Bong Joon Ho voltou a direção depois do sucesso que foi o ótimo Parasita (2019) e fez essa ficção científica estrelada pelo Robert Pattinson, ou como ele é conhecido aqui no blog: Vampirinho.
Vou começar dizendo que essa parceria deu muito certo e espero que se repita. Bong Joon Ho tem que juntar Vampirinho, Song Kang Ho (de Parasita, Hospedeiro e Memórias de um Assassino) e a Tilda Swinton (de Okja e Trem do Amanhã) num próximo filme.
Acho curioso que quando Bong Joon Ho faz filmes na Coréia do Sul, com coreanos contando histórias coreanas (porém temas universais) ele coloca seus personagens em cidades normais, em tempos atuais (ou um passado próximo), é tudo muito contemporâneo. MAS quando ele vai trabalhar com os ocidentais ele deixa a imaginação correr solta, vai direto para uma distopia, e nos dá filmes como O Trem Do Amanhã, Okja e agora Mickey 17.
Mickey 17 é baseado num livro chamado Mickey 7, ou seja, Bong Joon Ho colocou mais 10 Mickeys na jogada.
Num futuro distópico o Mickey (Robert Pattinson Vampirinho) e seu amigo (pero no mucho) Timo (Steven Yeun, adoro) estão devendo muito dinheiro e a única saída é ir num programa de colonização de um outro planeta. Timo consegue ir de piloto (Timo tem muita sorte e é escroto) mas Mickey acaba assinando um papel sem ler e se candidata a ser um Expendable, um dispensável.
O que vem a ser um Expendable? É uma pessoa que vai ser cobaia nos piores experimentos possíveis e que sempre acabam em morte. Na nave espacial, e depois no planeta, o Mickey é usado para saber como o corpo reage a radiação, pressão, doenças, virus, etc, tudo pelo bem das outras pessoas que vão colonizar o planeta. E toda vez que ele morre uma outra versão dele é impressa na impressora 3D (que parece uma máquina de ressonância) e a consciência dele é atualiazada e feita o back up. Então ele lembra de tudo, sabe que morreu (e algumas vezes como morreu), mas cada Mickey é um pouco diferente. A única constante do Mickey é a namorada dele, a Nasha (Naomi Ackie) que é policial e girl power.
Nós não vemos todos ops Mickeys mas o Mickey 17 acabou de cair numa ravina no meio do gelo e foi abandonado pelo Timo para morrer. O planeta tem uma bichos que eles chama de creepers mas são uns fofos. Mickey 17 acha que os bichos vão comê-lo mas eles o salvam. Mickey 17 consegue voltar a nave para descobrir que já existe o Mickey 18. E duplos são proibidos, there can be only one (por vez).
Sabemos que imprimir pessoas foi proibido na terra mas não no espaço e por isso podem experimentar com o Mickey, mas não é terra de ninguém, tem algumas regras.
No comando da nave e das pessoas que vão colonizar o planeta tem o casal Marshall (Mark Ruffalo fazendo o personagem caricato da vez) e Ylfa (Toni Collete sempre ótima). Ele é um político que não conseguiu ser reeleito, ela manda nele e adora fazer molhos (para comer).
O filme é engraçado, tem o comentário social (que está em todos os filmes do Bong Joon Ho), fala sobre ética, ciência e colonização.
Robert Pattinson Vampirinho está ótimo, ele faz uma voz diferente e é muito sutil quando faz os Mickey 17 e o 18 mas você sabe exatamente quem é quem.
Bong Joon Ho entrega um mundo crível com criaturas fictícias as quais me apeguei, já queria trazer um creeper para casa.
Enquadramentos bonitos, deu vida a um ambiente quase que todo cinza e a música é excelente.
Bong Joon Ho, vê se o próximo filme não demora tanto.
Trazendo de volta a cotação da Tia Helo, ela diria 415 "Ai, Jesus!" para os 17 Mickeys.