11.2.12

Book Report: Religião Para Ateus - Alain de Botton

O filósofo, e ateu, Alain de Botton resolveu escrever esse Religião para Ateus, não com a intenção de debater a existência ou não de um Deus, mas para mostrar a importância que certos aspectos das religiões são benéficos para uma vida em sociedade.

O livro é dividido em partes: comunidade, educação gentileza, pessimismo, arte, etc. Em cada assunto ele aplica algum aspecto religioso que faz com que a convivência dos seres humanos seja melhor. A idéia do livro é até boa, mas é cheio de obviedades com uma narrativa condescendente e chatinha.

Religiões, e seus rituais, são regras e leis que se utilizam da crença em um ser (ou seres) superior para organizar uma sociedade. Já pensou se Moises só tivesse chegado para o pessoal e dito: "olha gente, acho que ninguém deveria matar, nem roubar... O que vocês acham? Vamos fazer algumas leis e tal"? Será que teria funcionado? Então, para mim, em cada uma tem algo que se possa aproveitar, mesmo que não se creia em nada. É perfeitamente possível ser ateu e admirar a arquitetura de uma catedral, a estátua do David, os templos de Angkor Wat, o enorme Buda deitado, o Pantheon (que de masoleu romano virou igreja), e as ondas perfeitas de Uluwatu.

Umas das falhas do livro é falar mais do Cristianismo e do Judaísmo. O Budismo aparece em algumas páginas e nenhuma palavra sobre o Islamismo é dita. Isso dá uma visão muito ocidental de religião. Ficou superficial demais, faltou um pouco de pesquisa. #prontofalei

Na parte do pessimismo, ele fala que as pessoas acham que quando coisas ruins acontecem elas se sentem perseguidas, como se as adversidades só acontecessem com elas. O Muro da Lamentações, em Jerusalém,  é citado como um espaço onde as pessoas vão para manisfestar suas dores, implorar ajuda, expor suas aflições, e que, no fundo, são só várias pessoas sofrendo juntas, que a angústia não é exclusiva. Então para o Alain de Botton, já que ateus não tem um muro de lamentações onde mostrar ou comparar seu sofrimento, ele sugere (achando que teve a melhor idéia ever) que entre os cartazes e outdoors de propagandas nas ruas fossem colocadas versões eletrônicas das lamentações alheias. Assim ninguém ia se sentir só com seus problemas. Esse homem nunca ouviu falar do Post Secret?

A sensação que tive é que o Sr. de Botton quer ser um bom menino, uma Poliana atéia, algo como: "sou ateu, mas dou importância as religiões, não quero causar discórdia". (fazendo o sinal de paz e amor)

Acho o, sempre polêmico, Christopher Hitchens mais interessante. ("Cartas a um jovem contestador " é bom para começar)

5 comentários:

  1. Karine, adorei o Poliana Atéia.

    ResponderExcluir
  2. Karine, vc não sabe como seu post me tranquilizou. Eu estou justamente lendo esse livro e concordo com praticamente tudo q vc escreveu. E ficava pensando: "só eu que acho isso uma série de obviedade e generalizações rasas?" Ainda bem que vc acha o mesmo. Confesso que pulei toda a parte do meio e fui direto pros capítulos da arte e arquitetura, mas nem esses tão salvando...

    ResponderExcluir
  3. Anderson, fiz um esforço grande para não pular algumas partes. Justamente arte e arquitetura foram as duas que achei mais limitadas (em arte ele só fala da arte católica/cristã). E aquelas fotos do livro? Péssima seleção.
    Por esse livro não entendi todo o frisson com o Alain de Botton. Não fiquei com vontade de saber se os outros livros dele são melhores.

    ResponderExcluir
  4. Tia Helo e também Karine, Anderson, Kaká & Cia.
    Em que pese o reconhecimento de que Alain de Botton é detentor, por seus atributos de filósofo e escritor humanista, embora tenha apreciado o livro Religião Para Ateus, tive alguns desapontamentos. Um deles foi ter ressaltado apenas os aspectos positivos das religiões, omitindo todos os flagelos por elas perpetrado.
    Outra dificuldade de Botton é com seus títulos. Ao invés de Religião Para Ateus poderia ser por exempo "O Que os Ateus podem colher nas religiões, etc". O nome de seu Templo Ateu poderia ser Monumento ao Ateísmo, etc
    Assis Utsch

    ResponderExcluir
  5. Assis, vi um documentário do Alain de Botton sobre a ansiedade de status que achei muito bom, mas esse livro sobre religião é um erro.

    ResponderExcluir