada a capital cultural do Japão.

Kyoto é uma cidade grande e espalhada, mas, com exceção da moderna estação de trem e alguns prédios mais altos em uma avenida mais larga, parece uma cidade menor com casas, prédios baixos, ruas estreitas.

A parte central de Kyoto é bem movimentada. Tem duas avenidas grandes que se cruzam perto do Gion com as calçadas cobertas por uma marquise onde tem muitas lojas (todas as marcas de luxo estão lá), lojas de departamento, restaurantes e hotéis.

Tem também uma rua coberta com um telhado com várias lojas (que depois descobri ser comum em todas as cidades que fui no Japão e chamo de tradicional rua de compras coberta), e um mercado com muitos restaurantes e barracas de comida.

Em Kyoto comi o melhor tonkatsu da viagem e experimentei o sorvete de matchá (é ok, mas não comeria outro).

Tem também ruas estreitas cheias de lojinhas locais com vitrines convidativas.

Kyoto não tem muitos letreiros luminosos nem muitas luzes. Parece até que a iluminação da cidade é indireta.

Sem falar nos templos e santuários que é só dobrar uma esquina qualquer que vai ter um dos dois lá.

templo do lado a estação

Gion é o bairro antigo de Kyoto. É o bairro das casas mais antigas, das gueixas e das polêmicas. Com o tanto de turista que tem no Gion, algumas ruas foram fechadas e em outras é proíbido tirar fotos. O pagoda de 5 andares construído (em 592) todo no encaixe sem pregos está lá no alto de uma ladeira e é impressionante como ainda está de pé. Fiz um walking tour do Gion que achei muito bom e terminou no santuário iluminado.

muitas pessoas vestidas de kimono

Gion é um lugar bonito e seria mais agradável se não fosse o tanto de gente que tem por lá, mas Kyoto é assim, cheia de turistas em todos os lugares (inclusive eu).

O Rio Kamo separa o Gion do lado mais novo (ou menos antigo) da cidade e tem um beira rio ótimo para people watching. É nesse beira-rio que ficam as sacadinhas dos restaurantes da Pontocho Alley. Vi duas maikos (aprendiz de gueixa) em Kyoto e foi na Pontocho Alley, elas andam rapidinho e piscou perdeu. Os restaurantes da área me pareceram muito bons e fui num de yakitori que gostei.

beira rio de dia
beira rio a noite
pontocho alley

Atrás da Pontocho Alley tem outra rua, com um corrego no meio, com vários bares e restaurantes e foi lá que descobri por acaso mais um bar de vinil, o Beatle Momo. Vi um disco dos Beatles na parede e quando parei para ver tinha uma pequena placa dizendo que tinha um bar no primeiro andar do prédio. Se um dia forem a Kyoto, deixo a dica desse bar que é uma delícia. O barman é o DJ e ele é muito simpático. Tocou musica brasileira, francesa, Beatles (claro!) e um pop japonês do anos 1980 que adorei.


Fui até Arashiyama que fica no lado oeste da cidade (Gion fica no leste) e é lá que tem a linda floresta de bambu e vários templos e santuários na floresta. Cheguei cedo em Arashiyama mas já tinha algumas excursões escolares. Vi a ponte sobre o rio e fui para a floresta de bambu.


A floresta tem duas partes dividias pelos trilhos do trem. A primeira parte é bem mais cheia mas a segunda tinha menos gente e tem um caminho bonito onde dá para escutar o barulho delicioso do bambu mexendo quando o vento bate. Me senti no Tigre e o Dragão.

Em Kyoto tem riquixás e quem aluga um vai por caminhos exclusivos dentro da floresta onde os pedestres não passam.

Saí da floresta, continuei andando e parei no Gioji Temple, um templo muito silencioso com um jardim verde com diferentes tipos de musgo. E segui para a Saga Toriimoto Street, uma ladeira com lojinhas e restaurantes. No meio da ladeira tem o Adashino Nenbutsu-ji, um templo que também é um cemitério.

gioji temple
adashino nenbutsu-ji

Depois de visitar a floresta peguei o trem e, ainda no lado oeste da cidade, fui para o Kinkaku-ji, o famoso templo dourado. Esse templo era a casa do shogun (ou xogun) e ele deixou no testamento para transformar a casa em templo. O prédio dourado é lindo mas esse foi o passeio menos gostei de fazer em Kyoto. Me senti numa linha de produção de turistas. Não é nem que tinha muita gente porque todos os lugares turísticos de Kyoto são sempre lotados, mas foi a forma como a gente vai passando pelo lugar e não dá nem para curtir a vista do laguinho com o prédio e os jardins. 

Em compensação no dia seguinte fui ao Fushimi Inari, o santuário com milhares de toris vermelhos e milhares de pessoas, e adorei. É um lugar aberto 24 horas mas acho que só a noite e de madrugada não está cheio. Fica do lado leste da cidade ao sul de Gion.

O Fushimi Inari é um santuário com uma trilha coberta pelos milhares de toris e quando mais sobe menos gente tem. Os degraus são largos, espaçados, tem algumas poucas partes planas, tem lojas, restaurantes e máquinas de bebida no meio do caminho. Também tem vários pequenos santuários e alguns túmulos.

A vista de uma parte da cidade só aparece depois de muitas escadas, mas no topo mesmo não tem vista, só mais um santuário.

a vista é antes do topo

Mas acho que vale muito a pena ir até o topo, a caminhada (subida e descida) entre os toris e floresta é bonita. Eu levei 2 horas no total, parando bastante. Acho que até o topo é menos de 2km.

No dia que fui embora de Kyoto choveu mas antes de pegar o trem para Osaka decidi ir até o Philosopher's Path que fica no lado leste para o norte de Gion. É um caminho ao longo de um córrego super arborizado. Nas margens tem alguns templos e santuários e aqui e ali uma lojinha ou café. Andei na chuva e fiquei imaginando as cerejeiras floridas, é lindo. Não sei se pela chuva ou pelo horário mas estava vazio e foi quase um passeio meditação.


Não visitei o Palácio Imperial e nem o Museu de Arte Kyocera.

Kyoto tem metrô, trem, tram e ônibus. A maioria dos turistas usa ônibus e tem lugares que só chega de ônibus (ou carro/taxi) mas sempre que tinha a opção eu ia de trem ou metrô porque achei melhor, mais rápido e menos cheio. Usei o Suica (IC card) para tudo mas Kyoto tem um passe de ônibus + metrô de um dia. Tem várias lojas para alugar bicicleta e é uma cidade plana, boa para pedalar, mas não tem ciclovias.

Teve coisas em Kyoto que gostei muito e outras nem tanto. Tive a sensação de uma cidade parada no tempo, partes da cidade no período Edo e outras partes nos anos 1970/80, é tudo muito nostálgico, e achei interessante esse contraste com Tokyo.


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