12.10.07

Book Report

Book Report

Quando estive no norte da Inglaterra, em Yorkshire, a mãe do Nick me deu Wuthering Heights (O morro dos ventos uivantes) para ler. Clássico inglês que se passa nessa região. O livro foi escrito por uma das irmãs Brontë, Emily, e é leitura obrigatória nas escolas (beeeem melhor que José de Alencar). As irmãs Brontë passaram a vida inteira olhando para aquele verdinho cheio de ovelhas, solteiras na casa no fundo da igreja onde o pai era pastor. A imaginação delas era muito boa.

O que esse livro tem de interessante é que a história é narrada por dois personagens em tom de fofoca, fofoca estilo literário é claro. As pessoas que contam a história estão presentes em todos os fatos ocorridos. Eu só não gostei dos diálogos, muito dramáticos, mas vai ver o pessoal falava mesmo daquele jeito.

A história toda se passa entre duas propriedades vizinhas em Yorkshire: Thrushcross Grange e Wuthering Heights, que ficavam 8km uma da outra.

No começo do livro o Sr. Lockwood nos conta como vai até Wuthering Heights para falar com o dono da casa que alugou (Grange) e os eventos que acontecem na sua estadia de uma noite. Ele conhece o dono Heathcliff, sua nora Catherine e Hareton. Depois de uma noite conturbada ele volta para casa e pede a Ellen Dean (ou Nelly), que foi empregada em ambas as casas, para contar o que aconteceu nos últimos 20 anos.

O Sr. Earnshaw, dono original de Wutehring Heights, chega de uma viagem a Liverpool trazendo um garoto abandonado e lhe dá o nome de Heathcliff. O filho mais velho do Sr. Earnshaw, Hinley, não gosta do menino, mas a filha Catherine, ou Cathy, fica logo amiga. E os dois são melhores amigos. Hindley vai estudar fora, só volta para o enterro do pai, e aproveita para acabar com a mordomia do Heathcliff, fazendo dele mais um empregado. Só que Cathy continua amiga dele.

Um dia eles vão passear na propriedade vizinha e são pegos. Cathy fica com os filhos do dono e Heathcliff é mandado de volta. Ela fica lá 3 meses e volta uma lady, além de cortejada por Edgar, o garoto vizinho. Hetahcliff morre de ciúmes. Cathy conta a Nelly que ama Heathcliff (“he is more myself than I am”), mas não podia ficar com ele e ia se casar com Edgar. Heathcliff escuta essa conversa e vai embora.

Os anos se passam, Cathy casa com Edgar e vai morar em Grange. Nelly vai junto. Em WH ficam Hindley e seu filho Hareton. Hindley se torna um bêbado falido depois da morte da esposa.

Um dia Heathcliff volta rico e bonitão. Vai até Cathy e diz que a quer. Mas ela quer ser amiga de Heathcliff e ainda ficar casada com Edgar que lhe dá posição. Ela é chata, quer tudo, e é mimada. Heathcliff e Edgar tem uma briga e Cathy fica doente (com febre e tudo) só de pensar que não pode ficar com os dois. Heathcliff decide conquistar Isabella (irmã do Edgar) e se casa com ela e a maltrata.

Cathy não se recupera e morre ao dar a luz a sua filha Catherine. Isabella foge de WH e vai morar no sul onde tem Linton, filho de Heathcliff.

Os anos passam e Isabella morre e Linton vai morar com o pai. Acontece que Linton é um garoto mimado, chato e doente. E Heathcliff o despreza, mas faz com que Catherine venha visitar o primo. Catherine adora Linton e não gosta de Hareton, o outro primo, que passou a ser empregado de Heathcliff (e com enorme respeito pelo mestre).

O plano de Heathcliff era casar Catherine com Linton para ser dono das duas propriedades. E conseguiu, pressionando todos. Linton morre e logo depois o Sr. Lockwood chega à região.

