Demorou para o Pearl Jam aparecer aqui no analisando a música, mas depois de ver o show deles (pela tv) no Lollapalooza não resisti.
Os anos 1980 foram recheados do rock farofa, aquele com bandas que mantinham um visual anos 1970 reloaded e um som quase metal, mas com músicas boas e pegajosas. Bandas como: Van Halen, Poison, Bon Jovi, Skid Row e, vai, Guns n' Roses. Muitos cabelos altos em camadas com luzes e laquê, calças apertadas, olhos maquiados e animal print.
No fim da década, em 1989, uma revolução musical começou acontecer em Seattle, as bandas de garagem começaram a ganhar espaço. Assim nascia o grunge. Roqueiros com visual simples (sujinhos, alguns diriam), ainda cabeludos (só no shampoo e olhe lá), com suas camisas de flanela xadrez e botinas, sem grandes parafernalhas no palco, rock cru, pesado e melódico, para balançar a cabeça com vontade. As letras um pouco deprimentes, mas faz parte do grunge. Bandas como: Mad Season, Mudhoney, Soundgarden, Alice in Chains, Mother Love Bone, Stone Temple Pilots, Temple of The Dog, Nirvana e Pearl Jam.
Todo um gênero novo de música borbulhando na bonita Seattle. O rock estava mudando, mas só foi percebido depois que lançaram, em 1991, o Nevermind do Nirvana e o Ten do Pearl Jam. Abracei o grunge com vontade.
O Pearl Jam foi formado em 1990 quando o Stone Grossard, guitarrista, junto com Jeff Ament (baixo) e Mike McCready (guitarra) gravaram uma demo com 5 músicas e pediram para o amigo Jack Irons (na época do RHCP, aliás tive algumas fases fortes com o RHCP, eu coração Anthony Kiedis, mas isso é outro post) passar a frente que eles precisavam de um vocalista. Eddie Vedder, que morava em San Diego, recebeu a fita compôs a letra e gravou na música da demo que viria a ser Alive. Assim nasceu o Ten, primeiro album da banda, que além de Alive tem a polêmica Jeremy, a ótima Even Flow e a corta-os-punhos Black. De lá para cá a banda tem mais 8 albuns: Vs (Daughter, Animal), Vitology (Spin the Black Circle, Better Man, Nothingman) , No Code (Hail Hail, Who You Are), Yield, Binaural (Light Years e a linda Thin Air), Riot Act (I Am Mine, Thumbing My Way), Pearl Jam (Life Wasted, World Wide Suicide, Army Reserve), o último Backspacer, e inúmeros albuns e DVDs de shows que fazem pelo mundo. A banda está na trilha sonora de vários filmes, compuseram a bonita Man of The Hour para Big Fish (Tim Burton) e State of Love And Trust para Singles do Cameron Crowe. O ótimo documentário Pearl Jam Twenty dirigido pelo Cameron Crowe lançado em 2011 conta os 20 anos de história da banda.
O Pearl Jam é uma banda engajada, comprou uma briga com a Ticketmaster, abraçam as causas do meio ambiente, casamento gay, e outras. Em 2000, na Dinamarca, 9 pessoas morreram esmagadas na frente do palco durante um show deles e desde então não tem uma vez que o Eddie Vedder não pergunte ao público se estão seguros.
O show deles no Rio em 2005 (com abertura do Mudhoney) foi um dos, se não o melhor que já fui. Ninguém sai de um show do Pearl Jam impune, é uma catarse coletiva. Todos cantam todas as músicas e eles não precisam de um palco sofisticado para fazer um público enorme se sentir numa garagem com os amigos. A set list nunca é a mesma, eles fazem alguns covers ótimos (Ramones, The Who), e os quarentões tem energia de sobra.
Eddie Vedder foi uma escolha acertada para vocalista da banda. Ele tem uma voz incrível (é mel para os meus ouvidos), é bonito (apesar de relutante com essa característica) e é carismático, um frontman como poucos. E o Eddie Vedder é surfista (e amigo do Kelly Slater). Ele tem uma carreira solo de sucesso, compôs a belíssima trilha sonora de Into The Wild, mas a banda continua firme e forte. Confesso que em muitas músicas não entendo nada da letra quando ele canta (Yellow Ledbetter é uma), mas a-do-ro.
