27.12.13

Momento TOC Livros (7)

Esse ano comecei com gás total, mirando a meta de 20 livros. Lá por agosto diminui o ritmo, achei que não ia conseguir, mas no final do ano recuperei e terminei com 21 livros. \o/
Mesmo com a Amazon no Brasil eu não transferi a conta e continuei lendo mais em inglês. Os livros em português gosto de comprar quando vou passear na livraria. Para o ano que vem vou tentar ler meio a meio.

Aqui está a lista desse ano.

- Gone Girl: A Novel - Gillian Flynn. Aqui no Brasil saiu com o título de Garota Exemplar. É daqueles livros que as coisas nunca são o que parecem, tem plot twist e não dá para contar nada sem dar spoiler. Gostei muito.

- A Balada do Café Triste - Carson McCullers. São 7 contos e o principal é o que dá titulo ao livro. A Carson McCullers é uma excelente escritora, seus textos são prazerosos mesmo que não façam muito sentido. Para quem nunca leu nada dela, recomendo O Coração é um Caçador Solitário.

- Building Stories - Chris Ware. É uma graphic novel que vem numa caixa enorme com diferentes tipos de livros, livretos, panfletos, etc onde quem monta a história é o leitor. Adorei.

- Damned - Chuck Palahniuk. Esse livro começa com "Are you there Satan? It's me Madison." numa óbvia referência ao ótimo livro juvenil Are You There God? It's Me Margaret da Judy Blume (aliás, editoras por favor publiquem a Judy Blume no Brasil). No caso de Damned, a Madison morreu e foi para o inferno. Ela era filha de bilionários (que colocaram ela numa escola interna na Suíça) e ela morre numa brincadeira sexual de asfixia com o irmão adotivo. Sim, isso é Chuck Palaniuk e não Judy Blume. No inferno tem um bocado de gente famosa e ela tem sua turma e eles exploram o mármore quente, lagos de esperma, montanhas de unhas, e outras coisas nojentas que só o Chuck consegue colocar no papel. No Halloween os mortos podem visitar os vivos e pegar balas e chocolates (moeda usada no inferno, claro). Achei divertido e parece que tem uma continuação.

- Freedom - Jonathan Franzen. Esse livro estava na lista do book club da Oprah e eu tinha anotado não lembro porque. É sobre uma família e as pessoas em volta. Tem a Patty (a mãe), Walter (o marido), dois filhos (Jessica e Joey), Richard (o amigo roqueiro), Connie (a namorada do filho) e mais algumas personagens. Cada capítulo desenvolve um personagem, alguns capítulos são o diário da Patty. Tem fofoca, intriga, traição, ou seja, tudo que uma boa novela deve ter. E muito bem escrito.

- Diários de Bicicleta - David Byrne. O vocalista do Talking heads é um entusiasta do transporte público e das bicicletas. Nesse livro ele conta suas experiências em cidades ao redor do mundo.

- O Museu da Inocência - Orhan Pamuk. Um livro indicado no grupo de leitura do FB. É sobre memória, amor, obsessão, história da Turquia e contei sobre ele nesse post.

- A Memória de Nossas Memórias - Nicole Krauss. Uma escrivaninha costura as histórias de pessoas que não se conhecem. Cada um conta sua história através das lembranças que tem e a escrivaninha está sempre presente (vai de NYC a Londres, passa por Israel e Alemanha na época nazista). Tem uma das melhores frases sobre amor/tesão: "Quando estava com Yoav, tudo que estava sentado em mim se punha de pé.". Gostei desse livro.

- Someday, Someday, Maybe - Lauren Graham. A Lauren Graham é uma atriz que mostrou ter talento para escrita. Para quem não está ligando o nome a pessoa, ela é a Lolerai Gilmore de Gilmore Girls. O livro é sobre uma atriz que mora em Nova York e se deu um prazo para começar a atuar de fato, ou seja, conseguir um papel que importe. Enquanto isso ela é garçonete (claro) e fica fazendo testes. É um livro divertido, escrito com humor e com alguns detalhes da indústria de teatro/cinema/tv. Acho que ela começou bem a carreira de escritora.

