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Três filmes com três assassinos. Um por ganância, um por diversão e outro porque é o que sabe fazer.
Sangue Negro
Eu gosto mais do título profético em inglês: There Will Be Blood, porque, sem dúvida, haverá sangue.
Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis eficiente como sempre) é um cara ambicioso, destemido, arrogante, avarento, ganancioso, vil. Na primeira cena do filme ele está procurando prata, encontra, cai no buraco, quebra a perna e ainda assim se arrasta até o posto de troca local para arrecadar 300 e poucos dólares. Ele tem uma obsessão: dinheiro.
Mais tarde ele já está explorando petróleo quando um acidente mata um dos seus trabalhadores que deixa um filho. Daniel toma a criança como sua, com o objetivo de criar uma imagem família para seus investidores.
O negócio dele só cresce e um dia vai parar num buraco na Califórnia chamado Little Boston onde o líquido preto brota na superfície. Ali ele tem que negociar com Eli, um garoto aspirante a pastor que acredita ser predestinado a salvar as almas locais.
A ganância de Daniel é tão grande e ele tão mesquinho que, como disse a Beth, ele não dá nem esperma. Não tem mulher para ele no filme, durante uma vida inteira ele está só, e em algumas partes com o “filho”. Ele elimina qualquer coisa, ou pessoa que possa vir interferir em seus negócios, ele não aceita ser contrariado.
Daniel e Eli batem de frente, por serem iguais. Daniel oferece a salvação da cidade através do dinheiro e Eli através da igreja.
Daniel tem a maldade a flor da pele, mas não dá para gostar de Eli.
O filme é longo, mas hora nenhuma se perde atenção. A trilha sonora é muito boa (mas eu ainda prefiro a de Desejo e Reparação), pontua com excelência as cenas e a reconstituição de época primorosa. Durante o filme não se vê muita coisa especial, é depois, na hora de debater idéias, que fica interessante.
A melhor cena do filme é o batismo de Daniel na igreja de Eli, valeu a pena esperar 2 horas por ela.
Daniel Day-Lewis é genial, mas agora que eu vi Sangue Negro posso dizer que Johnny Depp merece mais o Oscar. (ok, eu ainda não vi o Viggo Mortensen brigando pelado na sauna – semana que vem)
A Tia Helo não ia gostar de absolutamente nada desse filme. Nem da igreja que era protestante. 780 “Ai, Jesus!” para todo petróleo jorrado em Sangue Negro.
Os Indomáveis
Filmes no velho oeste americano são típicos. Muita poeira, dentes sujos, gente morta por nada, muita disputa de testosterona e cavalos são muito importantes. Eu adoro.
Aqui Dan Evans (Christian Bale, muito bom) é um coitado que perdeu um pedaço da perna lutando na guerra civil americana e teve que mudar para um clima mais seco porque seu filho mais novo está doente. Ele deve dinheiro para o agiota local e está meio sem saída.
Eis que o bandido Ben Wade (Russel Crowe) vacila e é preso, aí surge a oportunidade de Dan ajudar a levar Ben até o tal trem para Yuma as 15:10 do dia seguinte pela quantia de 200 dólares.
Acontece que Ben Wade além de assaltante, é também assassino. Ele é mau, muito mau, aliás, ele é mau just-for-the-hell-of-it. E é inteligente, e charmoso (muitos suspiros na cantada que ele deu na moça do bar – delícia) e gosta de desenhar. Ele sabe conversar, é perceptivo, faz qualquer coisa para salvar a própria pele, e ele assume isso com muita naturalidade.
Surge entre ele e Dan um elo que eu não sei bem como explicar. É um pouco de respeito com admiração mútua. E Dan está decidido a colocá-lo no trem.
Claro que o bando de Ben está ligado e vai resgatá-lo, o braço direito do bando Charlie Prince (Bem Foster, surpreendendo) é do tipo bandido e maluco. Muitos tiros, perseguição a cavalo e poeira.
Eu achei esse filme ótimo. Eu gosto de westerns, e gosto do Russel Crowe (macho-que-é-macho de carteirinha carimbada na maternidade). A Tia Helo não ia gostar de nada, 450 “Ai, Jesus!” para o trem de Yuma as 15:10.
Onde os fracos não têm vez
Os EUA não é um país para velhos, como diz o título original, No Country For Old Men. Ainda mais lá no meio do Texas.
Moss ( ex-Goonie Josh Brolin) é um cowboy, veterano do Vietnã (o filme passa em 1980) que um belo dia caçando dá de cara com um bando de mexicanos mortos, uma maleta com muitos dólares e ninguém a vista para dar conta do evento.
Ele leva a grana para casa, mas numa crise de consciência resolve voltar ao local para dar água ao mexicano que não tinha morrido. Foi aí que ele se danou. Ele acha que vai conseguir fugir e ficar com a grana, e até se sai bem em algumas, mas seu rival está um passo a frente.
Na perseguição do dinheiro e matando qualquer um que esteja no meio está Anton Chigurh (se pronuncia sugar – shugah), um assassino metódico, eficiente e amoral. Sem pena mesmo. E Javier Bardem está genial nesse papel, com cabelo chanel e tudo.
No contraponto da história está Ed Tom, o xerife prestes a se aposentar e cansado da violência. Ele vê o que está acontecendo, mas não consegue entender para onde tudo isso vai.
Não é um filme fácil, mas é interessante.
Eu gosto dos filmes dos irmãos Coen, eles sempre mostram o lado esquisito das coisas. Esse só é um pouco chato (tirando todas as cenas do Javier Bardem, óbvio). Sinceramente não entendi o babado todo envolvendo esse filme, é bom, mas não é especial (ou eu que não entendi nada).
A Tia Helo ia detestar esse filme, se bem que ela poderia apreciar o corte de cabelo do Javier, sempre no lugar mesmo depois de muitos tiros. 489 “Ai, Jesus!” para os irmãos Coen.
Karine:
ResponderExcluirMuito bons teus comentários sobre os 3 filmes. Os indomáveis ainda não vi, mas estou curiosa.
Amanhã verei Juno e então poderei tirar minhas conclusões finais. Mas sinceramente, em relação ao Oscar, tanto Sangue negro, quanto Conduta de risco e onde os fracos não têm vez são filmes apenas bons. Eu não entendo o porquê de tanto estardalhaço, exceto pelas excelentes atuações.
Desejo e reparação é um filme mais completo, mas pouco provável que leve. Enfim, qundo Crash ganhou, era o meu preferido, quem sabe eu acerte mais uma vez!