Há quem ache o Pearl Jam a banda mais pasteurizada do grunge, talvez porque chegou ao mainstream e permaneceu, talvez porque tem o som menos pesado ou talvez porque seus integrantes tomavam banho com mais frequencia. Eu gosto de todas as bandas do grunge, muito amor pelo Nirvana (que obviamente terá um post), mas a voz do Eddie Vedder me pega de jeito. Sou fã.
Difícil foi escolher a primeira música para analisar (certamente outras virão). Já mencionei Black (músicas de fossa) e Thin Air (love songs) aqui no blog, então recorri ao querido iPod. Ia fazer um uni-duni-tê, mas fui na que tocou mais vezes.
In Hiding é do album Yield, de 1998, que também tem Wishlist, Given To Fly, MFC, e Do The Evolution (baby). Gosto muito dessa música, tem tudo: a voz maravilhosa do Eddie Vedder em vários tons (do mais grave ao aberto), um riff preciso e baixo marcante, bateria suficiente para mexer os braços.
Dizem que In Hiding é sobre o, escritor e poeta, Charles Bukowski, que passava dias trancado sozinho numa espécie de autoanálise junto com um jejum de outras pessoas. Claro que o pessoal da teoria da conspiração acha que é sobre drogas.
Vamos analisar.
I shut and locked the front door
No way in or out
I turned and walked the hallway
Pulled the curtains down
I knelt and emptied the mouth of every club around
But nothing's sound
Nothing's sound
Nunca li Bukowski então não posso opinar se a música é sobre ele, ou alguma referência a um trabalho dele, mas pelo começo da música acho que caminhamos para um momento introspectivo. As letras que o Eddie Vedder faz para as melodia do Stone Grossard sempre tem algum tom pessoal, não duvido que ele ou a banda estivessem passando por algum momento que precisassem desse recolhimento reflexivo.
Trancou a porta da frente, não tem entrada nem saída, baixou as cortinas, se ajoelhou e isolou os sons dos lugares (bares) vizinhos. O som do nada. Silêncio total.
I'd stay by my last tab left me
Ignored all my rounds
Soon I was seeing visions and cracks along the walls
They were upside down
Aí ele começa perder o controle, ignorar o que está ao redor, ter alucinações, ver rachaduras nas paredes (que pode ser na mente dele), que estavam de cabeça para baixo. É amigos, dias sem interagir com ninguém pode fazer isso com você. E a falta de remedinhos também. (timbre baixo da voz do Eddie Vedder quando ele quase geme 'They were upside down' é uma loucura. Ui ui ui. Suei.)
I swallow my words to keep from lying
I swallow my face just to keep from biting
I swallowed my breath and went deep, I was diving, diving.
I surfaced and all of my pen wasn't writing
Now I'm in...
Essa primeira frase é linda: Engulo as palavras para não mentir. Já a segunda...."I swallow my face justo to keep from biting" é estranha, engolir o rosto para não morder, sempre acho que ele canta "I swallow my fist just to keep from fighting" (engolir o punho cerrado para não brigar), que faz mias sentido, mas a letra no site oficial diz que é o rosto mesmo que ele engole. Ok, então, o perigo dele se morder é maior. Aí ele segura a respiração e mergulha. Fundo. E quando veio a superfície a caneta não escrevia, a inspiração não veio. E agora...
I'm in hiding. I'm in hiding.
Está escondido e se escondendo. Refugiado dentro de si. Oculto. (É curioso que justamente nessa parte da música ele quase que grita, ou quer chamar atenção para o fato que está escondido, ou não quer muito se esconder)
It's been about three days now
Since I've been aground
No longer overwhelmed and it seems so simple now
It's funny when things change so much
It's all state of mind
Depois de três dias encalhado, submerso nos pensamentos, ele já não está se sentido esmagado, dominado pelos sentimentos que o angustiavam. Com as idéias claras tudo parece simples. Oh, really? Como é curioso que as coisas podem mudar tanto, é tudo um estado de espírito. Filosofou.
I swallowed my words to keep from lying
I swallowed my face just to keep from biting
I swallowed my breath and went deep, I was diving, diving.
I surfaced and all of my being was enlightened
Os anos 1980 foram recheados do rock farofa, aquele com bandas que mantinham um visual anos 1970 reloaded e um som quase metal, mas com músicas boas e pegajosas. Bandas como: Van Halen, Poison, Bon Jovi, Skid Row e, vai, Guns n' Roses. Muitos cabelos altos em camadas com luzes e laquê, calças apertadas, olhos maquiados e animal print.