- The Leftovers - Tom Perrotta. Em português saiu como Os Deixados Para Tras. Um dia pessoas desaparecem. Sem motivo, no meio do jantar, dirigindo, fazendo compras, etc. Alguns religiosos dizem que é o fim dos tempos, mas todo tipo de gente desapareceu em todas as partes do mundo de todas as religiões. O livro se concentra numa cidade pequena onde 80 pessoas sumiram. Algumas familias perderam um membro, dois, nenhum, é aleatório e a razão para o sumiço não existe. O livro é sobre quem ficou para trás e como lidam com o fato. Tem os que vão para religiões e seitas, os que tentam seguir a vida, os que se rebelam, os que não querem deixar os outros esquecerem. Parece que vão fazer uma série desse livro. Aguardo.

- Infinite Jest - David Foster Wallace. Dizem que esse livro é a obra prima do David Foster Wallace, que é um autor cultuado (a Time disse que esse livro está entre os top 100 da lingua inglesa desde 1923). O livro é enorme, mais de mil páginas. A história é até interessante, tem partes boas, é uma paródia que abrange vários assuntos: familia, cinema, depressão, conspiração, drogas (e recuperação delas) até uma academia de tênis. Acontece que o DFW é tão prolixo que esse livro tem footnotes exageradas, longas, que explicam coisas que poderiam ser resumidas a uma frase no próprio texto. É muito, muito chato de ler e não vi nada de especial.

- Inferno - Dan Brown. Mais uma aventura do Robert Langdon, mas essa tem o meu amigo Maurizio. Contei nesse post.

- Os Enamoramentos - Javier Marías. Nunca tinha ouvido falar nesse autor, mas li a indicação num blog, gostei da capa e do título e comprei. É sobre uma mulher que todo dia faz people watching de um casal num café. Um dia o casal some e ela descobre lendo o jornal que o homem morreu assassinado a facadas por um mendigo. A mulher acaba amiga da viúva e conhece um escritor melhor amigo do morto. Ela e o BFF do morto começam a ter um caso, mas ela sabe que o cara está só esperando a viúva passar pelas fases da perda. Eles passam muito tempo do livro discutindo o Coronel Chabert do Balzac. Também tem uma filosofada sobre matadores de aluguel, suicídio, dissolução da responsabilidade do fato e os Três Mosqueteiros do Dumas.

- The Adventures of Kavalier and Clay - Michael Chabon. Acho que esse foi o melhor livro que li esse ano. Palmas para Michael Chabon e obrigado Amazon pela indicação. Falei dessa bonita história de amizade e liberdade nesse post.

- A Indenização - Duane Swierczynski. É um livro de espionagem e ação. Um chefe reune seus funcionários na empresa num sábado e pretende matar todos, mas alguns tinham outros planos. Divertido.

- Tubes: A Journey to the center of the Internet - Andrew Blum. Um dia o Andrew estava em casa e sua internet caiu. Ele descobriu que foi um esquilo que roeu o cabo e daí passou a pesquisar o que era a internet além dos cabos - a parte física da internet. Ele vai até a "nuvem" de fato que na verdade é um bando de aparelhos amontoados num prédio no Oregon (onde o clima ajuda a manter as máquinas na temperatura certa). Ele passeia pelo underground de Nova York para ver onde os cabos passam e como chegam aos prédios, atravessa o Atlântico até Portugal para ver um cabo chegando. E de quebra conta como a internet surgiu na California no fim dos anos 1960.

- Longbourn - Jo Baker. Fan fiction que usa os eventos de Orgulho e Preconceito para contar a história dos empregados da casa. Tem post book report.

- A Visit From The Goon Squad - Jennifer Egan. Em português o título é A Cruel Visita do Tempo, e achei justo. É um livro sobre o tempo, a passagem dele e como as pessoas mudam (ou não). Cada capítulo é sobre um personagem que está interligado de alguma forma com os outros. As vezes personagens secundários em um capítulo viram centrais em outro. E os capítulos vão e vem no tempo desde a década de 1970 até 2020. É tão bem escrito que em poucas palavras já conhecemos as pessoas.

