18.7.12

On The Road (Na Estrada)

Quando uma amiga me emprestou On The Road para ler, fiquei empolgada, afinal era um livro quase autobiográfico que tinha traduzido uma geração com fama de ser interessante.

Li e não gostei. Entendo o contexto e porque esse livro foi tão influente na época do seu lançamento (e continua muitos anos depois), como traduziu uma geração e influenciou muitos artistas (do Bob Dylan aos Beastie Boys), mas para mim não fez efeito. Talvez eu teria achado esse livro mais atraente se tivesse lido com 18/20 anos, ou não. O movimento Beat que foi o início de algumas mudanças culturais, era baseado em experimentação, liberdade de expressão, exercício da espontaneidade e criatividade.

Jack Kerouac sabia usar as palavras, a narrativa contínua, meio improvisada, do livro é muito boa, tem algumas passagens proveitosas, mas seus personagens, mesmo baseados em pessoas existentes, não eram tão fascinantes. Tirando a forma poética da descrição, todos viviam num loop eterno de delinquência, drogas, jazz, sexo e alcool, sempre nos mesmo lugares, e isso me deixou um pouco entediada. A vida no exagero também cansa e a busca pelo não-sei-o-que não me sensibilizou. Quanto mais tempo o Sal demorava para sacar que o Dean era um mané mais eu me irritava (pelo menos ele chega a essa conclusão no fim).

Então, dito isso, fui ver o filme e achei melhor que o livro.

A história é a mesma, continuo não me importando muito com a vida desenfreada dos beatniks, mas a fotografia, a reconstituição de época e trilha sonora do filme são excelentes! O Garrett Hedlund, que faz o Dean Moriarty, me surpreendeu, porque, quando li o livro, para mim, o personagem era só um cara carismático e bonito, no filme ele é tudo isso e ainda é envolvente, sexy pacas e com uma voz grave. O ator conseguiu  passar toda aquela aura moralmente flexível do Dean, o tipo do cara que você quer ir a uma festa com ele, mas depois de algumas horas você já vê que ele é, na verdade, um delinquente perdido, um mané (que vivia entre a sinuca, a prisão e a biblioteca). O Sam Riley (que já foi Ian Curtis no ótimo Control) faz o Sal do filme e parece um menino deprimido, ingênuo, coisa que o Sal do livro não é (deprimido sim, ingênuo não), mas é possível se identificar com ele. A Kristen Stewart se livrou do Vampirinho e aparece cheia de vida nesse filme como a Marylou. Até a Amy Adams está nesse filme fazendo a esposa chapada do Bull Lee (Viggo Mortensen).

As passagens relevantes do livro estão quase todas na tela, na narração do Sal.
"The only people for me are the mad ones, the ones who are mad to live, mad to talk, mad to be saved, desirous of everything at the same time, the ones who never yawn or say a commonplace thing, but burn, burn, burn....."
Palmas para o Walter Salles por ter conseguido levar essa história as telas com um filme bom.

A Tia Helo provavelmente passaria longe do cinema, mas acho que ela daria uma espiada para ver o que o Dean apronta na estrada e diria 617 "Ai, Jesus!" para On The Road.

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