No fim da década, em 1989, uma revolução musical começou acontecer em Seattle, as bandas de garagem começaram a ganhar espaço. Assim nascia o grunge. Roqueiros com visual simples (sujinhos, alguns diriam), ainda cabeludos (só no shampoo e olhe lá), com suas camisas de flanela xadrez e botinas, sem grandes parafernalhas no palco, rock cru, pesado e melódico, para balançar a cabeça com vontade. As letras um pouco deprimentes, mas faz parte do grunge. Bandas como: Mad Season, Mudhoney, Soundgarden, Alice in Chains, Mother Love Bone, Stone Temple Pilots, Temple of The Dog, Nirvana e Pearl Jam.
Todo um gênero novo de música borbulhando na bonita Seattle. O rock estava mudando, mas só foi percebido depois que lançaram, em 1991, o Nevermind do Nirvana e o Ten do Pearl Jam. Abracei o grunge com vontade.
O Pearl Jam foi formado em 1990 quando o Stone Grossard, guitarrista, junto com Jeff Ament (baixo) e Mike McCready (guitarra) gravaram uma demo com 5 músicas e pediram para o amigo Jack Irons (na época do RHCP, aliás tive algumas fases fortes com o RHCP, eu coração Anthony Kiedis, mas isso é outro post) passar a frente que eles precisavam de um vocalista. Eddie Vedder, que morava em San Diego, recebeu a fita compôs a letra e gravou na música da demo que viria a ser Alive. Assim nasceu o Ten, primeiro album da banda, que além de Alive tem a polêmica Jeremy, a ótima Even Flow e a corta-os-punhos Black. De lá para cá a banda tem mais 8 albuns: Vs (Daughter, Animal), Vitology (Spin the Black Circle, Better Man, Nothingman) , No Code (Hail Hail, Who You Are), Yield, Binaural (Light Years e a linda Thin Air), Riot Act (I Am Mine, Thumbing My Way), Pearl Jam (Life Wasted, World Wide Suicide, Army Reserve), o último Backspacer, e inúmeros albuns e DVDs de shows que fazem pelo mundo. A banda está na trilha sonora de vários filmes, compuseram a bonita Man of The Hour para Big Fish (Tim Burton) e State of Love And Trust para Singles do Cameron Crowe. O ótimo documentário Pearl Jam Twenty dirigido pelo Cameron Crowe lançado em 2011 conta os 20 anos de história da banda.
O Pearl Jam é uma banda engajada, comprou uma briga com a Ticketmaster, abraçam as causas do meio ambiente, casamento gay, e outras. Em 2000, na Dinamarca, 9 pessoas morreram esmagadas na frente do palco durante um show deles e desde então não tem uma vez que o Eddie Vedder não pergunte ao público se estão seguros.
O show deles no Rio em 2005 (com abertura do Mudhoney) foi um dos, se não o melhor que já fui. Ninguém sai de um show do Pearl Jam impune, é uma catarse coletiva. Todos cantam todas as músicas e eles não precisam de um palco sofisticado para fazer um público enorme se sentir numa garagem com os amigos. A set list nunca é a mesma, eles fazem alguns covers ótimos (Ramones, The Who), e os quarentões tem energia de sobra.
Eddie Vedder foi uma escolha acertada para vocalista da banda. Ele tem uma voz incrível (é mel para os meus ouvidos), é bonito (apesar de relutante com essa característica) e é carismático, um frontman como poucos. E o Eddie Vedder é surfista (e amigo do Kelly Slater). Ele tem uma carreira solo de sucesso, compôs a belíssima trilha sonora de Into The Wild, mas a banda continua firme e forte. Confesso que em muitas músicas não entendo nada da letra quando ele canta (Yellow Ledbetter é uma), mas a-do-ro.
Há quem ache o Pearl Jam a banda mais pasteurizada do grunge, talvez porque chegou ao mainstream e permaneceu, talvez porque tem o som menos pesado ou talvez porque seus integrantes tomavam banho com mais frequencia. Eu gosto de todas as bandas do grunge, muito amor pelo Nirvana (que obviamente terá um post), mas a voz do Eddie Vedder me pega de jeito. Sou fã.