(pra quem não entendeu: Catherine é filha de Cathy com Edgar. Linton é filho de Heathcliff com Isabella que é irmã de Edgar. Hareton é filho de Hindley, irmão de Cathy. Então Catherine é prima de Linton e de Hareton, e nora de Heathcliff. Eles tinham pouca opção na época)

No fim Heathcliff só pede a Nelly que não deixe Catherine e Hareton (que acabam se apaixonando) por perto, ele não gosta de Catherine por ser filha de sua amada com Edgar. Ele morre e é enterrado ao lado de Cathy com apenas “Heathcliff” na pedra do túmulo.

Eu só tinha assistido aos filmes e Heathcliff é sempre vilão, grosseiro, rude. E acho que essa era a intenção de Emily Brontë. Mas eu o vejo de outra forma. Ele era um homem apaixonado. Tão apaixonado que culpava a todos por ter sido separado da mimada Cathy, e quis se vingar.

Vingou-se de Hindley comprando suas dívidas e tratando Hareton como empregado. De Edgar ele roubou a filha e ficou com a propriedade. De Isabella ele disse logo que não a respeitava porque ela foi atrás dele sabendo que ele amava Cathy. E Isabella lhe deu um filho mimado e doente no qual ele não se via. De Catherine ele se vingou tirando a mordomia a qual estava acostumada na casa de seu pai.

Ele maltratou, bateu e xingou, mas ele amou. Ele amou o Sr. Earnshaw por ter lhe acolhido como família, amou Cathy até o último suspiro e amava Hareton como filho. Heathcliff era macho-que-é-macho dos ventos uivantes.

As mulheres da época tinham poucas opções, ou nenhuma, além do casamento, eram criadas para ficar lendo e passeando pelos campos, mas Emily Bronte poderia ter criado heroínas mais interessantes. A Cathy mãe era insuportável de mimada. Chegou ao ponto de ficar doente porque não teve o que queria. A Catherine filha também era chatinha e preconceituosa. Só foi gostar do Hareton (que era um doce e bonitão) porque no fim faltou opção, já que ela babava o primo doentinho até quando era escarrada por ele. (ok, exagerei, já que Hareton a conquistou quando aprendeu a ler sozinho).

Nelly, que conta a maior parte da história, não gosta de Heathcliff, mas consegue ver o homem apaixonado nele e até nos deixa saber que ele não é tão mau assim, mesmo dizendo o tempo todo que ele é o diabo em pessoa.

Aqui tem um vídeo com a música ‘Wuthering Heights” na voz estridente de Kate Bush e cenas do filme com Ralph Fiennes e Juliete Binoche. O filme é uma droga, ruim mesmo, mas o livro é muito bom.

3 comentários:

  1. O nome do irmão de Cathy não é Hinley, é Hindley. E o filme não é uma bosta não, é lindo, todas as versões, principalmente a de 1992 (a de 1939 é clássica). A versão de 92 tem belíssimas paisagens, trilha sonora fenomenal, e história é contata de uma forma muito interessante. Lógico que o livro é melhor.
    Espero q vc tenha ao menos se dado ao trabalho de assistir ao filme inteiro para falar que ele é uma bosta.

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  2. Desculpa Diogo, esqueci o "d" do Hindley. Falha nossa.

    Mas, sim, infelizmente eu consegui assistir a procaria do filme até o fim. As paisagens são bonitas, a trilha sonora não me impressionou mas as atuações sofríveis. E olha que eu sou fã do Ralph Fiennes e da Juliete Binoche.

    Concordo com vc que a versão 1939 é um clássico e ainda acho a versão moderna da MTV melhor que essa de 1992.

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  3. essa versão com o fienes e a binoche *não* entra na minha lista de top favoritos, mas é a única que assisti... e você tem razão, que vontade de acertar umas bifas na cathy e dizer "oi! acorda pra vida!"

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