- Chocolates for Breakfast - Pamela Moore. Claro que comprei esse livro pelo título. Depois descobri que é sobre sexo, alcool, drogas, depressão e ninguém come chocolate (se comessem talvez não seriam tão deprimidos). Courtney é uma garota de 15/16 anos, filha de uma atriz e um escritor, separados, que estuda numa escola interna. Ela fica deprimida e a mãe a leva para morar em Los Angeles. Lá ela começa a se relacionar com um ator gay, eles terminam, ela fica deprimida outra vez e se mudam para Nova York. Em NYC ela se reencontra com uma amiga que foi expulsa da escola interna, vive num ciclo de festinhas regadas a muito alcool com rapazes que abandonaram a faculdade, mas Courtney as vezes quer sair dessa. O mais impressionante desse livro é que ele foi escrito em 1956!! E....wait for it... a autora só tinha 18 anos! Mais incrível é que pouca coisa mudou de lá para cá (a não ser que hoje os jovens tem mais informação e os remedinhos para depressão são mais eficientes). Achei os diálogos um pouco afetados, mas vai ver as pessoas falavam assim mesmo na época.

- Se eu fechar os olhos agora - Edney Silvestre. Comprei num passeio na livraria sem saber do que se tratava. É sobre um crime que acontece numa cidade pequena no interior do Rio de Janeiro. Em 1961, dois garotos de 12 anos vão tomar banho num lago e descobrem o corpo de uma jovem que foi assassinada e mutilada. Os dois são interrogados na polícia, liberados e logo depois ficam sabendo que o marido (muito mais velho) confessou o crime. Os dois meninos não acreditam e começam suas investigações acompanhados de um senhor idoso que não tinha nada melhor para fazer no asilo. Tem algumas reviravoltas, jogo de poder, famílias desajustadas, mas é sobre a amizade dos meninos. Na verdade, se não fosse por algumas passagens mais pesadas, poderia ser um ótimo livro de mistério juvenil.

- Popismo: Os anos sessenta segundo Warhol - Andy Warhol e Pat Hackett. Ler esse livro é como ler o diário de uma tia fofoqueira que foi testemunha das mudanças dos anos 1960. É uma leitura muito boa, flui bem e cheia de detalhes do mundo artístico da época em Nova York. Somos levados a galerias de arte, festas glamourosas, filmagens, bares, restaurantes, danceterias e lugares onde muitas drogas eram consumidas. Mas o que o Andy gosta mesmo de contar é da vida das pessoas que frequentavam a Factory (espaço que ele usava como estúdio e reunia azamigues, ou como um amigo dele disse: lugar onde jovens novos e jovens velhos se reuniam sem nenhuma razão específica). Tem um pouco de tudo: bailarinos, poetas, músicos (O Velvet Underground praticamente surgiu na Factory), socialites, atores wannabes, alguns traficantes, drogados, etc. Andy conta tudo mais como um espectador (ele diz que a fofoca era uma obsessão sua). O livro é uma eterna citação de nomes, alguns muito conhecidos (Mick Jagger, Lou Reed, Jim Morrison, Jimmi Hendrix, Bob Dylan), outros nem tanto mas que na época causavam (como a Edie Sedgwick e Nico). Andy Warhol conta também as várias inspirações para seus quadros e filmes. É um livro muito bom para entender o que acontecia naquela época, como o Pop surgiu e trouxe o desejo pela fama (mesmo que efemera). No capitulo de 1967 ele faz uma obeservação interessante e pertinente aos dias de hoje: "os empresários espertos já haviam entendido que os jovens não estavam mais crescendo, que permaneciam parte do mercado juvenil. E grande parte dos que entenderam isso foram os próprios jovens - agora que permaneciam jovens mais tempo." Tem uma parte ótima que ele fala que as pessoas estavam fotografando e gravando tudo (em 1968-69), imagina se Andy Warhol tivesse vivido para ver os hipsters do Brooklyn.


Os outros Momentos TOC Livros: (1), (2), (3), (4), (5), e (6)

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