Difícil foi escolher a primeira música para analisar (certamente outras virão). Já mencionei Black (músicas de fossa) e Thin Air (love songs) aqui no blog, então recorri ao querido iPod. Ia fazer um uni-duni-tê, mas fui na que tocou mais vezes.
In Hiding é do album Yield, de 1998, que também tem Wishlist, Given To Fly, MFC, e Do The Evolution (baby). Gosto muito dessa música, tem tudo: a voz maravilhosa do Eddie Vedder em vários tons (do mais grave ao aberto), um riff preciso e baixo marcante, bateria suficiente para mexer os braços.
Dizem que In Hiding é sobre o, escritor e poeta, Charles Bukowski, que passava dias trancado sozinho numa espécie de autoanálise junto com um jejum de outras pessoas. Claro que o pessoal da teoria da conspiração acha que é sobre drogas.
Vamos analisar.
I shut and locked the front door
No way in or out
I turned and walked the hallway
Pulled the curtains down
I knelt and emptied the mouth of every club around
But nothing's sound
Nothing's sound
Nunca li Bukowski então não posso opinar se a música é sobre ele, ou alguma referência a um trabalho dele, mas pelo começo da música acho que caminhamos para um momento introspectivo. As letras que o Eddie Vedder faz para as melodia do Stone Grossard sempre tem algum tom pessoal, não duvido que ele ou a banda estivessem passando por algum momento que precisassem desse recolhimento reflexivo.
Trancou a porta da frente, não tem entrada nem saída, baixou as cortinas, se ajoelhou e isolou os sons dos lugares (bares) vizinhos. O som do nada. Silêncio total.
I'd stay by my last tab left me
Ignored all my rounds
Soon I was seeing visions and cracks along the walls
They were upside down
Aí ele começa perder o controle, ignorar o que está ao redor, ter alucinações, ver rachaduras nas paredes (que pode ser na mente dele), que estavam de cabeça para baixo. É amigos, dias sem interagir com ninguém pode fazer isso com você. E a falta de remedinhos também. (timbre baixo da voz do Eddie Vedder quando ele quase geme 'They were upside down' é uma loucura. Ui ui ui. Suei.)
I swallow my words to keep from lying
I swallow my face just to keep from biting
I swallowed my breath and went deep, I was diving, diving.
I surfaced and all of my pen wasn't writing
Now I'm in...
Essa primeira frase é linda: Engulo as palavras para não mentir. Já a segunda...."I swallow my face justo to keep from biting" é estranha, engolir o rosto para não morder, sempre acho que ele canta "I swallow my fist just to keep from fighting" (engolir o punho cerrado para não brigar), que faz mias sentido, mas a letra no site oficial diz que é o rosto mesmo que ele engole. Ok, então, o perigo dele se morder é maior. Aí ele segura a respiração e mergulha. Fundo. E quando veio a superfície a caneta não escrevia, a inspiração não veio. E agora...
I'm in hiding. I'm in hiding.
Está escondido e se escondendo. Refugiado dentro de si. Oculto. (É curioso que justamente nessa parte da música ele quase que grita, ou quer chamar atenção para o fato que está escondido, ou não quer muito se esconder)
It's been about three days now
Since I've been aground
No longer overwhelmed and it seems so simple now
It's funny when things change so much
It's all state of mind
Depois de três dias encalhado, submerso nos pensamentos, ele já não está se sentido esmagado, dominado pelos sentimentos que o angustiavam. Com as idéias claras tudo parece simples. Oh, really? Como é curioso que as coisas podem mudar tanto, é tudo um estado de espírito. Filosofou.
I swallowed my words to keep from lying
I swallowed my face just to keep from biting
I swallowed my breath and went deep, I was diving, diving.
I surfaced and all of my being was enlightened
Now I'm in...
Agora tudo no passado. Engoliu as palavras para não mentir, conseguiu se conter nas mordidas, mergulhou mais uma vez e quando emergiu todo seu ser estava iluminado. Problemas solucionados. Nada que três dias num lugar silencioso sem outras pessoas não resolva. Ommmmmmm.
I'm in hiding. I'm in hiding.
Chega de esconde-esconde.
Sai desse esconderijo Eddie e vem cantar aqui no meu ouvido.
O Pearl Jam não faz muitos clipes, a maioria de coisas deles no youtube é gravação de show via celular, mas In Hiding está no o documentário Single Video Theory que é o making of do Yield. Eddie Vedder canta a letra um pouco diferente do que foi no album.
My PJ's favorite song
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